Pagamentos por crédito ou débito representaram 28,5% do consumo das famílias brasileiras no primeiro semestre de 2016, contra 27,5% no mesmo período de 2015.*
Pode soar chato, mas empregar alguns minutos lendo as regras do programa de pontos ajuda a ter clareza de como fazer o melhor uso dos benefícios. Em geral, o regulamento informa que estabelecimentos participam do programa, se há maneiras de dobrar ou multiplicar os pontos e quando eles vencem.
"A quantidade de pontos que a pessoa precisa acumular deve casar com o vencimento deles", alerta Marcos Melo, professor de Finanças do Ibmec/DF e diretor da Valorum Gestão Empresarial. Não adianta planejar comprar uma viagem que vai demandar anos de acumulação, período em que muitos pontos devem vencer. Escolhidos os produtos que deseja, é preciso calcular quanto tempo levará, com seu gasto mensal médio, para juntá-los. E aí, verificar se é possível alcançar o objetivo.
O usuário pode verificar online quantos pontos acumulou ou, em alguns casos, deve apenas ficar atento aos e-mails que recebe, pois algumas empresas enviam o saldo periodicamente. Tudo isso para não deixar os pontos se perderem. "Às vezes, você junta, junta, junta e esquece", diz Myrian Lund, "com esse acompanhamento, a pessoa não corre o risco de fazer o esforço e não usufruir".
Entre as ofertas para aumentar a biblioteca, há livros infantis e adultos, de autores consagrados como Gabriel García Márquez e Milan Kundera, e de temas variados, que vão da autoajuda ao Direito.
Imagem: ShutterstockSofás, poltronas e cômodas vão exigir mais tempo para acumular, mas podem ser um bom negócio. Se o caso é mobiliar o imóvel, é possível encontrar até uma cozinha inteira para resgatar. Para quem se planejou para adquirir objetos que empenhem menos pontos, há enfeites e almofadas e, já que o fim do ano se aproxima, bolas de Natal.
Imagem: ShutterstockPensou em iniciar um negócio ou melhorar o que já tem com um equipamento novo, mas está sem dinheiro? Vale pesquisar entre as ofertas do programa de pontos também. Ali há materiais úteis em diversas atividades, como máquinas de solda elétrica.
Imagem: ShutterstockA ideia é suar só no exercício - e não para pagar os aparelhos. É possível usar os pontos para resgatar esteiras, bicicletas e acessórios, como elásticos e tornozeleiras.
Imagem: ShutterstockPara aniversários ou mesmo o Natal vale a pena explorar a lista do programa de pontos para encontrar um presente infantil. Há ofertas de diversos brinquedos, inclusive aqueles bem procurados, como a boneca da Peppa Pig.
Imagem: ShutterstockEsses podem ser uma alternativa para quem quer fazer resgates com poucos pontos. Adquirir xampus ou escovas de dente ajuda a encurtar a lista de supermercado, o tipo de economia que se sente imediatamente.
Imagem: ShutterstockPara quem vai ter um filho ou pretende presentear um recém-nascido, há ofertas que vão de um simples babador a um conjunto de saída de maternidade.
Imagem: ShutterstockUma boa opção entre resgates com menos de mil pontos e que ajuda a eliminar mais um item dos gastos semanais ou mensais.
Imagem: ShutterstockAntes de decidir qual cartão de crédito terá ou se vale a pena pedir um novo, pesquise as operadoras que oferecem benefícios adequados ao seu perfil. Algumas dão descontos em programas de lazer como cinemas e parques, ou oferecem de graça pequenos serviços em casa, por exemplo. Assim você terá acesso a outras vantagens, além dos pontos e da facilidade de pagamento. Também inclua na sua pesquisa a anuidade, que deverá ser tratada como um gasto fixo.
Não adianta juntar pontos se não monitorar o prazo de validade deles: perdê-los por falta de uso é jogar dinheiro fora. Atenção aos e-mails enviados pelas operadoras: geralmente eles trazem os pontos que estão prestes a expirar. Se não tem tempo para isso, crie uma rotina. Terça sim, terça não, por exemplo, entre no site do programa de recompensas e confira seu saldo.
Não como um novo tipo de renda: utilize o cartão de crédito para fazer as compras que já fazia antes. Aumentar os gastos para acumular mais pontos não tem sentido. "O cartão de crédito não é um dinheiro extra, não é para ser pago com salário do próximo mês, mas com o salário deste", diz Marcos Melo, professor de Finanças do Ibmec/DF e diretor da Valorum Gestão Empresarial. "Usando assim, de forma racional, a pessoa ganha várias vezes: tem o produto antes, se tiver dinheiro aplicado tem os juros e ainda ganha os pontos", completa.
Jamais divida o pagamento da fatura do cartão. "Pagar os juros do cartão de crédito nunca vale a pena. Não há aplicação financeira que possa render mais que essas taxas", alerta o professor Haroldo Monteiro. Já o parcelamento das compras com crédito pode ser uma alternativa para quem não tem o valor total do produto disponível no momento da compra. Porém, para fazer essa opção é preciso planejar e anotar os gastos. Caso contrário, a fatura pode acabar sendo uma surpresa desagradável, com a soma de parcelas de pequeno valor que se acumulam.
Pagamentos por crédito ou débito representaram 28,5% do consumo das famílias brasileiras no primeiro semestre de 2016, contra 27,5% no mesmo período de 2015.*
O volume movimentado pelos cartões de débito e crédito cresceu 258% nos últimos oito anos. No mesmo período, o valor transacionado por cheques caiu 16%.*
Cartões de crédito são a terceira maior modalidade de crédito do Brasil, atrás do crédito imobiliário e do pessoal, segundo dados da Abecs (Associação das Empresas de Cartões).
85% das pessoas pagam o valor integral da fatura de cartão de crédito. Apenas 5% pagam o valor mínimo, 3% pagam outro valor e 7% optam pelo parcelamento da fatura.**
E assim, perder pontos, porque não foram creditados devidamente ou mesmo porque venceram. Escolha um dia da semana para monitorar o programa de recompensas e esteja atento às mensagens enviadas pelas operadoras. Em geral, elas trazem o saldo e os pontos próximos do vencimento. Algumas empresas permitem uma reativação mediante pagamento. Mas é preciso checar o prazo desses pontos e, mais uma vez, se serão de fato usados. "A pessoa faz a reativação e os pontos só valem seis meses, mas ela está esperando poder usá-los após dois anos ou mais, e acaba perdendo de novo", diz Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão financeira da FGV-Rio. "Reativar e não usar é duplo prejuízo."
Tem pontos quase vencendo? Trate-os como prioridade. Abrir mão deles sem tentar usá-los é jogar dinheiro fora. "Se vai perder os pontos, qualquer coisa que faça com eles é vantajosa", afirma Ricardo Teixeira. Vale fazer um resgate menor de algo para si, para a casa ou para presentear, ou transferir os pontos para alguém querido, como um presente ou mesmo como um produto, pelo qual receberá em dinheiro. "Outra alternativa é passar para alguém com mais pontos e comprar algo junto com essa pessoa ou mesmo fazer uma doação."
Com o preço dos produtos em pontos, às vezes é difícil saber se um resgate vale ou não a pena. Para ter certeza do bom negócio, é necessário pesquisar e fazer cálculos. "Eu geralmente faço duas comparações: do preço do produto na loja e do quanto eu gastaria para comprar uma passagem aérea. Não compensa gastar dez mil pontos, ou dez mil milhas, com algo que custa em torno de cem reais", diz o ator Osvaldo Marques, de 34 anos, um exemplo de acumulador de pontos.
Saber o que quer é essencial para não gastar pontos com objetos desnecessários. Se tem objetivos demais, o risco é a pessoa não conseguir focar naquilo que realmente deseja e ficar sem isso. "É preciso priorizar o que quer, a médio e a longo prazo. O ideal é fazer uma lista e pendurar em um local bem visível, para não se distrair", sugere a planejadora financeira Mirian Lund, da Lund Finanças.
A chance de gastar pontos com algo desnecessário ou mesmo fazer um mau negócio aumenta se o tempo estiver pressionando a compra. Trate um resgate como uma compra comum, ou seja, faça com planejamento e, na dúvida, prefira dar um ou dois dias de prazo para si antes de se decidir. E tenha em mente que os produtos demoram um tempo para chegar a sua casa. Se estiver comprando um presente ou mesmo um produto de que necessite muito, leve o prazo em consideração.
Esse é um dos maiores erros porque pode comprometer seriamente o orçamento doméstico. Os especialistas são unânimes em dizer: nunca vale a pena fazer compras extras com o cartão para conseguir mais pontos. "A ideia é acumular os pontos sem gastar. Caso contrário, dificilmente é bom negócio", alerta Ricardo Teixeira, da FGV-RIO.