Há mais de mil partidos registrados na Índia, por exemplo. Muitos desses partidos são regionais e representam as inúmeras etnias, castas, tribos e religiões do país, que com seus 814 milhões de eleitores tem a maior eleição do mundo.
“No caso da Índia, os partidos que são competitivos em um estado não necessariamente são competitivos em outro. Se em um distrito eu tiver o partido A e B, e no outro eu tiver C e D, o que vai acontecer é que, quando eu somar esses sistemas distritais, vou ter um efeito de composição e, em vez de eu ter dois partidos [no Congresso], eu vou ter quatro: A, B, C e D”, explica Borges.
O número elevado de partidos proliferou ainda mais na década de 1990 na gigantesca república asiática, tal como no Brasil, para atender a interesses particulares. Um artigo de 2013 do jornal Indian Express explica como a busca por poder fez com que muitos afiliados deixassem uma legenda para criar outra, na qual teriam maior influência.
Na Argentina, são atualmente 39 partidos nacionais e 664 provinciais --que também podem concorrer ao Legislativo. Algumas legendas distritais integram partidos de ordem nacional, mas não todas. Em menor escala, Israel tem 46 partidos. O número já é superior ao brasileiro, embora seja um país de proporções bem menores.
É importante ressaltar, no entanto, que o fato de haver tantos partidos em um país não significa que todos eles tenham representatividade no Congresso. Nem mesmo que o partido em questão tenha alguma relevância política. O exemplo dos Estados Unidos é o mais evidente. Embora existam dezenas de legendas no país (já ouviu falar no Partido da Maconha?), apenas duas são de fato conhecidas e se revezam no poder: o Partido Democrata e o Republicano.
Isso acontece, entre outros fatores, porque o tipo de sistema eleitoral adotado no país, majoritário, dificulta que pequenos partidos cheguem ao poder, enquanto sistemas proporcionais, como o brasileiro, o argentino e o israelense, favorecem essa situação.
Grosso modo, no sistema majoritário norte-americano, os candidatos mais votados levam a totalidade dos votos de um distrito, o que faz com que aqueles mais conhecidos, e com uma enorme estrutura partidária por trás, saiam sempre na frente. Já no sistema proporcional, as cadeiras são distribuídas entre os partidos que receberam uma determinada quantidade de votos. Os mais votados levam mais cadeiras, mas os menos votados também levam sua porção.
“Nos Estados Unidos já existe uma consolidação, você tem dois partidos que controlam a política americana há muito tempo, é difícil de entrar um terceiro. A tentativa de criar uma terceira força não dá certo. Vez ou outra você tem um candidato independente, mas não é bem-sucedido”, afirma Borges.