A situação melhorou nos programas de fidelidade e já não se perdem tantas milhas como antes. Mas ainda se deixa de ganhar muita passagem aérea por causa do hábito do consumidor brasileiro de comprar tudo em cima da hora.
A avaliação é de Leonel Andrade, CEO (diretor-executivo) da Smiles, a empresa de fidelidade controlada pela companhia aérea nacional Gol. Em cinco anos, a perda de milhas caiu a menos da metade na Smiles: em 2012, perdiam-se mais de 30%, e hoje o índice está em 14%.
A primeira dica para conseguir resgatar milhas é antecedência. Tentar trabalhar sempre com mais de 90 dias é o ideal
"A gente vende todas as nossas passagens com 330 dias de antecedência. Significa que hoje nós estamos vendendo passagem para o Carnaval do ano que vem. Todo mundo já sabe em que dia vai cair o Carnaval. Sei que não há um hábito de se programar com tanta antecedência. Mas o quanto antes melhor vai ser para o consumidor, sem dúvida nenhuma."
Mas ele não coloca a responsabilidade só para os clientes e diz que as empresas têm de oferecer produtos que viabilizem resgate de milhas. "Não posso jogar tudo no colo do consumidor. Ele está acumulando milhas, e muitas vezes só consegue resgatar quando está em cima do voo. E aí reclama que não consegue a passagem."
Sem assentos para quem resgata
Muitos consumidores reclamam justamente da dificuldade em conseguir passagens em troca de milhas. Muitas vezes, não há assentos disponíveis para isso. Ele diz que, na Smiles, se houver vaga em voo nacional, isso está garantido
"No Brasil, nós garantimos: se existe um lugar vazio no avião da Gol, sempre você pode usar Smiles, nós não temos nenhuma restrição. Se a pessoa não conseguiu comprar passagem com milha no Natal, por exemplo, é que o avião estava lotado, mesmo para quem pagaria em dinheiro. A gente não tem restrição nenhuma."
Em passagens internacionais, ele admite que pode haver dificuldade em resgatar, dependendo da empresa. A Smiles trabalha com 14 companhias aéreas (incluindo a Gol).
"Para o exterior, até por causa da crise, as companhias aéreas diminuíram muito as suas rotas para o Brasil, e eventualmente é mais difícil conseguir na alta temporada (em julho e de final de dezembro a início de fevereiro). Em alta temporada, de fato acontece de ter lugar no avião e você conseguir usar as milhas porque, para cada empresa parceira, há um acordo."
O preço em milhas é justo?
Os clientes também reclamam do preço das milhas para converter em passagens. Uma viagem pode exigir muitas milhas, impedindo que o cliente realize sua troca.
Leonel Andrade diz que depende do momento da compra. "Normalmente, a lógica é muito parecida com a de compra em dinheiro. À medida em que o avião vai enchendo, as passagens em dinheiro vão ficando mais caras e as passagens em milhas podem acompanhar. Nem sempre é assim, porque a gente tem uma lógica um pouco diferente no sistema, e pode acontecer de ter muita promoção mesmo."
Ele diz que, se falta uma semana para o voo sair e não está cheio, as companhias aéreas parceiras mandam muitas passagens para a Smiles fazer promoção. "Mas não é normal. O normal é que o preço vá subindo na medida em que vai chegando mais perto do voo."