O cliente de fast food mudou, e o McDonald’s, acostumado a um atendimento padronizado, precisa se adaptar rapidamente a isso para não perder muito espaço. Paulo Camargo, responsável pelo McDonad’s no país, diz que é uma mudança “complexa”, mas as pessoas querem personalizar seus lanches e isso tem de ser feito. Veja a seguir o que ele comenta sobre o tema:
O que fica claro para a gente é que esse cliente quer novidades, quer controlar a sua experiência. Pode ser na forma de pedir seu lanche, via totem [terminal automático no restaurante, sem atendente], por celular, por sinal de fumaça...
Não sei como vai ser, mas o cliente fala: "Eu quero decidir como eu vou pedir, como vou pagar e onde vou comer". E o nosso objetivo principal é promover essa conveniência para ele.
Fica claro para a gente também que é um processo evolutivo e que a marca tem que se adaptar muito rapidamente. O que não é fácil para um negócio, só falando de Brasil, quase mil restaurantes e 1.500 pontos de atendimentos (os centros de sobremesa). Imagine no mundo inteiro. Isso é muito complexo.
Os produtos que a gente faz têm de ser transportados para a Amazônia de barco. Quando decido fazer uma promoção de Big Mac, preciso avisar o fornecedor de alface 9 meses antes para que ele comece a produzir
Ok, a gente tem esses desafios, mas o que fica claro é a necessidade de inovar. Eu não sei honestamente o que vamos vender daqui a 10, 15 ou 20 anos, mas tenho certeza de que a gente vai fazer um esforço tremendo para vender mais que qualquer outra marca.
Saindo da caixinha
Nosso cliente adora experimentar novidades, e a gente tem usado muito disso. A marca passa por um processo de modernização em todos os sentidos. A gente sabe que o “senhor cliente” (como gosto de chamar) cada vez mais quer controlar essa sua experiência.
Um dos temas que a gente descobriu nas pesquisas que fazemos era a oportunidade de ousar.
Na linha signature, de sanduíches especiais, o lanche vem fora da caixa, literalmente. No McDonalds sempre veio tudo dentro da caixinha, tudo igualzinho. Vamos fazer diferente, vamos tirar da caixa, para o cliente personalizar o seu produto
Vamos colocar um limão, perguntar se ele quer picante ou sem picância. É algo muito diferente daquele sistema "taylorista", "fordiano" [de linha de montagem padronizada]. Vamos deixar que as pessoas ousem e peçam o que quiserem.
E elas pedem coisas como uma batata diferente, por exemplo. Você imagina comer uma batata frita, mas com o molho do Cheddar McMelt ou do Big Mac, e são coisas que têm funcionado muito bem. Até mesmo mudar o tamanho do Big Mac. Há o tradicional, um Big Mac diferente e outro grandão, e isso tem funcionado bastante bem. Fica claro que o brasileiro quer, sim, mesmo no McDonalds coisas novas.
Mais saladas e comidas saudáveis?
A salada é um negócio que a gente já tem há mais de 15 anos no McDonalds, então não é novidade. O que a gente faz é renovar essas saladas de acordo com as pesquisas. Temos eventualmente uma salada de atum, de frango grelhado ou frango empanado, e isso obviamente vai sendo adaptado.
Se amanhã o brasileiro quiser comer mais rúcula do que alface, a gente vai ter que adaptar isso. Mas a gente se sente muito à vontade para falar sobre esse assunto. O cardápio está lá, o menu está lá.
A verdade é que as pessoas nunca acordam dizendo assim: "Hoje eu quero comer uma salada e vou ao McDonalds", não é isso. A marca tem um outro significado para as pessoas, mas as saladas também são vendidas
Vou muito ao McDonalds e facilmente como três ou quatro vezes por semana. Nem sempre quero a fritura. Adoro a McFritas e, pelo menos uma ou duas vezes eu como, mas às vezes troco pela salada.
É esse direito que a gente quer dar ao cliente. Agora, o Big Mac, não por acaso, é o sanduíche mais vendido do mundo. E ele nutritivamente é sensacional, se a gente fosse falar de intensidade calórica, ele tem 480, 489 calorias, não é por acaso que ele faz esse sucesso todo.