“Procura-se governador e senador para 2030.” Foi assim, com um anúncio na televisão chamando jovens para participar da política, que a bacharel em direito Débora Souza, 23, foi atraída para a atuação partidária. Até fevereiro de 2018, ela não se reconhecia nos partidos tradicionais. A atuação política se restringia ao movimento estudantil, como presidente nacional dos grêmios dos Institutos Federais.
O anúncio que atraiu Débora e outros 65 jovens do Rio Grande do Norte para a política é do Projeto Jovens Líderes, uma iniciativa do partido Solidariedade liderada pelo deputado estadual Kelps Lima. Em segundo mandato e com um discurso voltado para as novas gerações, o parlamentar ganhou destaque nas eleições municipais de 2016 por fazer toda sua campanha de TV à prefeitura de Natal usando o celular. Aos 46 anos, acabou ficando em 2º lugar, com quase 50 mil votos.
A trajetória de Lima motivou Débora a disputar uma vaga de deputada federal nas eleições deste ano. Filiada ao Solidariedade desde fevereiro, ela sonha alto. “Na política, hoje, eu não preciso ter dinheiro para me candidatar. Talvez se eu tiver boa vontade, um bom projeto, possa me tornar até uma senadora, uma presidente, uma governadora”, diz a jovem advogada. Por ora, Débora quer distância da polarização ideológica que se propaga nas redes sociais: ela quer o novo. "Um novo que não vai ser ligado à direita ou à esquerda, mas sim olhando para frente."
O Solidariedade, fundado pelo deputado federal Paulinho da Força (SP), teve o registro autorizado pelo TSE em setembro de 2013. Desde então, é o partido que mais vem atraindo jovens na faixa etária dos 16 aos 24 anos. Está em primeiro lugar no Nordeste e em segundo no Centro-Oeste e Sudeste. No país, ocupa a terceira posição na captação de jovens filiados. Fonte: TSE
Natural de um estado em situação de calamidade financeira, com salários de servidores em atraso e grave crise na segurança pública, a advogada defende que é papel da juventude mudar a situação política do Rio Grande do Norte. O que Débora prega é a construção de uma nova representatividade política, principalmente para as eleições municipais de 2020, com maior participação feminina.
“Políticos que de alguma forma participaram da corrupção vão ser retirados. Vão surgir novas pessoas, novas ideias, para construir uma nova democracia para o Brasil”, aposta.
O programa do Solidariedade para formar novos políticos atraiu jovens de mais de 40 cidades do Rio Grande do Norte. "Mostramos a eles que, com capacitação, conteúdo e uma boa comunicação, eles poderão ter uma carreira política saudável e sustentável”, diz Lima.
Na preparação, participam de palestras e acompanham o trabalho no Legislativo estadual, sob orientação dos parlamentares do partido. "A gente chama, diz ‘olha, o caminho é esse’, monitora as redes sociais deles, como eles estão fazendo, tenta ajudar."
Mas a condição é que o jovem selecionado queira ser candidato e disputar eleições. Esse será o primeiro pleito que alguns jovens do projeto irão participar no Rio Grande do Norte. Segundo o deputado, alguns com chances de vitórias, e outros com desempenhos relevantes. "É um teste para a gente ver como isso vai se comportar."