UOL – O brasileiro de fato se preocupa em ter uma fonte renovável de energia?
Sérgio Silva - Engana-se quem acredita que o brasileiro aceita tudo. Eu acho que o nosso consumidor, talvez já escolado pelos vários problemas que enfrentou, exige um nível de serviço muito eficiente, exige uma solução que seja competitiva, que tenha baixo custo, mas, sobretudo, um serviço qualificado.
Percebemos isso muito bem nas exigências que os nossos consumidores nos fazem. Quando vamos à casa de um cliente e ele quer uma solução, ele quer entender, saber se é confiável, saber a qualidade.
Ele não quer saber qual é o preço, quer saber qual é o valor percebido, e isso em todos os segmentos, seja indústria, comércio, residência, seja de que nível for, o consumidor é extremamente exigente naquela oferta, e muito mais exigente depois, no pós-venda, na prestação de serviço, na experiência que ele quer ter.
Quais são as características do consumidor residencial e da indústria?
No Brasil, um tempo atrás, o gás natural era associado a dois segmentos: indústria – produto utilizado em fornos, caldeiras – e termogeração, ou seja, as termoelétricas a gás natural.
Hoje, todos os segmentos aqui da nossa área de concessão são atendidos pelo gás natural. Estou falando de casas e prédios, especificamente. Hoje, praticamente 80% dos prédios de São Paulo já são alimentados pelo gás natural.
A Comgás tem uma expansão muito forte em casas, sejam de classe A e B, ou mesmo de classes C e D, para uso em fogões, fornos, churrasqueiras, aquecimento de piscinas, climatização, todas as formas possíveis.
Um outro segmento fortemente atendido é o do comércio. Com isso, você está tirando caminhões das ruas, os antigos caminhões de GLP que levavam cilindros, aqueles das musiquinhas, que estão desaparecendo das cidades.
E há também o segmento automotivo, do gás natural veicular, que hoje voltou a crescer fortemente.
Qual é o custo de instalação, em média, em residências?
Uma ligação de gás natural varia de acordo com a residência. Uma residência típica de São Paulo, aqueles sobrados conjugados, é uma ligação de uns R$ 800. Agora se você tem uma casa maior pode chegar R$ 2.000.
As notícias sobre o aumento de gás de botijão impactam o mercado de gás natural?
Por que o gás de botijão tem aumentado? Esse produto ficou congelado por anos. A Petrobras hoje mudou sua política de preços e a tendência é o GLP não ser mais subsidiado, e ele está flutuando de acordo com as leis do mercado.
O preço do gás natural é controlado pela agência reguladora, não somos nós que definimos a tarifa, mas sim o regulador do estado, baseado no que ele quer para o desenvolvimento disso.
E o GLP, que nos últimos anos aumentou, ele tem essa tendência, porque é um custo logístico alto, é um produto que em boa parte também é importado, você tem que produzir em refinarias, tem que transportar para uma base distribuidora, tem que colocar em caminhão, alguém tem que carregar, colocar na sua casa...é uma cadeia de custos muito longa. Enquanto o gás natural vai diretamente do poço para a sua casa, passando por uma distribuidora.