O candidato escondido

Isolado no PSDB, Aécio Neves faz campanha discreta a deputado federal

Flávio Costa Do UOL, em Belo Horizonte e Pirapora (MG)
Ricardo Matsukawa/UOL

"Quem sabe um dia o senhor ainda possa se tornar nosso presidente da República", diz Sinvaldo Alves Pereira, secretário de saúde de Pirapora, cidade do norte de Minas Gerais e banhada pelo rio São Francisco. Ao microfone, ele dirige a frase com pretensão reconfortante a Aécio Neves (PSDB) que, ao ouvi-la, esboça um sorriso discreto. Com manchas de suor que transparecem pela camisa cinza, o tucano de 58 anos massageia o queixo e nada diz sobre o afago de Pereira.

Na manhã ensolarada do último 29 de setembro, um sábado, o senador havia sobrevoado 350 km, a partir de Belo Horizonte, para participar de mais um evento de sua atual candidatura a deputado federal. Durante seu discurso de vinte minutos, exaltou o período em que foi governador do estado (2003-2010) e pediu votos a cerca de 50 pessoas que compareceram ao galpão transformado em comitê eleitoral, localizado na principal avenida piraporense, a Pio XII.

Um cenário bem diferente do processo eleitoral de quatro anos antes. Em 2014, o neto de Tancredo Neves (1910-1985) protagonizou a disputa presidencial mais acirrada da história com Dilma Rousseff (PT). Obteve pouco mais de 51 milhões de votos, exatos 3,28 pontos percentuais abaixo da adversária.

Sem reconhecer a derrota, o tucano pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a recontagem de votos, incorporou os papéis de comandante da oposição e de, posteriormente, um dos artífices do impeachment da petista. Porém, teve a popularidade tragada por seu envolvimento em escândalos surgidos na esteira da Operação Lava Jato: tornou-se réu em abril por corrupção e obstrução de justiça em uma ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal) e é investigado em outros cinco inquéritos que tramitam na corte.

A menção a seu nome constrange e é evitada por membros de seu próprio partido, inclusive seu afilhado político, Antonio Anastasia, candidato a voltar ao governo de Minas Gerais.

Sem condições políticas de se reconduzir ao Senado, Aécio Neves tenta o retorno à Câmara de Deputados, onde esteve de 1987 a 2002. Faz uma campanha solitária e escondida dos olhares da imprensa. Para se eleger, recorre a amigos como o senador e presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Zezé Perrella, que pressionou membros de torcidas organizadas do clube a apoiá-lo, e a líderes de expressão regional, a exemplo o ex-prefeito de Pirapora Warmillon Fonseca Braga, preso ao menos duas vezes nos últimos cinco anos por acusações de desvio de dinheiro público.

"A mim não importa ser senador ou deputado federal, importa ser o Aécio representante de Minas no Congresso Nacional", afirma. Foi o que restou a ele.

A escolha de Aécio

Após ser delatado em 2017 pelo empresário Joesley Batista, que o gravou pedindo R$ 2 milhões sob o pretexto de pagar advogados, e ver extinta qualquer possibilidade de disputar novamente a Presidência da República, Aécio entrou no ano eleitoral sob o signo da indecisão.

No último dia 7 de fevereiro, na casa do deputado estadual Gustavo Corrêa (DEM) em um bairro nobre de Belo Horizonte, Aécio Neves reuniu-se com uma quinzena de aliados para discutir seu futuro político. Corrêa é parente do padrasto do tucano, o banqueiro e ex-deputado Gilberto de Andrade (1922-2008).

Havia três opções na mesa: reeleição, volta à Câmara dos Deputados ou, a mais radical, abandono da carreira (escolha que incluía uma eventual mudança de endereço para Santa Catarina, estado no qual se radicou sua mulher, Letícia Weber). Na ocasião, Aécio disse que começaria a viajar por Minas para tomar uma decisão, mas se recusava a deixar a política.

Quase dois meses depois daquela reunião, a 1ª Turma do STF tornava Aécio réu em uma ação penal proposta pela Procuradoria-Geral da República. A denúncia tem como base justamente a delação e outras provas produzidas no caso da JBS.

As pesquisas qualitativas encomendadas pelo PSDB indicavam uma possibilidade razoável de sucesso na briga por uma das duas vagas no Senado, apesar do desgaste de Aécio junto ao eleitorado. A polarização com Dilma o favoreceria. Pesquisa CNT/MDA, divulgada em 31 de julho, mostrava a ex-presidente na liderança com 21% das intenções de voto e ele em segundo lugar, com 15%.

"Os dois cresceriam por causa da rivalidade, cada um por lado, e mesmo que ele ficasse abaixo dela na votação, a segunda vaga estaria garantida", afirma uma pessoa próxima ao tucano, sob condição de sigilo.

Lucas Prates/AE Lucas Prates/AE

Havia um porém: os mesmos levantamentos indicavam que a presença de Aécio numa chapa majoritária minava as chances de vitória de Anastasia.

Levado à política por Aécio, Anastasia era um nome de consenso do grupo político que deseja vencer o governador Fernando Pimentel (PT). Ele não queria deixar Brasília e voltar a trabalhar no Palácio da Liberdade, afirmaram ao UOL quatro fontes próximas ao PSDB mineiro.

Anastasia se sente confortável no cargo de senador e entende que, ao assumir o governo, será obrigado a tomar medidas impopulares, devido à crise fiscal do estado. Por sua vez, o presidenciável Geraldo Alckmin desejava também um palanque forte no segundo maior colégio eleitoral do país (mais de 15,7 milhões de eleitores).

Mesmo que a contragosto, Anastasia se viu numa posição privilegiada e fez exigências: Aécio abriria mão de disputar o Senado e não participaria de seus atos de campanha.

A criatura começou a se afastar do criador: sem levar em conta as indicações do padrinho político, Anastasia escolheu sozinho a equipe de comunicação de sua campanha, por exemplo.

"Anastasia é Anastasia", diz seu slogan. Sua propaganda não faz qualquer menção a Aécio. Em total contraste com o pleito de 2010, quando a regra foi a associação constante das imagens dos dois tucanos.

Não restava outra alternativa a Aécio. Ele anunciou oficialmente sua desistência ao Senado em 2 de agosto.

"Eu tomei a decisão, claro que há alguns meses, de disputar uma cadeira de deputado federal para permitir que o governador Anastasia ampliasse seu leque de alianças e pudesse ter perspectivas claras de vencer a eleição no primeiro turno", afirmou, em Pirapora.

Nem todos ficaram contentes no ninho tucano. A decisão de Aécio atrapalhou os planos de alguns colegas de partido. Candidatos com boa votação na capital, por exemplo, verão seu votos migrarem para o nome mais conhecido do partido no estado.

Ricardo Matsukawa/UOL Ricardo Matsukawa/UOL

Domingos Sávio, presidente do PSDB em Minas Gerais, viu-se frustrado em seu objetivo de obter alta votação para a Câmara de Deputados. Sua base eleitoral é São João Del Rey e cidades do entorno, berço político de Tancredo Neves, o avô de Aécio.

Sávio rejeitou uma ideia que surgiu na cúpula peessedebista: diretórios municipais que estivessem sem um candidato tucano para deputado federal deveriam trabalhar para buscar votos para Aécio. Ele foi o único que se posicionou contra, apurou a reportagem, o que bastou para o plano do partido não ir adiante.

"Vamos falar de mim, sou candidato também. Você vai querer falar dos meus concorrentes?", disse Sávio à Folha de S.Paulo. O UOL ligou para seu telefone e deixou mensagens em seu celular, mas não conseguiu falar com ele.

Aécio é assunto proibido no PSDB de Minas, pelo menos até o final da eleição. Os que aceitam falar pedem para não ser identificados. Conhecido pela lhaneza no trato, Anastasia perde a paciência quando é questionado sobre Aécio por jornalistas ou por adversários. "Ele é candidato a deputado federal. E eu sou candidato a governador", costuma dizer com evidente irritação.

"Em 2010, Anastasia era um governador em nome do Aécio. Agora é hora e vez dele. Vamos descobrir se ele é uma alguma coisa além de um quadro do Estado, se de fato consegue ser uma liderança política", analisa o cientista político Bruno Reis, vice-diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.

Anastasia lidera as pesquisas de intenções de voto para governador de Minas Gerais.

Campanha na surdina

A campanha a deputado federal de Aécio Neves foi feita de maneira discreta, quase invisível e silenciosa. Sem divulgação de eventos para jornalistas, sem carreatas e comícios de rua. A preferência é por encontros com “multiplicadores de votos”, realizados em fazendas ou em comitês eleitorais, aonde acorrem uma centena de pessoas, em média. Poucos populares comparecem a esses encontros, quase sempre realizados em pequenas cidades de regiões como as do Vale do Jequitinhonha.

O prefeito de Ladainha, Walid Nédir (PSDB), participou no dia 25 de agosto do primeiro evento de campanha de Aécio, que ocorreu na fazenda do ex-prefeito Téo Barbosa, na zona rural de Téofilo Ottoni, base política de Aécio Cunha (1927-2010), pai do senador.

Mesmo comprometido com um candidato do MDB, Walid afirmou que vai buscar votos para Aécio. “Eles nos ajudou muito quando era governador. Fez obras importantes para região”. Ladainha tem exatos 12.129 eleitores aptos a votar nesta eleição.

"Se alguém acha que essa estratégia não dá voto, é porque não conhece Minas. Aqui a campanha é sempre na surdina. Aqui, a política se faz no corredor", diz o cientista político Rudá Ricci, autor de um livro sobre oito anos do governo de Aécio, a ser publicado nos próximos meses.

"Aécio ainda detém apoios regionais. Esse pessoal deve muito a ele. E mantém relações com financiadores de campanha. Ao invés de fazer campanha de massa, fortalece o laço com esses vereadores, médicos, advogados, prefeitos e eles fazem a campanha de Aécio nessas cidades", acrescenta.

Uma pesquisa do Ibope apontou que Aécio Neves deve ser mais o votado entre os candidatos a deputados federais em Minas. Outro levantamento feito por outro instituto, a cujo conteúdo a reportagem teve acesso, estima que ele possa atingir 430 mil votos.

Em Belo Horizonte, o único evento com eleitores foi realizado no 31 de agosto no clube de classe média Oásis, no bairro de Santa Tereza. Um mês antes, Aécio não compareceu à convenção tucana no reduto tradicional da elite mineira, Minas Tênis Clube, que oficializou o senador Antonio Anastasia como candidato ao governo.

Fonte: TSE

Aécio investiu também em conteúdo divulgado por suas redes sociais. Apareceu em vídeos chamados "Dois dedos de prosa", nos quais responde a perguntas sobre temas triviais-- "Qual música você costuma cantar no chuveiro?"-- ou sobre suas realizações quando foi governador.

"Eu tenho andado muito por Minas. Eu estou vendo o sentimento do reconhecimento", disse Aécio Neves, ao discursar em Pirapora.

"Independente de quais sejam o resultado dessas eleições, eu não vou esquecer da reunião que tivemos em São Romão com prefeitos e ex-prefeitos, e muitos me disseram que foram eleitos e reeleitos em razão das parcerias que nós fizemos durante nossa gestão", afirmou o senador.

Outra frente aberta foi no futebol. Cartola e senador, Zezé Perrella (MDB) pressionou diretores de quatro torcidas organizadas do Cruzeiro para apoiar a campanha de Aécio. Os dois são antigos aliados. A informação foi confirmada ao UOL por três fontes ligadas ao clube.

Principal organizada cruzeirense, a Máfia Azul já havia feito um acordo de apoio a um outro candidato no começo do ano. O trato foi desfeito. Um vídeo de torcedores com Aécio, gravado em uma propriedade de Perrella, foi veiculado no YouTube, apesar da repercussão negativa registrada por integrantes nas redes sociais. Os comentários no link do vídeo foram desativados.

Indagado, Perrella afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que o assunto "é tão ridículo e descabido que nem merece resposta".

Reprodução Reprodução

"Sem a estatura de Tancredo"

Em seus discursos de campanha, Aécio Neves critica o “ambiente de radical polarização no país”, porém analistas políticos o definem como um dos responsáveis pelo estado de ânimos exaltados da política nacional, por atitudes como pedir recontagem de votos, cassação da chapa adversária e ser um dos articuladores do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Aécio não tem a estatura de Tancredo”, afirma o cientista político Bruno Reis. "Se você se oferece para comandar o sistema político, para ser o chefe de governo, o chefe de Estado, você tem que respeitá-lo”.

A própria campanha presidencial de 2014, considerada virulenta, foi fruto de um erro de cálculo.

“Aécio levou o PSDB, de maneira desorganizada para a direita”, afirma o cientista político Rudá Ricci.

Arte UOL
Moacyr Lopes Júnior/Folhapress Moacyr Lopes Júnior/Folhapress

No começo dos anos 1980, Aécio começou sua trajetória política ao se tornar secretário particular de seu avô, Tancredo Neves, que governava Minas Gerais.

Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo é eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral, depois que a emenda das Diretas não é aprovada pelo Congresso. Internado com problemas de saúde na véspera da posse, marcada para 15 de março, o líder político morre poucos dias depois, em 21 de abril. José Sarney assume a Presidência.

Nos anos 1990, quando começa a ascender na política nacional, Aécio disputa com o então governador de São Paulo, Mário Covas (1930-2001), a hegemonia pela bancada de deputados federais tucanos.

“Mário Covas odiava ele. Aécio tentou fazer vários acordos para se impor como líder do PSDB na Câmara e enfrentou o Covas de maneira muito agressiva, embora em público ele demonstrasse cordialidade”, afirma Ricci.

Eduardo Knapp/Folha Imagem Eduardo Knapp/Folha Imagem

Durante sua gestão como governador, Aécio manteve uma aliança informal com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ambos promoveram o voto “Lulécio”, no qual a maioria dos eleitores mineiros votou em Lula para presidente em 2006 e Aécio para governador.

Ao conseguir a indicação para tentar conquistar o Palácio do Planalto, Aécio aceita a demanda dos tucanos paulistas para que Pimenta da Veiga, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, seja o candidato do PSDB ao governo de Minas. Ao agir dessa maneira, ele atropela as pretensões de dois de seus mais próximos aliados, o deputado federal Marcus Pestana e o então presidente da Assembleia Legislativa, Diniz Pinheiro.

Resultado: no segundo turno, Aécio vence em São Paulo com 64,31% dos votos válidos, mas perde para Dilma em seu próprio estado por uma diferença superior a 550 mil votos.

Ueslei Marcelino/Reuters Ueslei Marcelino/Reuters

"Aécio não é um líder como o avô. Como era Tancredo: quando chegava a uma determinada região, ele juntava todos os líderes locais e dava a linha. Aécio agrega, mas não conduz”, diz Rudá Ricci.

A popularidade vai decaindo até que, em maio de 2017, estoura o escândalo das gravações da JBS.

"Uma coisa chocante em relação às gravações de Aécio é que aparece uma pessoa que o eleitor não reconhece. Aparece um Aécio diferente do que o eleitor estava acostumado. É um contraste muito diferente com Lula, por exemplo. O Lula grampeado é o Lula que todo mundo conhece”, analisa o cientista político Bruno Reis.

Pessoas próximas a Aécio Neves que conversaram com a reportagem afirmam que “ele se sente revigorado” com a nova campanha. Na Câmara, ele pretende se estabelecer com líder da bancada mineira, enquanto aguarda os desdobramentos das investigações contra ele no STF.

Ricardo Matsukawa/UOL Ricardo Matsukawa/UOL

Uma parada em Pirapora

Pirapora, manhã de 29 de setembro.

Em cima de um pequeno estrado de madeira que faz as vezes de palco no comitê eleitoral, Aécio Neves tem a companhia de vereadores, prefeitos e ex-prefeitos e cabos eleitorais de cidades do norte de Minas Gerais.

O ex-prefeito Warmillon Fonseca Braga, 53, comanda a recepção ao candidato a deputado federal. Por meio dele, o tucano descobre que há um repórter do UOL no local.

Ao receber a informação, o semblante de Aécio escurece e é possível ouvir ele dizer, contrariado, a seguinte frase:

"Eles [os jornalistas] estão fazendo matéria para me sacanear".

Warmillon foi prefeito por quatro mandatos consecutivos em duas cidades da região. Primeiro em Lagoa dos Patos (1997-2004) e depois em Pirapora (2005-2012), cidade com 56 mil habitantes, estima o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Porém, a ficha processual de Warmillon impressiona ainda mais. Somente na 1ª Vara Cível de Pirapora, ele aparece como réu em 36 processos por improbidade administrativa. Uma reportagem publicada em 2015 pelo jornal "Estado de Minas" mostrou que ele acumulou um patrimônio R$ 70 milhões.

Nos últimos cinco anos, Warmillon foi preso ao menos duas vezes em operações da Polícia Federal. Ostenta uma condenação referendada em segunda instância pelo TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) por fraudes na licitação para contratos de shows do centenário da cidade piraporense, comemorado no ano de 2012. Ele recorre da decisão. Em julho de 2013, a Justiça Federal em Montes Claros o condenou por improbidade administrativa por desvio de recursos federais. Seus direitos políticos foram cassados.

Mesmo inelegível, Warmillon Braga se candidatou em 2016 a prefeito de Pirapora. Após ter seu registro barrado, indicou como substituta sua mulher, a administradora Marcella Machado Ribas Fonseca, 37. Com o nome eleitoral "Marcela de Warmillon", ela acabou por vencer a disputa municipal. Em março último, a Justiça Eleitoral cassou seu mandato, sob a acusação de abuso de poder midiático. A prefeita recorre da decisão.

O encontro com Aécio foi organizado no comitê eleitoral criado, inicialmente, por Warmillon e Marcella para concentrar a campanha na região da deputada federal Raquel Muniz (PSD) e do deputado estadual Gil Pereira (PP). Ambos tentam a reeleição.

Raquel ganhou notoriedade por elogiar o marido ao pronunciar seu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff, na sessão da Câmara realizada em 17 de abril de 2016. Então prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz foi preso menos de 24 horas depois. Em dezembro de 2017, a Justiça Federal condenou o casal Muniz por improbidade administrativa.

"O povo de Pirapora é grato. As pessoas de Pirapora votam a pedido meu, da prefeita, dos vereadores. Nós mostramos às pessoas quais os dois candidatos que estamos apoiando e elas ficam à vontade para escolher um deles", afirma Warmillon Braga.

Instado a comparar seus problemas judiciais com os de Aécio Neves, ele arremata: "A gente passa pelo crivo da Justiça, mas também passa pelo crivo de nossos eleitores. E todos os nossos eleitores sabem fazer justiça, porque estando na política você sofre todo tipo de injustiça, mas o eleitor sabe discernir o que é verdade, o que é mentira, o que é denuncismo político".

Durante seu discurso, Aécio faz uma menção indireta às investigações contra ele no Supremo.

"É um tempo difícil na política. Tentam transformar todos em farinha do mesmo saco e sabemos que não somos. O tempo vai permitir que a verdade prevaleça.”

Aécio pede a votos e Anastasia e faz um aceno à candidatura de Alckmin à Presidência da República.

“Longe de mim querer influenciá-los, mas eu devo, com lealdade, com a coerência que trago comigo em toda minha trajetória política, dizer que nós vamos lutar os últimos instantes dessas eleições e assim como esperar elegermos Anastasia no 1º turno, devo externar meu apoio ao candidato de meu partido, Geraldo Alckmin, à Presidência da República"

Quando o evento termina, Aécio se deixa fotografar com os presentes. Diante da aproximação do repórter do UOL, concede responder a apenas uma pergunta. Mal espera que a indagação seja formulada e corta:

“Tem sido uma campanha maravilhosa. É só você ver o carinho com que eu sou recebido, você mesmo pode avaliar melhor do que eu”.

Retorna a pose para novas fotografias. Volta-se para o repórter e diz:

“Eu realmente lamento ter perdido em 2014 porque o país não estaria nesta situação. Estaríamos muito melhor”.

É questionado se apoiará Fernando Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro (PSL) no eventual segundo turno.

“Não vou cair nessa armadilha. Até 7 de outubro, estou com Geraldo Alckmin. Depois, veremos.”

Contudo, os santinhos de Aécio distribuídos no comício só trazem os números dele e de Anastasia. O espaço para presidente está em branco.

Aécio Neves prossegue em direção a um carro estacionado em frente ao comitê. É secundado por Warmillon Braga, que não permite que o repórter faça uma pergunta à prefeita de Pirapora.

Sob a alegação de que precisa levar Aécio ao aeroporto, ele segura firme a mão direita da mulher e começa a correr em direção à saída.

"Somente uma pergunta. Uma pergunta", pede o repórter.

"Não! Não dá tempo! Não dá tempo", grita Warmillon, enquanto corre. Marcella deixa se levar com passos acelerados.

Ambos entram no carro grande de cor branca, onde Aécio os espera.

Warmillon assume a direção. Os políticos acenam para os poucos eleitores.

Aécio Neves ainda visitaria, naquele sábado, Delfinópolis, cidade com exatos 6.146 eleitores, localizada no sudoeste mineiro.

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