Formado em cirurgia geral, cirurgia pediátrica e transplante de fígado, o presidente do Sírio-Libanês tem histórias comoventes para contar de sua prática médica, que ainda exerce em paralelo com a atividade administrativa. Veja alguns de seus relatos sobre carreira e vida pessoal.
Histórias comoventes de relacionamento
"A grande maioria doa o fígado para o outro em vida (parte do fígado, que depois se regenera). É o pai doando para o filho, o filho para o pai, irmãos. Existem histórias notáveis de aprofundamento de relação. O reencontro de um pai e uma mãe com um filho, não tem nada mais recompensador para o médico do que exercer uma atividade de alto risco e ver um resultado excelente para o ser humano. Há inúmeras histórias. Mas nem sempre têm sucesso. Temos, com uma equipe muito bem-formada, me orgulho de dizer, os melhores resultados do mundo em transplante de crianças. A gente atinge 97% de sobrevida. Mas ainda há perda, e há muita tristeza dentro da perda, porque é um tratamento que você começa a fazer parte da família. Você acaba sofrendo muito quando há uma perda."
Conselho de médico para viver bem
"A gente já sabe tudo que precisa para ter uma vida longa e saudável: atividades físicas regulares, comer com responsabilidade. Pode comer tudo, mas com responsabilidade. Pode sentir o gosto das coisas muito boas, mas em pequenas quantidades. Não exagerar em nenhuma comida, mesmo as saudáveis. Beber com moderação, não é proibido bebida alcoólica, zero de fumo. Ter atividades macropolíticas que impliquem a diminuição da poluição do ar e a qualidade da água, porque são os fatores de maior impacto na saúde. Você não percebe quão ruim é respirar o ar de uma cidade como São Paulo."
Cuidar não só do corpo, mas da cabeça também
"Diminuir o estresse da vida diária, viver o presente. Dona Violeta Basilio Jafet, que morreu recentemente, com 108 anos, e foi a fundadora do hospital Sírio-Libanês, na área de relacionamento, ela dizia que existem três coisas para ter uma vida saudável: perdoar, esquecer e amar.
- Perdoar: porque nós todos erramos
- Esquecer: porque perdoar sem esquecer você estabelece uma relação de poder com o outro, que não é boa
- Amar: temos de basear os relacionamentos no afeto, mesmo os profissionais. Passamos a maior parte de nossa vida no ambiente profissional. Se não desenvolvermos afetividade no nosso entorno, vamos viver em conflito permanente e não vamos conseguir ter uma vida boa.
A saúde mental é fundamental. Não adianta só fazer exercício físico se não fizer um exercício de relacionamento na sua vida diária.
Um dos segredos da boa vida: viver o presente e se relacionar de uma forma muito mais colaborativa do que competitiva, entre instituições, entre empresas e entre pessoas."