Na área de economia, Bolsonaro é entusiasta das privatizações, como consta em seu plano de governo. Também tiveram destaque em sua campanha menções à criação de uma nova CPMF e a alterações na alíquota do Imposto de Renda.
Privatizações
"Estimamos reduzir em 20% o volume da dívida por meio de privatizações, concessões, venda de propriedades imobiliárias da União e devolução de recursos em instituições financeiras oficiais que hoje são utilizados sem um benefício claro à população brasileira. Algumas estatais serão extintas, outras privatizadas e, em sua minoria, pelo caráter estratégico serão preservadas", diz o plano de governo.
"Privatizar alguma coisa, não é tudo, vamos preservar aqui o setor elétrico, Furnas, Banco do Brasil e Caixa Econômica. A Petrobras, eu acho que tem que ser preservado o miolo dela. A questão de refinaria, refino, acho que você pode partir paulatinamente para privatizações", afirmou Bolsonaro em entrevista à TV Record em outubro de 2018.
"É importante deixar claro que as privatizações são importantes, porque elas reduzem um pouco do custo do Estado, mas elas também têm que ser pensadas de uma forma muito estratégica", afirma a economista Juliana Inhazs. "Esse dinheiro das privatizações precisa ser utilizado para colocar a economia no eixo. Não adianta o governo vender boa parte das empresas públicas, ter o dinheiro de privatização, aí gastar esse dinheiro com qualquer coisa."
CPMF
O economista Paulo Guedes, "guru econômico" de Bolsonaro e chamado por ele de "Posto Ipiranga", já foi apontado pelo capitão reformado como seu ministro da Fazenda. Guedes é favorável à unificação de impostos federais em um tributo único que seria cobrado aos moldes da antiga CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira), extinta em 2007. Em 27 anos como deputado federal, Bolsonaro fez 25 menções em tom contrário à taxa em discursos no plenário da Câmara.
"A ideia do imposto único é muito interessante, porque simplifica demais o sistema tributário, mas, ao mesmo tempo, é uma ideia um pouco difícil de ser implementada. A gente tem hoje uma estrutura de tributação no Brasil que não é muito fácil. Você precisaria de um grande estudo para entender como se faz um imposto único que tente abarcar quase que todos os setores e criar uma alíquota tributária que seja socialmente justa. Isso aparentemente não é tão fácil", afirma Inhazs.
A gente está falando da redução do tamanho do Estado, que não pode acontecer do dia para a noite. No curto prazo, se a gente tem uma volta da CPMF, é porque, necessariamente, no final das contas, o cidadão vai estar, infelizmente, pagando mais imposto, sim.
Juliana Inhazs, professora de Economia do Insper
Em setembro de 2018, diante da repercussão negativa, Bolsonaro negou que sua equipe de economia pretenda recriar um imposto nos moldes da CPMF.
Imposto de Renda
Em relação ao Imposto de Renda, Guedes afirmou publicamente que a campanha estudava diminuir o teto da tributação para pessoas físicas para 20% para os que estão enquadrados nas alíquotas mais altas, de 22,5 % e 27,5 %. Ao mesmo tempo, os que recebem como pessoas jurídicas veriam esse percentual subir de 17,5% para 20%.
Para as empresas, segundo Guedes, a ideia seria implementar um imposto sobre dividendos, também de 20%, diminuindo, por outro lado, a alíquota de IR a 15% ante o patamar de atuais 34%.
"O grande problema da proposta deles é que ela trata o cara que ganha um pouco mais de cinco salários mínimos exatamente igual ao cara que ganha R$ 50 mil. Ela é relativamente pesada para quem está na cauda da distribuição [de renda], que é provavelmente aquela pessoa que vai precisar mais de dinheiro para as coisas básicas", diz a economista Juliana Inhazs.
No mês seguinte, em entrevista ao SBT, quando perguntando sobre a criação de um imposto sobre os mais ricos, Bolsonaro disse: "Eu acho que, no Brasil, você não pode falar em mais ricos, está todo mundo sufocado. Se você aumentar a carga tributária dos mais ricos, como a França fez, no governo anterior, o capital foi para a Rússia, o capital vai fugir daqui."