
Os eleitores de 56 cidades ainda não sabem qual será o prefeito do seu município. A disputa nelas foi para o segundo turno. O país tem 92 municípios onde isso é possível, já que a lei determina a possibilidade de segundo turno nas cidades com mais de 200 mil eleitores.
O segundo turno é disputado quando ninguém atinge mais da metade dos votos válidos (excluídos os votos em branco e nulos). Neste ano, isso aconteceu em 56 das 92 cidades. Isso representa um aumento em relação à eleição de 2012, quando 50 cidades tiveram segundo turno.
São Paulo é o Estado com maior número de municípios com 2º turno: 14. Em seguida, vem o Rio de Janeiro, com sete. Ainda no Sudeste, onde havia a possibilidade de nova consulta nas urnas em 50 cidades, o Espírito Santo contabiliza quatro, e Minais Gerais, três.
No Nordeste, de 16 cidades possíveis, serão 10 com nova votação, sendo quatro em Pernambuco, duas no Ceará, e uma na Bahia, Maranhão, Alagoas e Sergipe. Na região Norte, oito municípios poderiam ter segundo turno, mas isso só ocorrerá em quatro delas.
No Centro-Oeste, são apenas quatro de cinco cidades - duas em Goiânia, e uma no Mato Grosso e outra no Mato Grosso do Sul. Por fim, o Sul do Brasil contabiliza dez municípios com 2º turno, de 13 possíveis: são quatro no Rio Grande do Sul e três no Paraná e Santa Catarina.
Entre as capitais, haverá novo pleito nas seguintes cidades: Rio de Janeiro ,Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Manaus, Recife, Porto Alegre, Belém, Goiânia, São Luís, Campo Grande, Maceió, Cuiabá, Aracaju, Porto Velho, Florianópolis, Macapá e Vitória.
Partido que conquistou o maior número de prefeituras no primeiro turno das eleições municipais, o PMDB lidera o ranking das prefeituras em três das cinco regiões do país. Em 2012, porém, o partido do presidente Michel Temer liderava em quatro das cinco regiões. A mudança no quadro regional foi causada pelo avanço do PSDB, que se consolidou na liderança das regiões Sudeste (onde já liderava em 2012) e no Centro-Oeste.
Em 2016, o PMDB conquistou 1.028 prefeituras municipais no primeiro turno. Em 2012, foram 1.021. Apesar de o PMDB ter conquistado mais prefeituras que nas eleições passadas, naquele ano, o partido liderava o ranking em quatro regiões: Norte (91), Nordeste (286), Sul (296) e Centro-Oeste (108). Em 2016, o partido lidera apenas em três: Norte (111), Nordeste (259) e Sul (304). Nas regiões Sudeste e Sul, o líder é o PSDB, com 316 e 296 prefeituras conquistadas, respectivamente.
O avanço mais significativo do PSDB se deu justamente na região Centro-Oeste, onde o partido mais que dobrou a quantidade de prefeituras conquistadas no primeiro turno. Saiu de 68 em 2012 para 152 em 2016.
A virada coincide com o momento vivido pelos governos dos Estados da região. Os três Estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) são governados por tucanos: Pedro Taques (MT), Reinaldo Azambuja (MS) e Marconi Perillo (GO).
Essa liderança no Centro-Oeste pode ficar ainda maior se o partido conseguir vencer as disputas de segundo turno nas capitais Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT), onde candidatos tucanos estão na disputa.
A participação da população no primeiro turno das eleições municipais neste ano foi menor que em 2012. Em 2016, a somatória dos votos considerados inválidos para o cargo de prefeito chegou a 28,87% do total. Em 2012, esse número chegou a 25,47%. Neste ano, dos 144 milhões de eleitores aptos a votar, 41,6 milhões ou se abstiveram (faltaram), ou anularam seus votos ou votaram em branco.
O aumento na taxa de votos inválidos registrado em 2016 dá sequência a uma trajetória de alta que começou em 2000. Naquele ano, o percentual de votos inválidos foi de 20,6%. Em 2008, esse índice saltou para 22,66%.
Para entender os elementos que compõem o quesito ?votos inválidos? é preciso conhecer como eles funcionam. Abstenção é registrada pela quantidade de eleitores que não compareceram à votação. O voto em branco é uma opção disponibilizada pela urna eletrônica.
Em geral, os votos em branco são vistos como uma manifestação dos eleitores que não querem participar do processo eleitoral e se mostram indiferentes ao resultado. Os votos anulados são aqueles resultados da digitação de um número existente na urna.
O aumento no percentual de votos inválidos nas eleições municipais deste ano gerou situações curiosas. Em São Paulo, por exemplo, o prefeito eleito João Doria Júnior (PSDB) recebeu menos votos que a somatória de todos os votos inválidos registrados na capital paulista. Doria recebeu 3.085.187 votos. Já os inválidos somaram 3.096.304.
Em Curitiba, a situação foi semelhante. Os dois candidatos que foram para o segundo turno das eleições - Rafael Greca (PMN) e Ney Leprevost (PSD) ? perderam para a quantidade de votos inválidos. Greca recebeu 356 mil votos, enquanto Leprevost recebeu 219 mil. A somatória dos votos inválidos na capital paranaense, porém, foi de 360 mil.
Quatro dos cinco partidos que participaram pela primeira vez de uma disputa municipal elegeram 121 prefeitos no primeiro turno --cerca de 2% do total.
Entre os novatos, o Solidariedade foi a legenda com maior número de prefeitos eleitos sem necessidade de segundo turno, com 61 candidatos confirmados nas urnas ? 1,1% do total. O Pros vem na sequência, com 52 prefeituras conquistadas, representando 0,9% do total de cidades.
Ambos os partidos foram criados em 2013 e participaram das eleições de 2014.
Oficializada em 2015, a Rede Sustentabilidade elegeu apenas cinco prefeitos em sua primeira eleição, na qual contou com 154 candidatos, de acordo com seu site. Enquanto isso, o PMB elegeu somente três. Juntos correspondem a apenas 0,1% das prefeituras.
Com apenas uma candidata a prefeita --Carmen Migueles, no Rio de Janeiro--, o Partido Novo, também criado em 2015, não levou nenhuma prefeitura.
Este foi o começo mais fraco de novos partidos nas últimas três eleições. Nas eleições de 2012, o PSD, criado apenas um ano antes, conseguiu conquistar 9% das prefeituras disputadas. Em 2008, o então recém-criado PR arrematou 7% das prefeituras em jogo.
A Rede participará de três disputas de segundo turno; o Solidariedade, de duas votações; e o PMB, de apenas uma.
Dentre as 93 grandes cidades do país nestas eleições -- as capitais e os municípios com mais de 200 mil eleitores (concentram pouco menos de 40% da população do país) --, o PSDB foi o principal vencedor. A sigla, que hoje conta com 18 prefeituras desse grupo, já elegeu 14 candidatos neste domingo, e terá nomes disputando o segundo turno em mais 19 cidades, tendo a possibilidade de chegar a 33 prefeitos no total.
O PSDB foi o partido mais forte nas eleições para vereadores no Estado de São Paulo em número total de eleitores, sendo o único a ultrapassar, por pouco, mais de 1 milhão de votos. Desse total, 58% foram votos nominais e 42% na legenda. O PT ficou em segundo lugar, com quase o dobro do terceiro colocado, mas 86,4% dos votos foram nominais.
Nestas eleições municipais, o PT perdeu forças inclusive nos estados em que os governadores são do partido. Proporcionalmente, o melhor desempenho dos petistas foi no Acre, onde conseguiram se eleger em 18,2%.
O PMDB, que tem o maior número de governos do Estado e prefeituras do país, teve mais de 20% das prefeituras em Alagoas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe. Com cinco governos estaduais, o PSDB teve seu melhor desempenho no Mato Grosso do Sul, com 45,6% das prefeituras.
A única capital para a qual o PT conseguiu eleger o prefeito em primeiro turno foi Rio Branco, no Acre. Marcus Alexandre foi reeleito para mais quatro anos de mandato, com 54,9% dos votos.
O partido dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff apenas disputa o segundo turno em mais uma capital. No Recife, João Paulo (PT) concorre com Geraldo Júlio (PSB).
No primeiro turno das eleições municipais, 30% dos 50 prefeitos de grandes cidades (capitais e municípios com mais de 200 mil eleitores) que se candidataram à reeleição tiveram sucesso.
A taxa é menor que a das últimas duas eleições anteriores. Em 2012, a quantidade de prefeitos reeleitos no primeiro turno dos grandes municípios foi de 36,8%, enquanto em 2008 foi de 67,39%.
Neste ano, o PSDB foi o partido que mais reelegeu candidatos no primeiro turno nas grandes cidades: foram sete, incluindo Teresina, capital do Piauí, em que Firmino Filho ganhou mais quatro anos de gestão. Depois aparecem PMDB, com três reeleitos, e DEM, com dois.
Nas capitais, sete dos 15 ex-prefeitos de capitais que tentavam voltar ao cargo foram "reprovados" pelas urnas. Os outros oito ex-mandatários foram ao segundo turno.
Segundo balanço do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 236 candidatos foram presos neste domingo (2). Foram 383 ocorrências com políticos que estavam na disputa, embora os nomes não tenham sido divulgados.
Os Estados com mais prisões foram Minas Gerais (59), Santa Catarina (23), Paraná (21), Goiás e Mato Grosso do Sul (18).
No caso de não candidatos, foram 3.431 ocorrências e 1.726 pessoas presas.
Minas Gerais também teve o maior número desses episódios, com 392 detidos, seguido por São Paulo, com 249, Rio de Janeiro, com 166, e Goiás, com 139.
A maior parte das detenções foi por boca de urna.
No município de Cariús, a 418 km de Fortaleza, o deputado estadual Nizo Costa (PMB) e o empresário José Fernandes Ferreira, conhecido como Iran (PSDB), conseguiram 5.811 votos cada um, ou 48,34% dos votos válidos.
Iran acabou eleito pelo critério de desempate, previsto nas regras eleitorais. Por ser cinco anos mais velho, o candidato tucano de 46 anos assumirá a prefeitura em janeiro de 2017. Por ter apenas 18 mil habitantes, não há possibilidade de segundo turno na cidade.