
O assassino profissional Henry Brogan, interpretado por Will Smith, está sendo caçado. Em uma jornada global, ele parece ter encontrado um inimigo à altura, um agente implacável que parece saber como ele pensa e como ele age. Ao encarar o inimigo, Henry se depara com um clone seu, décadas mais jovem, cuja missão é matá-lo. "Projeto Gemini" já começa com uma premissa intrigante e fantástica, que se traduz em uma aventura de ficção científica que, por trás das câmeras, é também um dos filmes mais ambiciosos do cinema moderno. Afinal, como Will Smith poderia enfrentar uma versão mais jovem de si mesmo? O desafio foi para as mãos do inovador diretor Ang Lee, vencedor do Oscar por "As Aventuras de Pi", e o resultado é uma das experiências mais sensacionais e imersivas já vistas no cinema.
Quando li o roteiro sabia que teria de ir além dos meus limites", explica Lee, responsável por obras-primas modernas tão distintas e espetaculares como "O Tigre e o Dragão", "O Segredo de Brokeback Mountain" e "As Aventuras de Pi". "Porque tudo era terreno novo. Não só a tecnologia para colocar Will contracenando com uma versão mais jovem de si mesmo, mas também com minha decisão de filmar com câmeras de altíssima tecnologia." O diretor explica que "Projeto Gemini" foi gravado com uma velocidade de filmagem maior usando o que deu origem ao 3D+, novo formato de projeção de cinema em 60 quadros por segundo. Para se ter uma ideia, um filme normal roda a 24 quadros por segundo. Essa tecnologia inovadora é considerada a experiência mais imersiva que o público pode ter dentro do cinema. "Projeto Gemini" vai muito além, capturando as cenas a inacreditáveis 120 quadros por segundo. O resultado da experiência em 3D+ é uma imagem absurdamente cristalina e realista, em que os movimentos dos personagens e os detalhes do cenário ganham definição nunca vista antes. Isso leva o espectador para o centro da ação e permite além de uma jornada emocionante, um espetáculo visual exatamente como o diretor do filme pensou.
Não foi uma jornada fácil. O roteiro de "Projeto Gemini" já circulava por Hollywood há mais de duas décadas, e fascinava astros e diretores. Diversas vezes o produtor Jerry Bruckheimer acreditou ter encontrado os artistas certos para executar as palavras no papel, mas a tecnologia sempre foi uma barreira quase intransponível. Foram consideradas diversas soluções ao longo dos anos, como usar atores diferentes para interpretar o protagonista e sua versão mais jovem, e até reciclar filmes antigos de astros contemporâneos, adaptando o texto para que ele se adequasse ao material em mãos. Nada, porém, satisfez o produtor, até o roteiro chegar a Ang Lee. "Os filmes que Ang rodou ao longo de sua carreira traziam uma carga emocional fortíssima", explica Bruckheimer. "Ao mesmo tempo, ele sempre foi entusiasta de novas formas de fazer filmes, percursor em como avançar a tecnologia em nome da narrativa, como vimos antes em "Hulk" e, mais recentemente, em "As Aventuras de Pi"."
A história mantém a mesma estrutura, anabolizada pela criatividade de Ang Lee. Henry Brogan é um agente especial de uma agência governamental cuja especialidade é eliminar inimigos do estado. Treinado quando jovem por Clay Verris (Clive Owen), ele chega aos 50 anos questionando seus motivos e seu papel no mundo, quando decide se desligar do trabalho. Seus superiores não ficam contentes, e destacam um batalhão para eliminá-lo, mas quando os corpos empilham, logo descobrem que não é tão fácil matar o assassino mais letal do planeta. É quando Gemini entra em cena, colocando em campo seu operativo mais leal - que calha de ser um clone do próprio Brogan, doutrinado pelo líder do projeto (Clive Owen), e que agora aos 23 anos precisa provar sua lealdade. Quando os dois se encontram, o filme pega fogo ao abordar questões sobre a busca pela própria identidade - tudo embalado no melhor que o cinema de ação moderno pode oferecer.
Era preciso um astro do porte de Will Smith para viabilizar "Projeto Gemini". Ao interpretar duas facetas de um mesmo personagem, o ator precisou não só abraçar toda a experiência acumulada ao longo de sua carreira para dar vida a Henry Brogan aos 50, mas também esquecer de muito que aprendeu ao retratar sua versão aos 23 anos, chamada apropriadamente de Júnior. "Assistimos a muitos de meus filmes antigos", explica Smith. "Havia uma certa ingenuidade em algumas de minhas primeiras performances que se aproximava do que Ang queria." O diretor vai além em sua explicação. "Falando a verdade, Will não está muito bem em alguns de seus filmes mais antigos", diverte-se Lee. "Então muitas vezes eu tinha de repetir uma cena, pedindo para que ele interpretasse um pouco pior." Ter Will Smith também ajuda o público a se localizar na jornada de "Projeto Gemini": como acompanhamos a evolução do astro desde que ele estrelou seu primeiro filme como protagonista com "Os Bad Boys", de 1995, é possível enxergar em Júnior o ator como um iniciante em busca de provar a si mesmo, e não um artista mais velho tentando imitar quem ele era décadas antes.
A tecnologia de "Projeto Gemini" foi essencial para Will Smith encontrar essa dualidade. As ferramentas para fazer filmes evoluíram em progressão geométrica nos últimos anos, e uma ideia difícil de ser filmada hoje pode ser executada com os artistas certos. Mas o trabalho de transformar Smith fisicamente em quem ele era quase trinta anos atrás não foi fácil - afinal, Ang Lee optou por não usar uma tecnologia rejuvenescedora como a que é empregada em alguns filmes da Marvel, fazendo Robert Downey Jr., Michael Douglas ou Kurt Russell surgirem em cena como se tivesse rodado suas partes nos anos 80. "Ang não queria só esticar e suavizar minha pele para criar a ilusão que eu era mais jovem", continua Will. "O que eles fizeram, portanto, foi criar uma versão minha com 20 e poucos anos inteiramente digital." Em outras palavras, o Will Smith mais jovem que surge em cena em "Projeto Gemini" é um efeito digital hiper realista, construído com base no astro real.
"É um pouco como os leões digitais que a gente viu recentemente no cinema em "O Rei Leão"", continua o astro. "É minha performance, capturada com câmeras que são acopladas em meu rosto, recriada inteiramente em um avatar digital." Ang Lee ressalta a liberdade que o processo lhe deu - mas também enfatiza a dificuldade em combinar todos os elementos em cena, dando ao público a ilusão perfeita. "Quando Brogan luta com sua versão mais jovem, usamos um dublê, mas seu rosto é substituido pelo de Will", explica o diretor. "Já em cenas de maior carga dramática, como o momento em que ele confronta o personagem de Clive Owen, era Will em cena, seu rosto e sua expressão corporal, substituidos depois por sua cópia digital mais jovem." O resultado impressiona pela riqueza de detalhes, em especial pela filmagem em 120 FPS, que não dá margem para efeitos que não sejam no mínimo perfeitos. "Sem falar que agora eles tem um Will Smith digital prontinho no banco de dados", finaliza o astro, com um sorriso. "Quando eu estiver a fim de ficar em casa com as pernas pro ar, posso mandar minha cópia trabalhar em meu lugar."
Para Jerry Bruckheimer, testemunhar o resultado da inovação tecnológica trazida por "Projeto Gemini" teve sabor de nostalgia. O produtor, afinal, trabalhou com Will Smith no começo de sua carreira no cinema, quando escalou o astro para ser um dos protagonistas de "Os Bad Boys", em 1995. "Foi uma experiência nova ver as imagens criadas por Ang Lee e encarar Will como ele era quando o conheci", comenta. "E não é só a inovação tecnológica que faz do filme um 'must watch'. A base de tudo é mesmo a performance de Will, que ajudou a construir sua versão digital mais jovem ao entregar uma performance que se aproxima de quem ele era décadas atrás." Bruckheimer também acompanhou a evolução do astro ao trabalhar com ele em outras grandes produções ao longo dos anos, e ressalta seu desenvolvimento artístico como parte fundamental da narrativa de "Projeto Gemini", mostrando um homem em diferentes estágios de sua maturidade.
"Projeto Gemini", por fim, surge de forma diferente no cenário cinematográfico atual: é uma história original, que não deriva de nenhum trabalho em outras mídias. "Foi um projeto difícil de tirar do papel", aponta Bruckheimer. "É compreensível que os estúdios busquem diminuir os riscos já que os custos estão cada vez maiores para a produção de filmes". A aposta no novo filme vem da necessidade em entregar ao público uma experiência inovadora e completa. Não só uma história inédita, mas também sua execução com a tecnologia mais avançada já alcançada pelo cinema - pacote irresistível para criar um filme capaz de mobilizar o público do novo século. "Tudo faz parte do pacote, do ineditismo e ousadia da história ao talento inovador e visionário de Ang Lee", conclui. "Por fim, entramos no projeto empolgado e ansiosos. Afinal, Will Smith estava do nosso lado."
O filme estreia dia 10 de outubro nos cinemas. Garanta já o seu ingresso clicando aqui.