O preço das passagens aéreas nos EUA em geral é bem mais baixo que no Brasil. O problema é que são dois mercados com características muito diferentes e não dá para comparar, diz o diretor regional de Vendas da American Airlines, Dilson Verçosa Jr. Apesar de não ser tão desenvolvido, o mercado doméstico de aviação brasileiro é o terceiro melhor do mundo, atrás de EUA e China, diz. Leia a seguir sua avaliação sobre a economia do setor:
Os mercados do Brasil e dos EUA são completamente diferentes, apesar de serem dois países com dimensões continentais. No mercado americano, você tem um percentual muito grande da população que viaja de avião. O transporte aéreo compete também com o serviço de trem, com o aluguel de carros, com ônibus e outros serviços de transportes.
O que é um pouco diferente do mercado brasileiro, onde você ainda tem primeiro uma parcela muito grande do mercado corporativo que viaja de avião. Só nos últimos anos é que começou a haver uma boa parte da população com acesso às viagens de avião. Mas ainda é uma parcela bem restrita
Não há escala nem tamanho suficiente ainda para haver mais empresas e mais voos e fazer isso [reduzir preços]. São mercados diferentes. A gente não pode comparar. É muito complicado querer se comparar com os Estados Unidos. Os EUA estão à frente de qualquer comparação de qualquer outro lugar do mundo
A gente tem que comparar um pouco com países de dimensões iguais e com PIBs semelhantes.
Brasil é terceiro maior mercado
O mercado de aviação brasileiro é o terceiro melhor mercado doméstico do mundo, somente atrás dos EUA e da China. É um mercado extremamente importante
O Brasil é um país com 200 milhões de habitantes e dimensões continentais, precisa do serviço de transporte aéreo. É um mercado importante, apesar de hoje a gente voar para menos cidades no Brasil do que voávamos há 15 anos, mas é um mercado que tende a crescer.
Se você pega o número de brasileiros que ainda viaja de avião, ainda é um número muito pequeno em comparação com o mercado americano.
O Brasil é muito importante para a American, é uma das maiores operações internacionais da companhia, é comparável à operação do Reino Unido hoje. É uma importância muito grande, mas é difícil dizer em percentual.
Você não pode avaliar o que a receita local representa dentro da receita da empresa, porque você tem de considerar tudo: a aeronave que tem aqui, o tamanho do investimento, o que você vende lá fora em função de ter uma presença no mercado brasileiro... É uma série de coisas.
O que eu posso dizer é que é uma operação extremamente importante para a companhia, mesmo nos anos mais difíceis.
Expectativa é de um ano bom
A perspectiva para este ano é boa, estamos tendo uma recuperação geral. Em relação ao ano passado, já estamos vendo uma recuperação. O país também está tendo uma recuperação, mas não está fácil para projetar no Brasil a médio prazo.
Na hora em que começamos a ver uma melhoria, entramos numa situação mais complicada, meio instável, de flutuação de câmbio, e isso influi bastante a decisão de viagem das pessoas.
A aviação é um mercado muito sensível, qualquer coisa afeta. Se houver um aumento de combustível, afeta muito. Uma questão cambial afeta muito.
Ter instabilidade no câmbio deixa as pessoas com receio de viajar. Você sai com seu cartão de crédito a R$ 3,10 o dólar e você volta com R$ 3,40 ou R$ 3,50. É realmente um forte baque no seu bolso e nas suas finanças
Novas rotas e outros investimentos
A gente está retomando algumas das rotas que cancelamos nesse último ano. Vamos retomar o voo Rio-Dallas. Vamos voltar a operar pelo menos três vezes por semana, de dezembro até o Carnaval.
Vamos ter uma terceira frequência de São Paulo para Miami, um voo diurno diário, também a partir de dezembro.
Fora isso, a gente tem uma série de outros investimentos também no país: estamos melhorando nossos escritórios, aumentando nosso call center, vamos ter uma mudança no escritório no Rio de Janeiro, vamos iniciar a construção de um hangar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Será o primeiro hangar de manutenção fora dos Estados Unidos. Ele ficará pronto na metade de 2018. Atenderá cinco aeronaves ao mesmo tempo. São pequenos serviços de manutenção para aproveitar o fato de você ter uma boa parte desses aviões parados o dia inteiro no aeroporto. É um investimento de US$ 100 milhões.