Para André Borges, professor do Departamento de Ciência Política da UnB, uma nova condenação de Lula, agora em segunda instância, deverá isolar politicamente o petista ainda mais em 2018.
"Não vou entrar no mérito do processo, mas se antes mesmo de uma eventual condenação, Lula já estava isolado dentro da esquerda, acho que se ele for condenado em segunda instância, esse isolamento tende a aumentar ainda mais", afirmou.
Borges acredita que esse isolamento tende a se consolidar mesmo que Lula consiga registrar sua candidatura à Presidência da República por conta da instabilidade da sua situação jurídica. "Que partido vai querer apoiar um candidato que terá que ficar, o tempo todo, explicando sua situação?", indagou.
O professor disse, no entanto, que não é possível dizer que uma nova condenação decretaria o fim da carreira política de Lula. "O Brasil tem um histórico de políticos que já tiveram problemas jurídicos e, mesmo assim, voltaram à arena política, então Lula não seria o primeiro. Mas, talvez, Lula não vá ter a mesma força política no futuro que ele tem hoje", disse.
O professor de Ciência Política da UFMG Fábio Wanderley Reis também acha temerário imaginar que uma nova condenação decrete a morte política de Lula.
"Essa seria uma análise muito precária. Mesmo que ele seja condenado, mesmo que esteja na prisão, Lula tem condições de influenciar não apenas nas eleições de 2018, mas no cenário político para além deste ano", afirmou.
Reis disse que se Lula vier a ser inocentado pelo TRF-4, isso daria ainda mais combustível para a sua candidatura em 2018. "Se ele for inocentado, isso vai jogar muita potência na candidatura dele. O efeito negativo disso seria um aumento da polarização política que na qual o país vive atualmente", explicou.