Sem salvador da pátria

Trabalhe para construir o futuro, não espere alguém, como um novo presidente, fazer por você, diz chefe da HSM

Do UOL, em São Paulo
Simon Plestenjak/UOL e Arte/UOL
Simon Plestenjak/UOL Simon Plestenjak/UOL

Cultura do aprendizado

O brasileiro precisa trabalhar muito, arregaçar as mangas e não esperar um iluminado ou um salvador da pátria para mudar seu futuro, afirma Guilherme Soárez, presidente da HSM, uma das principais empresas de educação executiva do país, em entrevista na série UOL Líderes.

Neste cenário de incertezas econômicas e sociais, Soárez diz que líderes e empresas que não tiverem uma cultura de aprendizado perderão a relevância no mercado e que a saída do país para escapar da crise é investir na nova economia, nas plataformas modernas e no futuro.

O executivo fala sobre como a internet gratuita e de alta qualidade pode ajudar milhões de desempregados e como o desenvolvimento tecnológico impactará nas profissões atuais.

Nenhum iluminado vai resolver todos os nossos problemas

UOL - O que espera do novo presidente da República? [Esta entrevista foi feita antes do resultado das eleições]

Guilherme Soárez - Não espero nenhum salvador da pátria porque não acredito nisso.

Não acredito que teremos um iluminado que irá lá sentar na cadeira da Presidência e resolver todos os nossos problemas. Espero que ele possa nos inspirar e nos mobilizar para que a sociedade se engaje nessa visão de futuro de um Brasil melhor. Um Brasil mais próspero, mais justo, que dê oportunidades de forma igual para todos, e principalmente um Brasil mais ético.

O futuro do mundo vai ser mais parecido com Star Trek ou com Mad Max?

Eu trabalho todos os dias para que o futuro do mundo seja parecido com Star Trek, no qual cada pessoa possa ter acesso a uma educação de qualidade, moradia de qualidade e digna, tenha acesso às tecnologias e possa desempenhar os seus propósitos, possa trabalhar em prol do seu propósito individual. É nisso em que acredito e é para isso que eu trabalho.

Para isso, precisamos arregaçar as mangas e trabalhar muito, todos nós. Não esperar que venha um salvador da pátria, não esperar que venha alguém dar as soluções para a gente. Nós temos que ser protagonistas dessas mudanças, nós temos que fazer as escolhas para esse futuro mais promissor.

Infelizmente, as notícias que chamam mais a atenção da população em geral são as mais traumáticas ou mais negativas. Hoje vivemos num mundo muito mais abundante e com muito mais acesso a saneamento básico, alimentação, educação, muito menos violento, muito mais pacífico do que há 50, 60 ou 80 anos.

Mas as grandes tragédias são as que se mantêm no nosso dia a dia. Eu, sim, acredito que a humanidade vai aproveitar essa oportunidade de ter acesso às grandes tecnologias de forma exponencial que estão convergindo e criar soluções para os nossos maiores desafios.

Muita gente diz que a tecnologia está tirando empregos. Como avalia isso?

O mundo que vemos hoje em 2018 é muito diferente do mundo de 2008, e o mundo de 2028 será muito diferente do mundo de hoje. A inteligência artificial, o machine learning, os robôs realmente trarão uma nova economia para o mundo dos negócios.

Com certeza, algumas funções deixarão de existir. E serão aquelas atividades desempenhadas por necessidade, não por proposta ou prazer.

Tudo o que é repetitivo e que pode ser automatizado, as máquinas farão melhor. Mas existe uma curva que diz que, quanto mais tecnologia, mais humanos nós precisamos ser.

Não podemos querer competir com as máquinas sendo máquinas. Precisamos ser mais humanos, mais intuitivos, mais criativos, mais emocionais. Surgirão outras habilidades, outros negócios para justamente suprir essa ausência de outras funções que vão sumir.

O país tem cerca de 13 milhões de desempregados. Muitos nem chegaram ao ensino médio. Como essa tecnologia toda pode ajudar as pessoas?

O nível de analfabetismo ainda é muito alto, mas mais preocupantes são os analfabetos funcionais, aquelas que chegaram a concluir os primeiros anos de escola, mas não são capazes de interpretar textos ou tabelas.

Realmente, na minha opinião, esse é o maior desafio da sociedade brasileira para fazer frente a todas essas mudanças globais que estão acontecendo. A solução para isso é disponibilizar infraestrutura de internet de forma abundante para todos.

Quanto mais acesso à internet você colocar na mão de uma pessoa que já tem um celular, de forma rápida e disponível, de preferência gratuita, mais ela se organiza, aprende e prospera.

Acredito que dar a oportunidade para as pessoas é o mais importante que temos a fazer no Brasil para que aqueles que tenham a fome [de aprender], o protagonismo possam crescer.

Disponibilizar só a internet é um dos caminhos ou teríamos que disponibilizar conteúdo também?

Disponibilizar só a internet não é suficiente, mas acredito que já é um passo fundamental. Por exemplo, se o Brasil tentar reduzir o gap de infraestrutura construindo estrada, provavelmente daqui a dez anos, com os drones, as estradas não serão tão necessárias como são hoje.

Mas a internet, sim. Eu defendo a bandeira que nós deveríamos disponibilizar para todo cidadão brasileiro, de forma gratuita, uma internet de alta qualidade para que essas pessoas possam acessar os conteúdos e a educação que está disponível pelo mundo.

O que espera do novo presidente?

Cuidado com quem se diz guru

UOL - Há muitas críticas hoje sobre a validade dos ensinamentos dos gurus de autoajuda. Como a HSM vê isso em relação a seus palestrantes?

Guilherme Soárez - Gurus são pessoas, no meu entendimento, que atingiram um patamar de conhecimento e que são capazes de inspirar as pessoas a agir dessa forma. No entanto, gurus não se autointitulam, não posso me autointitular um guru, isso é um título que é dado pelos outros.

Acredito naqueles que foram capazes de pesquisar, de desenvolver uma metodologia, de aplicá-la e mostrar resultado na prática. Ou naqueles outros que construíram de forma empírica um negócio por sua intuição ou trabalho muito duro e são capazes de transferir esse conhecimento para nossos empresários, novos empreendedores, novos executivos.

No entanto, infelizmente, como em qualquer área, há pessoas que se autointitulam sem ter esses pré-requisitos. Cabe a nós separar o joio do trigo.

Como vocês fazem essa diferenciação para trazer palestrantes?

Nós nos orgulhamos muito da nossa curadoria de conteúdo, acreditamos que esse é o nosso principal ativo e que se reflete no respeito que as empresas têm com a nossa marca.

Isso é um processo muito menos de brilhantismo e muito mais de trabalho duro. São vários elementos que nos colocam em posição de oferecer o conteúdo mais atual e mais relevante para as empresas e os empresários brasileiros.

Esses elementos são: todo ano fazemos uma viagem de pesquisa pelos Estados Unidos e Europa entendendo e pesquisando as temáticas que estão surgindo lá de forma incipiente, que vão se tornar relevantes para que possamos trazer no planejamento do ano seguinte. Somos ávidos leitores e consumidores de conteúdos de diversas formas.

Nossas fontes de conteúdo estão em diversos países. Conversamos com diversas empresas que nos dão dicas de quais são os temas que estão relevantes, quais os desafios que estão enfrentando e nos pedindo dicas de quais são as soluções que as outras empresas precisam.

Como estamos totalmente envolvidos no mundo do conteúdo, recebemos muitas sugestões de ex-palestrantes, autores, professores, executivos. É um trabalho em rede, colaborativo e com muita disciplina e muito processo.

Como avalia hoje o perfil dos líderes brasileiros comparados a líderes americanos e europeus? Existe algum gap na educação dos líderes brasileiros?

Os líderes brasileiros têm uma vantagem natural de crescer e se desenvolver num ambiente muito arisco, muito difícil. Então esses líderes, na diversidade, crescem e prosperam.

Comparando com outros líderes americanos ou europeus, acredito que o líder brasileiro ainda precise pensar mais no longo prazo, precisa ser capaz de ter um propósito mais transformador a ponto de mobilizar pessoas em prol deste propósito.

Equilibrar um pouco o pensamento de curto prazo com um planejamento e um pensamento de mais longo prazo, e este é um grande desafio. Porque no mundo de hoje, se você pensar muito no curto prazo, num mundo abundante, mundo exponencial, você pode estar investindo numa solução, num produto que vai perder a relevância em pouco tempo.

Os líderes brasileiros são afobados na busca de um resultado imediato?

Os líderes brasileiros têm, sim, uma tendência de buscar os resultados num curto prazo, mas não por uma característica, mas por uma necessidade. Se não entregarem um resultado também de curto prazo, poucos líderes têm a chance de construir o longo prazo.

Aqueles que vão manter a relevância e se diferenciar são aqueles que conseguem, sim, ter um propósito mais transformador, que vá além das fronteiras da empresa e devolva para a sociedade algo que seja muito importante, muito necessário para a sociedade, mas consiga também atender às necessidades de curto prazo.

Como competir com as máquinas?

País precisa investir na tecnologia do futuro, não na de hoje

UOL - Como vê a situação política interferindo no mundo dos negócios?

Guilherme Soárez - Em todos os países, a política interfere no mundo dos negócios. A discussão do nosso Brasil hoje deveria ser um projeto de país de forma apartidária, que a sociedade compre, engaje-se e lute para que aconteça. E um projeto de país não é de cinco anos, mas de 50 anos.

Qual o Brasil de 2050 gostaríamos de ter? Que investimentos, independentemente do partido, deveriam estar acontecendo hoje para fazermos jus a esse mercado cada vez mais sem fronteiras no qual os principais talentos estão indo para outros países?

Quais são as suas propostas para um Brasil melhor nos próximos 50 anos, então?

Para os próximos 50 anos, para o Brasil ter chance neste mercado, nós devemos olhar com a velocidade exponencial de novas tecnologias e reconhecer quais as que serão predominantes.

Vou usar um exemplo: no momento em que começou a produção de carros não faria mais sentido investir em cavalos, faria sentido investir em carros e em estradas, mesmo quando havia poucos carros nas ruas. Da mesma forma, um dos gaps que o Brasil tem hoje é de infraestrutura, então deveríamos investir em estradas?

Por que não investir nas tecnologias como machine learning, como disponibilizar internet gratuita e de qualidade para a população, como investir em novas formas de locomoção, como disponibilizar e potencializar o blockchain de forma a reduzir a burocracia brasileira?

Então é olhar quais são essas tecnologias que vão se tornar padrão no mercado e deixar de investir nas antigas. Não faz mais sentido investirmos em cabo para telefonia fixa se hoje todo mundo anda com dois ou três celulares na mão. É pensar de forma exponencial, e que o nosso governo possa ter uma visão de futuro e investir naquilo que será relevante no futuro e não no gap de hoje.

Acha que o político brasileiro está maduro para pensar dessa forma?

Não acredito que a nossa classe política esteja madura para pensar de forma exponencial, mas a classe política, na minha visão, é um reflexo das nossas escolhas como cidadão. Eu reputo mais a nossa responsabilidade, eu me torno mais protagonista desta proposta, e depende de nós.

Se a gente depositar a nossa crença no outro, a gente se torna vítima, se torna refém. O meu convite é para que nós, cidadãos brasileiros, acreditemos nesse país. Eu sou pai de quatro filhos, e a alternativa que eu escolho é a de trabalhar todos os dias por um Brasil mais justo, mais próspero e mais ético.

Eu faço isso por meio das empresas, contribuindo para que elas sejam mais prósperas, gerem mais empregos e oportunidades e criem um círculo virtuoso.

Como vê a corrupção hoje?

Nós nos deparamos com inúmeros escândalos. Muitos deles, uma parte dos empresários já tinha conhecimento que existiam, e o que está vindo à tona nada mais é do que a boa notícia de que estão sendo levados à Justiça alguns dos casos já comprovados.

E vejo o combate à corrupção com muito bons olhos. Vejo que uma geração que está surgindo, dos meus filhos, dos adolescentes, tem uma tolerância menor a comportamentos que a minha geração e uma anterior à minha achavam natural.

Eu me pergunto por que vemos que brasileiros avançam um sinal vermelho no Brasil, mas em um outro país eles não fazem isso.

Por que no Brasil nós toleramos um pouco mais? A mesma pessoa que tem um comportamento que se desvia de um comportamento ético no Brasil se mantém ético em outro país. Eu acredito que é o ambiente, o contexto.

Se você estiver em um ambiente em que a Justiça prevaleça e aquele que tem um desvio de conduta seja responsabilizado e pague as consequências, você gera um ambiente no qual a norma é seguir e cumprir as leis.

E é isso que nós precisamos fazer, de uma forma moderna, utilizando as novas tecnologias, disponibilizando a informação para todos, unificando as nossas bases de dados do governo e utilizando tecnologias como o blockchain para reduzir drasticamente a nossa burocracia e implementando isso de uma forma muito ágil.

Mas no Brasil a Justiça é criticada por suposta lentidão. Fazer uma reforma na Justiça seria um caminho?

Eu não vejo como fazer uma nova cultura de país, uma nova forma de nação sem mexer em todas as instituições do Brasil. É claro que a possibilidade de entrar com recursos infindáveis na Justiça favorece os culpados. Então, uma reforma na nossa Justiça precisa acontecer. No Executivo e no Legislativo, também precisa acontecer.

Todas precisam acontecer a serviço de um propósito de país, de nação no longo prazo. Onde o Brasil gostaria de se encaixar, qual diferenciação o Brasil quer ter nesse mercado? Se ele quer ser um provedor de commodities é um caminho, se quer ser um promotor de talentos e criatividade pode ser um outro caminho.

Como avalia a reforma trabalhista e as propostas da reforma da Previdência?

Para o Brasil reduzir os principais gaps que hoje existem, que são educação, saúde, segurança pública e infraestrutura, precisamos entrar numa nova onda de reformas. A reforma trabalhista, na minha opinião, foi um passo muito importante.

Quanto mais flexibilidade para as diversas formas de trabalho que estão surgindo e a legislação permitir, melhor para o trabalhador e melhor para a empresa. Óbvio que precisa ter órgãos que regulem e evitem abusos dos dois lados.

No mundo abundante, e isso já acontece em outros países, você tem uma cirurgia em que o paciente está num país e o cirurgião está em outro. Qual legislação trabalhista deve reger essa relação: a do país do médico ou a do paciente?

Se a legislação não conseguir tirar o atraso e acompanhar o que está acontecendo no mundo, infelizmente vamos perder relevância.

Em relação à reforma da Previdência, parece óbvio que o que era válido 50 anos atrás, com a expectativa de vida de então, não é mais válido para o mundo de hoje.

Se o Brasil busca aumentar o seu índice de poupança, de investimento reduzindo o seu déficit, eu não vejo outra opção senão enfrentar esse desafio da Previdência da mesma forma que diversos países no mundo enfrentaram.

Como estudar sem dinheiro?

A HSM é assim:

  • Fundação

    1987

  • Funcionários

    100 (diretos) e 2.000 (indiretos)

  • Unidades de atendimento

    Live Events; Escola de Negócios (HSM Academy); e Digital (HSM Experience)

  • Eventos realizados

    400

  • Assinantes da plataforma

    20 mil

  • Pessoas treinadas

    300 mil

  • Empresas participantes

    9.000

  • Horas de treinamento

    2.000

Como um desempregado pode se qualificar melhor?

UOL - Para quem está desempregado e tem falhas na educação, que conselho você dá? Como conseguir alguma oportunidade no mercado de trabalho?

Guilherme Soárez - Hoje temos um grande desafio porque há muita gente sem trabalho.

O que posso sugerir a essas pessoas é tentarem acessar o conteúdo que está disponível nas redes, tentem se reciclar e tentem se manter relevantes, colocando conteúdos, criando, pensando, escrevendo, gravando vídeos e postando nas redes sociais.

Mantendo-se atualizado e relevante. Mais importante hoje em dia do que um trabalho é uma função. Mais importante do que um emprego é você ser capaz de desempenhar uma função, seja para você, para um empreendedor ou para uma grande empresa.

Seja você o seu próprio emprego, aprenda, desenvolva-se e seja você o seu próprio departamento de marketing. Acredite em você, e você vai se surpreender com a sua capacidade. Porque, uma vez que você deixe de esperar por um emprego e se mobilize, as pessoas vão bater na sua porta e buscar estar ao seu lado.

A HSM é uma empresa conhecida pela educação executiva, mas os cursos são caros. Isso não exclui muita gente?

Muitas empresas de educação corporativa precisam ter o retorno sobre os investimentos feitos e, por isso, muitas vezes, têm preços altos que excluem uma parcela significativa da sociedade, que não tem o poder aquisitivo para adquirir esse produto.

A HSM tem trabalhado para expandir o seu conteúdo de uma forma mais exponencial de diversas formas. Nossos eventos têm uma participação da ordem de 6.000 pessoas presenciais na HSM Expo, mas cerca de 30 mil pessoas nos acessam direto de suas empresas via satélite.

Alguns dos conteúdos que nós disponibilizamos dentro dos nossos eventos são oferecidos de forma gratuita por streaming nas nossas redes sociais. São formas de disponibilizar a maior parte do nosso conteúdo para o público que não tem poder aquisitivo.

Por exemplo, temos uma parceria com o maior podcast, que é completamente gratuito, e trazemos o conteúdo de forma acessível para todos. Hoje acredito que o conteúdo esteja disponível. O importante são a curadoria e o protagonismo da pessoa em buscar o conteúdo para as suas necessidades.

Após os nossos eventos, a nossa plataforma digital, que é a HSM Experience, disponibiliza todos os nossos conteúdos de forma editada. Uma palestra de uma hora, nós editamos, legendamos e disponibilizamos cápsulas, pílulas de oito, dez ou 12 minutos com o principal tema da palestra.

A HSM, para entregar o seu propósito que é contribuir para a transformação do Brasil, atua em três pilares: os eventos com os principais nomes de gestão do mundo; a HSM Academy, que é o nosso braço para cursos customizados dentro das empresas, apoiando no desenvolvimento de novas habilidades, novas formas de trabalhar em linha com a estratégia das empresas; e o HSM Digital, o nosso grande repositório de conteúdo, colocado à disposição de todas os clientes.

Quais os principais nomes que já trouxeram para o Brasil?

Um dos grandes nomes recentemente foi o Michael Phelps, o maior medalhista da história das Olimpíadas. Ele esteve conosco junto com o seu técnico Bob Bowman, que o acompanha desde os 11 anos de idade.

E muito se fala que o Michael Phelps nasceu com vantagens de seu corpo ter uma aderência muito importante na água. E ele falou uma frase na HSM Expo do ano passado que me marcou.

Ele disse que: “da mesma forma em que fui abençoado e tenho algumas características físicas que me favorecem a nadar no nível que eu nado, conheci centenas de outros nadadores que têm as mesmas semelhanças físicas que eu tenho. Mas eu sempre fui aquele que nadou e se dedicou mais. Sempre fui aquele que trabalhou mais duro para chegar onde cheguei”.

E ele trouxe um aprendizado que é: em vez de enfrentar os problemas e desafios dizendo que não consegue, ele aboliu essa expressão do vocabulário e trocou por outra: "como posso conseguir atingir esse objetivo?”

Teve também o Nassim Taleb. Ele é um matemático que pensa muitas teorias, estatísticas, e aplica o conceito da antifragilidade. Ele define que o antifrágil é aquele que prospera na crise, que prospera no caos. Diferente do frágil, que quebra ao sofrer o impacto externo.

Aquele executivo ou empreendedor que seja capaz de prosperar num ambiente fluido, caótico, se torna antifrágil e vai fazer a diferença.

Tem dicas práticas para construir uma carreira de sucesso?

A carreira de sucesso é muito relativa, é sucesso em relação a quê? Eu acredito na palavra equilíbrio. Sucesso para mim é sinônimo de uma vida equilibrada em que você foi capaz de se realizar profissionalmente, de poder contribuir em prol do seu propósito, mas também de constituir uma família, de ter uma vida equilibrada em sua saúde, fazer amigos. Isso para mim é sucesso.

Uma carreira de sucesso no mundo de hoje depende exclusivamente do indivíduo. O mais importante é que, diferente de décadas atrás, o indivíduo não tem mais o luxo de parar de aprender. A gente vai viver até 80, 90, quem sabe até cem anos.

Então, minha dica de uma carreira de sucesso é: tente quanto mais cedo encontrar aquilo que lhe dá prazer, aquilo que o realiza, e vincule o seu trabalho com isso. Não quer dizer que você precisa exatamente fazer o seu trabalho naquilo que é o seu hobby, muito pelo contrário.

Há pessoas muito felizes e muito bem-sucedidas que têm um trabalho justamente para sustentar aquilo que é o seu sonho, o seu hobby. Poucos são os sortudos que conseguem unir os dois, e nem por isso a gente precisa ficar frustrado. Mas precisamos fazer o nosso trabalho e o nosso dia a dia com dignidade e responsabilidade.

Simon Plestenjak/UOL e Arte/UOL

Curtiu? Compartilhe.

Topo