
Agropecuária
O setor mais afetado foi a agropecuária, que caiu 6,6%, principalmente devido às lavouras de milho (-25,7%), cana de açúcar (-2,7%) e soja (-1,8%)
A economia brasileira encolheu 3,6% em 2016 e emendou o segundo ano seguido de queda. É a mais longa recessão pela qual o país já passou. O PIB (Produto Interno Bruto) já havia tombado 3,8% em 2015.
O Brasil nunca havia registrado dois anos seguidos de encolhimento da economia, segundo a atual pesquisa do instituto, que começa em 1996, e a pesquisa anterior, iniciada em 1948.
As informações foram divulgadas nesta terça-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
2016 foi marcado pelo acirramento da crise política, que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff. Michel Temer e sua equipe econômica comandaram o país por quase 9 meses --ele assumiu interinamente a Presidência em 12 de maio.
O PIB divulgado hoje é espelho retrovisor. Os índices a seguir refletem o que está acontecendo agora
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O impacto da recessão sobre a renda do brasileiro foi ainda mais profundo do que sobre a economia como um todo.
Desde 2014, ano de início da crise, o PIB per capita (o valor total do PIB dividido pela população) caiu 9,1%, de acordo com o IBGE. O PIB per capita ficou em R$ 30.407 no ano passado.
Enquanto isso, o PIB total cresceu 0,5% em 2014 e caiu 7,2% no acumulado de 2015 e 2016. Isso acontece porque o cálculo leva em conta tanto a queda do PIB quanto a expansão da população, de 0,9% ao ano, em média.
"É como se o bolo tivesse diminuído e mais pessoas quisessem comer. A fatia diminui", diz Rebeca Passos, coordenadora de contas nacionais do IBGE.
O setor mais afetado foi a agropecuária, que caiu 6,6%, principalmente devido às lavouras de milho (-25,7%), cana de açúcar (-2,7%) e soja (-1,8%)
A indústria encolheu 3,8%, com destaque negativo para a indústria da transformação, que fornece equipamentos para outras indústrias e despencou 5,2%
O setor de serviços caiu 2,7% em 2016. Sozinho, o comércio encolheu 6,3%. Já a área de transporte, armazenagem e correio sofreu queda de 7,1%
No ano, a queda acumulada dos investimentos foi de 10,2% —em 2015, ano em que o país entrou oficialmente em recessão, o investimento já havia caído 14,1%.
Além da queda em valores absolutos, houve recuo também na proporção do investimento em relação ao PIB. A taxa encerrou o ano em 15,4%, percentual mais baixo do que o verificado em 2015, de 18,2%.
Um dos principais motores da atividade econômica brasileira, o consumo das famílias também recuou no ano passado. O consumo caiu 4,2% em 2016 —um ano antes, havia recuado 4%.
"Levando em conta o elevado desemprego somado à queda da renda em termos reais sabemos bem que não veremos deste componente uma reação forte", afirmou em relatório o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Especialistas preveem que a economia voltará a crescer no primeiro trimestre de 2017, mas num ritmo mais lento do que antes.
Com isso, deve demorar dez anos para os brasileiros recuperarem a riqueza perdida com a recessão.