
Todo empreendedor sabe: não basta se decidir por um produto e começar a vendê-lo. É preciso ter um capital disponível para manter a empresa em pleno funcionamento. Este montante é o chamado "capital de giro", o recurso necessário para a continuidade das operações, ou seja, para pagar impostos e despesas como luz e telefone, montar o estoque, comprar a matéria-prima e pagar salários. Ele serve também para garantir mais competitividade ao empreendimento, pois permite negociar boas condições com fornecedores – comprar quantidades maiores a preços menores, por exemplo – e repassar esses benefícios aos clientes.
Em outras palavras, a boa gestão do capital de giro é um dos pilares da saúde de um empreendimento e de sua continuidade. Entre julho e agosto de 2016, o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) fez uma pesquisa com 2.006 empresas ativas e inativas, criadas nos anos de 2011 e 2012. O propósito era identificar os fatores que tinham determinado – ou determinavam – sua sobrevivência/mortalidade. O resultado foi que a sobrevivência não dependia apenas de um fator, mas de vários.
Entre as empresas ativas, era maior a proporção daquelas que negociaram prazos com fornecedores e conseguiram empréstimos em bancos. Além disso, a maior parte delas também costumava, com muita frequência, aperfeiçoar produtos e serviços, investir na capacitação da mão de obra e dos sócios, manter-se atualizada em relação à tecnologia, fazer um acompanhamento rigoroso das receitas e despesas e diferenciar produtos e serviços – aspectos diretamente ligados à boa gestão do capital de giro.
Foi o que aconteceu com o comerciante Eduardo Aristides (foto). Menos de um ano após abrir sua quitanda na Zona Oeste de São Paulo, ele se viu com pouco dinheiro em caixa para pagar as contas e investir em estoque e produtos. Foi então que fez a opção pelo BNDES Giro. "É a melhor opção, pois tem uma condição de taxa que nenhum banco me daria", conta.
A boa gestão do capital de giro passa necessariamente pelo controle financeiro cuidadoso. O Sebrae aponta como os mais básicos: controle diário de caixa, com o registro de todas as entradas e saídas de dinheiro para apuração do saldo; o controle bancário, também diário, com a anotação de toda a movimentação bancária e o controle dos depósitos e créditos na conta da empresa, além dos pagamentos feitos por meios bancários e valores debitados em conta, como tarifas bancárias, contas em débito automático e juros; controle de estoque, para evitar desvios, calcular reposições e evitar acúmulos; controle diário de vendas, para conferência do caixa, definição e redefinição de metas e melhor gestão do estoque; e controle de contas a receber e a pagar. Além desses, é preciso fazer o controle mensal de despesas, para acompanhar a evolução de cada gasto e saber onde é possível economizar.
O acompanhamento rigoroso desses dados fornecerá informações essenciais sobre os custos operacionais do negócio – e vai embasar decisões mais acertadas para corrigir rumos. Por exemplo: é preciso ter uma noção clara sobre a velocidade em que o dinheiro roda na empresa. Se esse processo é demorado, pode haver necessidade de buscar mais capital de giro. A relação entre receitas e despesas da empresa também influencia nessa decisão. Se o dinheiro no caixa, nos bancos e das contas a receber a curto prazo é menor do que o devido a fornecedores, contas a pagar e bancos, logo faltará capital de giro. Então, é preciso encontrar soluções. Uma delas é buscar apoio. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) oferece um programa voltado justamente para quem enfrenta esse problema.
Ao perceber que as sobras começam a reduzir demais, talvez esteja na hora de solicitar um BNDES Giro Carlos Alberto Vianna, contador da instituição
O BNDES Giro é voltado especificamente para capital de giro. É um recurso que o empresário pode usar para as necessidades do dia a dia da empresa – não precisa necessariamente estar ligado a um projeto de investimento, como uma obra, ou à aquisição de máquinas e equipamentos. O produto atende empresas de todos os tamanhos, mas micro, pequenas e médias têm condições especiais não só na taxa, como também no prazo de pagamento, que pode chegar a 60 meses, incluindo a carência que pode variar de três a 24 meses.
Micro, pequeno ou médio empresários podem fazer a solicitação do BNDES Giro pelo site do BNDES. Na página, o empreendedor preenche um formulário para informar algumas características do seu negócio e o sistema oferece as linhas de financiamento mais adequadas para ele. Além disso, a página lista bancos, agências de fomento e cooperativas que concedem o apoio naquelas linhas. Depois, o empresário escolhe as instituições de sua preferência e uma proposta é enviada pelo Canal a eles. Em um segundo momento, já na instituição financeira, o empreendedor terá a possibilidade de concessão do crédito analisada, receberá orientações sobre a documentação necessária para fazer a solicitação e negociará garantias.
Para financiamentos acima de R$ 10 milhões, o apoio pode ser solicitado diretamente ao BNDES através do sistema da Consulta Prévia Eletrônica do BNDES Giro – nesse caso, é preciso apresentar uma fiança bancária como garantia ou possuir um indicador financeiro [(Divida Líquida) / (EBITDA)] menor ou igual a 6,0, apurado com base nas Demonstrações Financeiras das principais empresas do Grupo. As taxas de juros são negociadas caso a caso. É possível fazer uma simulação no próprio site.
Era o final de 2015 quando o publicitário e ex-dono de agência Eduardo Aristides, hoje com 36 anos, conseguiu abrir sua quitanda. A decisão era uma mudança de vida, algo em que não só via muito mais sentido do que no mundo da propaganda, mas que também o reconectava com suas origens. "Meu avô veio de Portugal para o Brasil e virou feirante. Minha infância foi vê-lo no sítio, plantando e colhendo para vender", conta. "Meu pai também é feirante e trabalhei com ele dos 15 aos 19 anos", completa. A homenagem às raízes, pontua o empresário, está no nome do estabelecimento, Quitanda do Seu Aristides, e no trato com os clientes. "A ideia é resgatar esses tempos antigos, o bom atendimento. É um comércio de bairro, a gente conhece cada um que vem aqui", diz.
Localizada na Vila Leopoldina, na Zona Oeste de São Paulo (SP), a quitanda abre de segunda a segunda e atende cerca de 150 pessoas por dia. Porém, menos de um ano após a abertura, Eduardo percebeu que o dinheiro em caixa não era suficiente. Ele precisava de mais recursos para conseguir pagar as contas do negócio e investir em estoque e produtos. Foi então que fez a opção pelo BNDES Giro.
O BNDES Giro é um crédito que está ali para ajudar
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Eu já conhecia o BNDES, mas pensei: será que tem algo ali para mim? Em geral, a gente vê esse banco ligado a grandes empresas. Fui na página deles na internet e vi que sim, havia algo ali para mim, o BNDES Giro. Liguei para o BNDES para tirar dúvidas e me orientaram a falar com o meu gerente, no meu banco. Entrei em contato com ele e disse: quero isso, não esses juros altos que vocês têm aí. Depois, o gerente do banco me ajudou muito, me orientou e auxiliou a juntar os documentos necessários para conseguir o crédito.
Peguei o BNDES Giro duas vezes. Na primeira, em 2016, precisava pagar as contas. E na segunda, em dezembro de 2017, foi voltado para a expansão da quitanda. A loja dobrou de tamanho, contratei mais quatro pessoas e passamos a vender também carne e frango orgânicos, produtos como suco de uva orgânico, óleo de coco, nozes, castanhas e frutas secas. Também passamos a fazer comida para vender. De quinta a domingo tem pastel de feira e todos os dias tem sopa, salada de frutas, sucos, caponata de berinjela… A gente sempre inventa alguma coisa para se manter na mente dos fregueses.
As pequenas empresas não têm tantas alternativas. O BNDES Giro era a melhor opção, pois tem uma condição de taxa que nenhum banco me daria. Com uma taxa honesta, você se sente incentivado: o crédito não está ali para te esfolar, mas para te ajudar. Alívio foi minha principal sensação nas duas vezes em que peguei o Giro, porque você se vê pagando por aquilo de maneira saudável. O pequeno empreendedor tem muita dificuldade e é a gente que leva esse país, no peito e na raça.
No começo de 2018, a G3 Rio Aviação, que vende pneus aeronáuticos e partes e peças para aviões particulares e agrícolas, se viu em dificuldades para conseguir vencer a turbulência causada pela crise econômica. "Tivemos que vender bastante estoque e ficamos descapitalizados para repor", conta Newton Moreira, 52 anos, um dos sócios da empresa. "Só tenho dois fornecedores, um no exterior, e não posso dever: o Banco Central fiscaliza. E o outro é a fabricante dos pneus: se eu atrasar o pagamento, eles cortam meu crédito e, sem isso, não consigo oferecer vantagens aos clientes", diz.
Newton e o sócio, Antonio, perceberam que era hora de buscar apoio. Mas onde? Meses antes, tinham ido a uma palestra do BNDES sobre linhas de crédito. O convite tinha vindo por e-mail, porque a empresa de vinte anos já usava o cartão do banco, que permite comprar materiais de ativo fixo, como máquinas e equipamentos, com melhores condições de prazo e taxa.
Na palestra, uma linha em particular chamou a atenção da dupla. "Para o nosso negócio, o que despertou interesse foi o BNDES Giro. Essa linha permite usar o dinheiro da melhor maneira possível para manter a empresa funcionando, não fica amarrada a nada específico", conta.
Após terem consultado instituições financeiras com que já trabalhavam, escolheram a que ofereceu a melhor proposta. "O crédito veio em ótima hora, já estávamos com o caixa bem baixo, precisando repor o estoque". Sem o recurso, o empresário acredita que o negócio estaria em grandes dificuldades hoje.
Newton ressalta que a escolha pelo BNDES Giro foi embasada por muita pesquisa. "A linha é mais barata. Se tivesse pegado o crédito direto do meu próprio banco, por exemplo, teria sido bem mais caro", conta. "Além disso, vamos poder pagar em 45 parcelas. E ainda tivemos três meses de carência, o que foi excelente, um alivio: não foi preciso começar, já no mês seguinte, a desembolsar parte do que pegamos com pagamentos", diz.
O dinheiro foi fundamental para seguir em frente, sem se deixar abater pela recessão que dominou todo o mercado. Newton conta que o crédito está aplicado em três pilares: ficar em dia com fornecedores, repor o estoque da empresa e suportar a eventual inadimplência de alguns clientes.
Conseguimos ficar saudáveis e manter nossa reserva de caixa para as coisas seguirem nos trilhos
Para boa parte dos negócios no Brasil, os últimos anos têm sido de tentativas para não fechar as portas em meio ao freio no consumo e à recessão econômica que toma o País desde 2014. A fabricante de calçados Vinci Shoes, porém, tem uma história diferente.
Desde que abriu, há cinco anos, a empresa especializada em sapatos femininos sem salto conseguiu sair do mundo virtual para o físico, com três lojas em diferentes capitais brasileiras, e ainda aumentou o faturamento de maneira significativa.
Ele e os outros dois sócios foram colegas na faculdade de administração. Em 2013, perceberam uma oportunidade de negócio na fabricação de sapatos sem salto. “Nossa região é um polo de produção de sapatos e vimos que tinha brecha de mercado para esse posicionamento. A gente consegue trazer muitas das tendências que outras marcas deixam de lado”, diz Bruno.
Nos últimos dois anos, a gente dobrou o faturamento a cada ano
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Abriram a sede em Estância Velha, a 45 km de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e começaram com as vendas online. No entanto, há três anos sentiram a necessidade de ampliar a presença para além da internet. "Nosso resultado era bom e tínhamos um engajamento legal nas redes sociais", diz o empresário.
"Mas percebemos que havia uma demanda das pessoas que gostavam do sapatos e queriam experimentar e ver ao vivo. Decidimos abrir lojas estratégicas, que possibilitassem um contato mais próximo e físico com a marca", conta. As duas primeiras unidades foram abertas em São Paulo e Porto Alegre. Depois, foi a vez do Rio de Janeiro ganhar uma Vinci Shoes.
Para conseguir expandir, porém, a empresa precisou de capital. Além das lojas físicas, o plano era também investir em marketing digital. Mas o trio de sócios ainda não sabia qual linha de crédito seria capaz de apoiar seus objetivos. Uma reportagem na TV falando sobre o BNDES Giro iluminou a questão. O passo seguinte foi falar com o banco e pedir orientações.
"A taxa que nos ofereceram foi bem interessante. Mas a liberdade também: como éramos uma empresa nova, em crescimento, não tínhamos certeza de onde exatamente aplicaríamos o recurso", conta Bruno.
Com o BNDES Giro, pudemos captar e investir onde achamos melhor
Hoje, a empresa celebra os bons números – e não pretende parar de crescer. "Ainda estamos em fase de investimento", diz.