UOL - Quais são os investimentos previstos para este ano no Brasil?
Marco Stefanini - Nós somos bastante flexíveis quando falamos em investimento. Há uma parte que é mais interna, envolve produto, pesquisa e desenvolvimento (P&D), treinamento e novas ofertas. Para isso, temos um orçamento que está na faixa de R$ 40 milhões.
Agora, se somarmos toda a parte de aquisição, o total de investimentos para este ano seria uma média de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões, entre aquisição e investimento nas áreas internas. Mas pode chegar facilmente até R$ 300 milhões, dependendo do valor da aquisição.
Para adquirir empresas, nós temos, normalmente, dois focos. Empresas que fazem exatamente o que nós fazemos, serviços de TI, que, em geral, compramos mais no exterior, e empresas que agregam ao nosso portfólio, com novas soluções. Ultimamente temos investido mais nesse segundo perfil.
Quais são as características das empresas brasileiras que contratam os produtos da Stefanini?
O nosso perfil de clientes é mais ou menos igual no Brasil e fora. Em geral, nós somos uma empresa B2B (business to business), ou seja, trabalhamos com o mercado corporativo. A maioria são grandes e médias empresas.
Porém, agora com toda essa movimentação de transformação digital, vemos pequenas empresas precisando investir onde a tecnologia é o diferencial. Um grupo de empresas menores, mas muito interessantes, muito dinâmicas, que também dá gosto de trabalhar e são boas oportunidades de negócio.
Como é fazer negócios no Brasil, quando comparado a outros países? Existem necessidades específicas?
Na verdade, o Brasil hoje, até pelo resultado das crises, é muito mais difícil de trabalhar do que o global. O questionamento de preço, de concorrência, o poder da área de compras é muito maior aqui no Brasil do que fora.
Hoje, eu diria que o nível de pressão que sofremos por custos é muito maior aqui no Brasil. Isso representa uma rotatividade maior de contratos. Hoje, dos 40 países em que a Stefanini opera, [o Brasil] certamente é um dos países mais difíceis de operar. Há o segundo ponto, que é o ambiente econômico não muito favorável.
Como avalia o setor de tecnologia no Brasil?
O Brasil ainda não enxerga como sociedade, como país, as grandes oportunidades e ameaças que a movimentação tecnológica está trazendo. Se analisar a liderança da maioria dos países, o discurso está muito mais atualizado. O Brasil não só não apoia as transformações, como o discurso é fraco.
E não é só do governo atual, o anterior também, e a gente percebe nos próprios candidatos [à próxima eleição]. Até pelo movimento político, há uma certa distração, não está se percebendo a grande movimentação.
Na verdade, é o contrário [de outras nações]. Aqui se aumentam impostos, por exemplo, inclusive no setor de tecnologia. O direcionamento está muito aquém dos outros países. Estamos ficando para trás.