“Esse governo não tem nenhuma preocupação com educação, cortou com foice o orçamento, está cortando os programas que foram aprovados por demanda da sociedade. Vários programas da minha época foram prejudicados”. É dessa maneira que Fernando Haddad resume as medidas do governo de Michel Temer (PMDB) e do Ministério da Educação, chefiado por Mendonça Filho (DEM).
Programas criados ou impulsionados pelos governos petistas, como ProUni, Pronatec e Fies, sofreram cortes e suspensões de novas vagas entre 2016 e 2017, depois de já passarem por reduções em 2015 no governo de Dilma Rousseff.
Na gestão de Haddad, o Fies teve um crescimento exponencial, atingindo quase 150 mil contratos firmados. O recorde anual é de 2014, com 731 mil contratos na gestão de José Henrique Paim, mas o modelo se mostrou inviável, e a taxa caiu em quase dois terços já no ano seguinte. Neste ano, o governo anunciou que o Fies 2018 ofertará 300 mil vagas, mas apenas 100 mil delas nos moldes antigos: outras 200 mil serão por categorias novas, financiadas por fundos regionais e o BNDES.
Para Haddad, que considera que deveriam ser ofertados entre 250 mil e 300 mil contratos do Fies por ano, a crise econômica não pode ser justificativa para os cortes altos anunciados por Temer e Mendonça Filho.
“Eu até entendo o governo falar que não pode oferecer 700 mil contratos por ano, mudou a economia e realmente não dá. Mas oferecer 100 mil contratos? Vai cortar 80%? Uma coisa é ajustar pela nova realidade econômica, outra coisa é quase acabar com o programa”.
Sancionada por Michel Temer em fevereiro deste ano, a reforma do Ensino Médio também é duramente criticada pelo ex-ministro. Embora a previsão do governo seja colocá-la em prática em 2019, as mudanças na grade curricular, com retirada de disciplinas, e na carga horária, investindo no ensino integral, ainda não têm regras definidas.
"Na verdade, não existe reforma do Ensino Médio. Está sendo feita uma publicidade de uma coisa que não vai acontecer”, diz Haddad. “Está se anunciando uma coisa e não tem nem rubrica orçamentária. Não tem convênio sendo feito. Não tem caderno de diretrizes. Como se faz uma reforma sem caderno de diretrizes? Por anúncio de TV de um minuto? Isso não vai acontecer”.