Em geral, os militares associam Bolsonaro a valores que consideram importantes, como: patriotismo, hierarquia, honestidade, família e religião. "Embora muitas pessoas possam discordar da maneira como ele se expressa, acho que o que ele pensa está muito de acordo com a formação militar que ele teve e que nós tivemos também", diz o vice-presidente do Clube Militar, general da reserva Clóvis Purper Bandeira, ressaltando que essa é sua opinião pessoal pois o clube não opina institucionalmente sobre candidatos.
Imagem: Agência CâmaraO fato de Bolsonaro não estar envolvido em nenhuma investigação de corrupção é um dos fatores que mais agrada os militares. Além disso, na opinião de alguns dos entrevistados, ele é um dos pré-candidatos que mais tem defendido a bandeira do combate à corrupção.
Imagem: Ricardo Borges/FolhapressApesar de nesta fase da corrida eleitoral as propostas de campanha não estarem totalmente definidas, Bolsonaro tem defendido mudanças na segurança pública que agradam muitos militares. Entre elas, a defesa jurídica de agentes que matem ou deixem suspeitos de crimes feridos durante ações policiais oficiais e o fim de benefícios para detentos como a saída temporária durante feriados.
Imagem: Lula Marques/FolhapressAlguns dos militares entrevistados disseram achar exagerada a proposta do pré-candidato de entregar fuzis para produtores rurais "se defenderem" de integrantes de movimentos sem-terra. "O que algumas pessoas podem considerar radicalismo (de Bolsonaro) em geral não incomoda os militares, mas acho que ele poderia rever, por exemplo, essa ideia de dar fuzis para os fazendeiros se defenderem contra invasores de terra", diz um general sob anonimato. Para ele, isso poderia facilitar a violação de direitos fundamentais e agravar o conflito agrário no país.
Imagem: Márcia Ribeiro/ FolhapressOutros afirmam que Bolsonaro é mais político do que militar, por ter passado relativamente pouco tempo trabalhando no Exército. Bolsonaro deixou o Exército quando era capitão, uma patente média, e não passou pelo processo de formação de oficiais mais graduados. Segundo o almirante Rui da Fonseca Elia, presidente do Clube Naval, instituição civil ligada à Marinha, quem representa a classe são os chefes militares. "Eu não acho que um candidato político vá representar a classe. Pode ser um candidato que defenda os interesses da classe porque ele é militar, conhece os problemas e vai defender. Agora, falar pela classe? Nunca", afirma Elia, que diz ainda não ter escolhido seu candidato.
Imagem: Dida Sampaio/Estadão ConteúdoOutra preocupação mencionada é que a eventual eleição do deputado federal reforce a divisão política da sociedade brasileira entre direita e esquerda. A radicalização ideológica do país é vista como um problema em potencial pelos militares, independentemente de sua preferência individual. "Há o perigo também se ele aprofundar a divisão da Nação num fosso difícil de se tapar posteriormente", aponta outro general sob anonimato
Imagem: André Lucas/UOLOs militares ouvidos pelo UOL se mostraram divididos sobre a possibilidade de um eventual governo de Bolsonaro prejudicar a imagem do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Alguns argumentam que isso poderia acontecer se o então presidente formar um gabinete de ex-militares e eles se mostrassem incapazes de resolver problemas crônicos do país. Para outros, isso não aconteceria, porque ex-militares possuem boa formação educacional e conhecem bem o país. Além disso, as figuras deles não seriam associadas à imagem das Forças Armadas. Segundo o almirante Elia, a chegada de ex-militares a qualquer cargo público dentro dos parâmetros constitucionais "seria boa para República".
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