Por trás da riqueza e da suntuosidade em nome do tal prestígio internacional, a Copa do Mundo de 2022 é cercada por denúncias de trabalho escravo em obras de infraestrutura. A acusação é da Anistia Internacional, entidade que atua na proteção dos direitos humanos. Imigrantes pobres de países próximos, como Índia, Nepal e Bangladesh, estariam vivendo em condições humilhantes de trabalho e vida, como dormir amontoados com pouca higiene, entre baratas e submetidos a agressões.
O Governo nega essas e outras acusações, como as que dizem respeito a mortes por acidente de trabalho. De acordo com a imprensa inglesa, foram mais de 1.200 mortes diante destas condições sub-humanas de vida. Além disso, também existem relatos de apreensão de passaportes dos trabalhadores de outros países. Como o processo é conduzido com pouca transparência, a Fifa abriu investigação e exigiu providências. O emir diz que trata as pessoas com respeito.
Estima-se que de 500 mil a 1 milhão de trabalhadores entrará no país até o fim das obras.
"A violação de direitos dos trabalhadores migrantes é uma mancha na consciência do futebol mundial. Para jogadores e torcedores, um estádio de Copa do Mundo é um lugar de sonhos. Para alguns dos trabalhadores que conversaram conosco, pode ser como um pesadelo", disse o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty.
Entre as denúncias, investigadas pela entidade desde 2016, baseadas em entrevistas com 132 operários do Estádio Khalifa Internacional e 99 paisagistas de um centro de treinamento, estão as seguintes reclamações: alojamentos sujos e apertados, pagamentos de grandes taxas a recrutadores em seu país de origem por um emprego no Qatar, mentiras dos contratantes sobre o salário, pressões financeiras e emocionais com demora do pagamento, empregadores que não renovaram autorização de residência, permitindo risco de detenção e deportação e confisco de passaportes para que eles não deixem o país.