"O Brasil está na contramão dos países mais desenvolvidos. Em vez de discutirmos a promoção do respeito e de direitos, estamos, hoje, imersos em debates absurdos como o projeto 'Escola Sem Partido' e outras propostas que querem banir qualquer política de valorização da diversidade, educação sexual inclusiva e combate ao bullying LGBTIfóbico nas escolas, que os fundamentalistas chamam de 'ideologia de gênero'.
Mas é preciso entender que o preconceito começa na infância e na adolescência, constituindo uma das principais razões para a evasão escolar e, principalmente, para situações de violência em escolas e universidades, além de deixar marcas que acompanham as pessoas pelo resto da vida. Se continuarmos tratando esses temas como tabu, a violência contra os LGBTIs vai seguir crescendo e fazendo novas vítimas nas próximas gerações.
As escolas precisam preparar nossos jovens para a vida e, por isso, é fundamental debater e promover o respeito às diversidades de gênero, orientação sexual e raça. Trata-se de um projeto de formação permanente da cidadania. É fundamental defender uma escola plural, socialmente referenciada e voltada para o pensamento crítico. Não podemos deixar que o discurso de ódio siga pautando a sala de aula e o debate político.
Nosso programa de governo, construído em um amplo grupo de trabalho da comunidade LGBTI, propõe uma série de medidas para promover a segurança dessa população, descritas abaixo:
Promover a capacitação e o treinamento das polícias e demais forças de segurança (inclusive mudando os planos de estudo), para conscientizar seus integrantes a respeito da diversidade sexual e dos direitos das pessoas LGBTI.
Promover a inclusão da motivação de discriminação por identidade de gênero e orientação sexual nos registros dos boletins de ocorrência e demais protocolos de atendimentos na área da segurança pública e produzir estatísticas regionais e federais que ajudem a planejar melhores políticas públicas.
Desenvolver um plano nacional contra os crimes de ódio e a violência LGBTIfóbica, com a integração de políticas de educação e cultura, comunicação social, segurança, justiça e outras.
Promover o debate no Congresso Nacional dos projetos que visam a criminalização da LGBTIfobia, defendendo uma redação que reconheça a “motivação torpe” como agravante para os casos que envolvem violência física (assassinato, lesões corporais, estupro e outros crimes já tipificados no Código Penal) e estabeleça, para os casos de discriminação e injúria, medidas socioeducativas e de reparação de danos, sem privação da liberdade.
Criar uma portaria LGBTI que replique a Resolução Conjunta Nº 1 do CNPCP e CNCD/LGBT, para os direitos de pessoas LGBTI no sistema penitenciário e apoiar aprovação do PL-9576/2018, do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que cria espaços de vivência específica para pessoas trans nos presídios, como opção voluntária para aquelas que estão privadas da liberdade.
Promover a inclusão de mulheres trans na lei 13.104/2015 (Lei do Feminicídio).
Além disso, vamos criar uma rede de atenção e apoio às vítimas."