O negro e o arco-íris

Todo torcedor ganhou um crachá chamado "Fan ID" para entrar nos estádios da Copa. Na credencial aparece a frase "SAY NO TO RACISM" (diga não ao racismo). O pedido é fruto do enorme histórico de crimes raciais no futebol, com ênfase na sede do Mundial. Na Rússia, a sociedade aceita o racismo. Imoral, mesmo, é ser gay.

Bananas atiradas em campo, imitações de macaco e torcedores com capuz da Ku Klux Klan são cenas vistas em campos de futebol por lá que passaram sem punição. Ainda que os anfitriões estejam comportados (pelo menos por enquanto), a Copa ainda tem problemas.

Já teve racismo na Copa

Centenas de torcedores da civilizada Suécia insultaram o filho de um imigrante que errou em um jogo contra a Alemanha. Na Costa Rica, a família do técnico foi ameaçada de morte após duas derrotas da seleção. Nos dois casos, a intolerância no futebol está ligada a aspectos culturais, econômicos e políticos.

É esta trinca que faz torcedores da Sérvia entrarem no estádio com uma camisa estampando o rosto de Ratko Mladic, responsável pelo massacre de 8 mil bósnios muçulmanos em 1995. São os motivos, também, que fazem Donald Trump separar famílias de imigrantes.

Dizem que futebol é arte. E Aristóteles falou faz tempo: a arte imita a vida.

Perseguição a judeu

Um torcedor enrolado na bandeira de Israel foi perseguido e xingado por pelo menos sete torcedores de Tunísia e Marrocos. Tudo aconteceu na Praça Vermelha, em Moscou. O judeu estava com outro homem quando alguns tunisianos começaram a gritar “Viva Palestina”. Ele caminhou e os agressores acompanharam.

Passado algum tempo, pessoas com camisas do Marrocos se juntaram ao grupo e a coisa descambou para insultos. O israelense foi perseguido por quase três minutos e em nenhum momento reagiu às ofensas ou encarou os torcedores.

O vídeo foi publicado pelos tunisianos nas redes sociais. As imagens chegaram à imprensa de Israel que repercutiu a xenofobia ocorrida na cidade da final da Copa do Mundo.

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Que se f.. o racismo

O meia sueco Jimmy Durmaz foi insultado porque fez a falta que gerou o gol da vitória da Alemanha aos 49 minutos do segundo tempo. Os racistas usaram as redes sociais para atacar o jogador, que reagiu.

“Um jogador de futebol de alto nível ser criticado é algo com o qual temos que conviver, mas ser chamado de ‘imigrante de m…, ‘homem-bomba’ e receber ameaças de morte contra mim e contra os meus filhos é completamente inaceitável. Eu sou sueco, tenho orgulho de vestir esta camisa e da nossa bandeira.”

O pronunciamento do atleta de pai turco foi feito na companhia do treinador da Suécia e o elenco. Terminada a declaração, todos gritaram “que se f... o racismo”.

Racismo e futebol na Rússia

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“Eu tive felicidade de fazer o gol. Peguei a bola sozinho debaixo do pau. Era o lado da torcida adversária. Lembro que estava muito frio. Quando saiu o gol, eles começaram a fazer gesto de macaco e fizeram algumas bolinhas de neve e começaram a jogar na minha direção. Peguei rapidamente algumas bolas de neve e comemorei com meus companheiros”.

Ari se lembra bem daquela cena em 2012. O atacante brasileiro jogava pelo Spartak no clássico contra o Dynamo, em Moscou, pelo Campeonato Russo e marcou um dos gols da vitória por 3 a 1. Mas aquele dia não teve nada para comemorar. Ari sentiu o racismo que representa o lado mais sombrio da Rússia e ainda precisou se defender para não se machucar.

Na hora, sua reação foi de dar uma resposta a quem o ofendia. “Tinha uma rede de proteção e algumas bolas pegavam na rede, outras passaram. Cheguei a olhar rapidamente se alguma bola iria me atingir. Mas vi os gestos e comemorei mais ainda. Por ser um clássico, por ser um jogo importante, pelo que tinha acontecido ali. Eu queria dar uma resposta”.

O pior é que na hora ele nem pensou muito. A situação era tão corriqueira que ele já achava natural. "Já estava tão adaptado que sabia que isso era normal, não que eu concorde, mas eu nem liguei. Na hora só me preocupei em comemorar. Era um jogo importante".

Sofreu mais quando viu as estrelas Roberto Carlos e Hulk passando pela mesma situação. Mas quando percebeu a mobilização, conseguiu refletir e entender o que tudo ali representava.  “Lembro que depois de alguns dias ou semanas fizeram uma campanha contra o racismo, a maioria dos times e dos jogadores de cada clube começaram a postar uma foto, uma plaquinha com a mensagem ‘não ao racismo’, ‘futebol sem racismo’. Através dessas campanhas, a mídia abraçou a causa, isso foi mudando muito esse tipo de situação no campo”, conta ele.

Greve de sexo

A líder do Comitê para as Famílias do Parlamento russo, deputada Tamara Pletnyova, pediu para que suas conterrâneas não façam sexo com homens que não sejam brancos. Ele deseja evitar gravidez que gerem filhos mestiços. A declaração gerou reprovação entre os 19% da população que não são brancos.

O comentário da deputada foi feito depois de uma pergunta relacionada aos chamados "filhos da Olimpíada" de Moscou, realizada em 1980. O termo é pejorativo na Rússia e se refere a habitantes com pais africanos, latinos e asiáticos. Eles sofrem preconceito principalmente em cidades do interior.

Distância da Rússia

O lateral esquerdo da Inglaterra Danny Rose não quis que sua família fosse à Rússia durante a Copa. Ele abriu mão de ser aplaudido por quem ama por medo de racismo. Afirmou que não temia por ele, mas pelos parentes.

“Eu não quero me preocupar com a segurança da minha família enquanto estiver me preparando para os jogos. Se qualquer coisa acontecer comigo, não me afetaria como se a minha família fosse abusada.”

Ele fala com conhecimento de causa. Foi vítima de racismo quando defendia a seleção inglesa sub-21 em uma partida na Sérvia.

Jogo de cena

A Fifa informa que, desde uma reunião em Buenos Aires, em 2001, está agindo contra o racismo. A entidade exalta ter incluído celebridades na luta e que, agora, permite que o juiz interrompa jogos por causa de atos racistas da torcida.

Tudo jogo de cena na opinião do historiador Marcel Tonini, dono de mestrado e doutorado na USP sobre racismo no futebol. Ele pondera que o árbitro é um funcionário da Fifa e sabe que há grande chance de prejudicar a carreira se parar uma partida de Copa.

O especialista acrescenta que, antes do Mundial, a entidade criou uma força tarefa para cuidar do problema na Rússia. Foi em 2016. No mesmo ano, o grupo foi desmanchado. Semanas depois do desmantelamento, uma banana foi atirada em campo no país da Copa. A fruta ficou 15 minutos no gramado sem que ninguém corresse para retirar. A Fifa continuou achando que o trabalho estava feito e a força tarefa não foi retomada.

Outro exemplo: faltava pouco mais de um mês para o torneio começar e torcedores imitaram macacos para Pogba e mais dois franceses num amistoso da França na Rússia. A Fifa passou pano. Multa de R$ 106 mil porque “foi um grupo pequeno”. “Eles sabem que se, durante o evento, o número de casos for pequeno, o futebol, que é o produto deles, estará valorizado. Não existe preocupação nenhuma com o racismo”.

Filho único

Aliou Cissé é um combo das dificuldades de um negro no mercado de trabalho. A África tem cinco representantes na Copa, mas somente ele é um negro dirigindo uma das seleções. Está no banco de reservas da mesma seleção de Senegal da qual um dia foi capitão.

Ele até conseguiu uma vaga no seleto grupo dos treinadores deste Mundial, mas é o menos remunerado de todos. Ganha 200 mil euros por ano (R$ 870 mil). No mesmo período, R$ 15,2 milhões pingam na conta de Tite.

A ausência de outros negros comandando equipes desagrada o senegalês. “Eu sou o único treinador negro neste torneio e é uma realidade dolorosa que me incomoda. Acredito que o futebol é universal e que a cor da pele tem pouca importância no jogo”, afirmou em entrevista coletiva.

A Copa que mudou tudo

Em 1958, Pelé, então um menino de 17 anos, se tornou expoente da equipe multirracial que ganhou a Copa da Suécia. A qualidade do futebol apresentado fez jogadores negros chamarem atenção no mercado europeu. Didi foi para o Real Madrid no ano seguinte, Vavá já estava no rival Atlético de Madri quando foi convocado para a seleção em 1960.

Junto com as transferências, nascia o racismo no futebol europeu, declara Marcel  Tonini. Ele diz que houve reação: várias federações europeias começaram a criar cotas ou mesmo a proibir atletas de outros países a jogarem em seus clubes. Na Inglaterra, estrangeiros só foram admitidos em 1978.

Nos anos 80, outro fenômeno ocorria. Muitas famílias de ex-colônias haviam se mudado para a Europa e seu filhos se tornavam adultos. Foi nessa época que a questão racial se tornou um problema em seleções como Holanda e França.

Jogadores precisam pressionar

Os jogadores são vítimas do racismo, mas também poderiam ser parte da solução. O historiador Marcel Tonini defende atitudes coletivas. “Se jogadores negros de distintas seleções se juntarem e dissessem que sairão de campo se ocorrer racismo, seria a melhor atitude. Colocar luz no problema e faria todo mundo pensar”.

Ele lembra o caso do goleiro Aranha e afirma que ações individuais têm pouco fôlego. Mas seria diferente se houvesse uma reunião envolvendo grandes estrelas. Antes mesmo das Eliminatórias acabarem, Yaya Touré falou que não jogaria a Copa caso a Costa do Marfim conquistasse uma vaga. Motivo: racismo na Rússia.

Tonini afirma que um modelo são os atletas negros das ligas americanas. Quando um jogador da NFL se ajoelha no hino, recebe apoio de LeBron James, maior astro do basquete. Ele fala que situações assim ajudam a mudar a sociedade. Como disse Oscar Wilde: a vida imita a arte muito mais do que a arte a vida

O ódio e a intolerância online

Mas nem só de racismo é feita a Copa da intolerância. Decepcionados com Messi e companhia após dois jogos ruins na primeira fase, os argentinos espancaram um croata ainda no estádio (os sul-americanos tinham perdido por 3 a 0). Eles preferiram atacar um rival que jogou melhor a reconhecer os próprios erros. É mais fácil dizer que a culpa é do vizinho.

Não era necessário estar no estádio, porém, para mostrar seu ódio contra quem fazia o espetáculo. “Caballero, filho da p… obrigado por acabar com a ilusão do meu filho de ser campeão”, “Assim como tem mãos para abraçar sua família, tem mãos para pegar a bola. Meu filho chora porque vocês não sentem a camisa da seleção”, escreveu um torcedor argentino após a mesma derrota da briga do parágrafo acima. Detalhe: a conta era do goleiro Caballero e a foto mostrava os filhos do jogador.

Não foi o único. O meio-campista Carlos Sánchez recebeu ameaças de morte após ser expulso na estreia da Colômbia – derrota por 2 a 1 para o Japão. A polícia colombiana acionou a divisão de crimes cibernéticos para investigar o caso. Na Costa Rica, a família do técnico Óscar Ramírez relatou ameaças telefônicas – o treinador teria pensado até em abandonar o Mundial e voltar para casa. O assunto chegou até o elenco: “não queremos que a família de Óscar se sinta desprotegida, com medo de viver em um país de paz. É um mal exemplo para o mundo, temos de mudar”, disse o meia Bryan Ruiz.

Nem mesmo quem não está envolvido com o futebol escapou. O piloto Cesar Ramos, da Stock Car, foi confundido com o árbitro mexicano que apitou Brasil x Suíça. “Seu cego de m...", esbravejou um internauta na página do piloto, acreditando se tratar do árbitro. Para conter os xingamentos, o piloto publicou mensagem no Instagram dizendo que não era o juiz. “Calma, galera. Eu também queria pênalti no Jesus e anularia o gol da Suíça!”, escreveu. Mesmo avisando, continuou sendo atacado. “Pare de mentir, sabemos que era você lá ontem, juiz ladrão!!!”, escreveu um dos detratores.

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"Eu sou veado e dou para o Neymar"

O preconceito contra a comunidade LGBT, amparado ao machismo, é um capítulo à parte no livro de intolerância da Copa, agravado pela legislação russa que proíbe o que chamam de “propaganda gay” - isto é, demonstrações públicas de afeto e carinho entre pessoas LGBT, como beijos castos ou o ato de andar de mãos dadas.

As leis da Rússia não ajudam, mas isso não significa que o povo brasileiro seja isento de preconceitos do tipo. Um brasileiro na Rússia pediu para um sorridente menino estrangeiro dizer as seguintes palavras: “Eu sou filho da p..., eu sou veado e dou para o Neymar”.

Vale lembrar que, no Brasil, o índice de assassinatos de pessoas LGBT cresceu 30% entre 2016 e 2017, segundo a ONG Grupo Gay da Bahia. A estimativa é de que a cada 19 horas, um membro desta comunidade (lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans) é morto em nosso país especificamente por ser quem é.

Desde antes da Copa do Mundo, grupos LGBT como o Pride in Football, com sede na Inglaterra, receberam mensagens com ameaças. Tudo o que precisavam fazer para fugir era não organizar uma ida do coletivo à Rússia, mas nada disso os intimidou. “Nós estamos aqui, torcemos e não vamos viver com medo”, diz um cartaz, inspirado na famosa frase “We’re here, we’re queer, get used to it” (“Nós estamos aqui e somos gays, acostume-se”).

A homofobia da torcida do México

Nos estádios, a homofobia é ilustrada pelos torcedores do México. A cada chute do goleiro rival, cantam “Eeeeeeh, puto” – é a versão original do “Oooo, bicha” dos campos brasileiros. A expressão é uma forma vulgar de se referir a gays no México, embora também tenha o sentido de “covarde”.

A despeito de todos os avisos preliminares que recebeu desde 2014, a torcida mexicana decidiu repetir o grito na Copa da Rússia. Como consequência, a Fifa abriu um procedimento disciplinar contra a Federação Mexicana de Futebol (Femexfut) e aplicou multa de 10 mil francos suíços (equivalente a R$ 38 mil).

B... rosa não é só assédio. Pode ser racismo também

Até mesmo a maior polêmica dessa Copa do Mundo, os vídeos de assédios a mulheres russas, têm um aspecto racial. O Ministério Público de Santa Catarina, por exemplo, abriu inquérito para investigar o policial militar que aparece em um dos vídeos em que uma russa é incitada a repetir b... rosa. Crime: racismo. Ele tem o apoio de várias ativistas como a jornalista Isabela Reis.

“Quando um homem escolhe uma mulher porque a b... ou os mamilos dela são rosinhas, ele está excluindo do radar todas as mulheres negras que têm a b... e mamilos castanhos, beges, escuros”. A publicação é da jornalista Isabela Reis, repercutida por movimentos negros na internet.

Também na internet o termo ganhou outra conotação: ultranacionalistas russos criaram hashtag e grupos com milhares de pessoas, na maioria homens, em aplicativos de mensagens e na rede social VK (espécie de Facebook criado na Rússia e acessado por mais de 30 milhões de pessoas diariamente) para perseguir as vítimas. Extremistas criticam o comportamento das russas que aparecem nos vídeos, as responsabilizam por cenas de abusos e afirmam que o comportamento delas ofende a "masculinidade dos patriotas".

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Clima de intolerância mundial alimenta o esporte

Para entender a prevalência dos casos de intolerância na Copa é preciso olhar ao redor, para o que acontece na geopolítica mundial. A Europa, os Estados Unidos e alguns países periféricos têm vivido a ascensão de partidos populistas conservadores, que costumam associar a defesa de uma maioria “esquecida” com protecionismo econômico e nacionalismo.

Essa onda conservadora tem gerado um conjunto de ações entre as quais a aversão ao imigrante e ao estrangeiro, apontados como causas dos problemas locais, parece ser o principal componente da intolerância. Casos de terrorismo promovidos pelo Estado Islâmico no Ocidente servem como gasolina para políticos nacionalistas incendiarem sua plataforma contra tudo que é estrangeiro.

A política de tolerância zero à imigração da administração Trump, que recentemente separou crianças de seus pais na fronteira americana com o México, e o crescimento de movimentos anti-imigração em países de tradição multicultural (como Holanda, Dinamarca ou Suécia) contribui para um mau humor mundial com o diferente.

“Essa questão política, contra imigrantes, negros, gays, e esse crescimento da direita conservadora têm influenciado em casos de racismo e intolerância no futebol”, disse Marcelo Carvalho, diretor do Observatório Racial do Futebol, uma instituição que monitora casos de racismo no esporte. “Não tem como separar as duas coisas. Durante muito tempo a gente achou que o futebol era um mundo à parte, mas não é assim. O mundo vem denunciando essas questões, e o futebol também vem sofrendo com elas”.

Paulo Camilo/UOL Paulo Camilo/UOL

No Brasil, onda conservadora aumenta casos de xenofobia

O Brasil não escapa desse movimento. Apesar de a tolerância e o acolhimento ao estrangeiro serem parte da identidade nacional, o Brasil tem visto um crescimento dos casos de xenofobia, principalmente aqueles envolvendo estrangeiros de países periféricos.

Refugiados venezuelanos, que chegam aos milhares fugindo da crise econômica e política de seu país, são recebidos com solidariedade, mas também com intolerância. Em Roraima, a sociedade civil e o Estado têm tentado se organizar para acolhê-los e inseri-los no mercado de trabalho, mas os venezuelanos têm sofrido com a violência xenofóbica.

“Mesmo um povo acolhedor, como o brasileiro, e um estado de tradicional recepção calorosa aos que chegam, como Roraima [formado majoritariamente por migrantes], podem sofrer focos de xenofobia, [principalmente] quando alguns não entendem que o imigrante está a sofrer duas vezes, por abandonar seu país e sobreviver numa terra que lhe é estranha”, escreveu André Paulo dos Santos Pereira, promotor do Ministério Público de Roraima.

Em fevereiro, duas casas ocupadas por imigrantes venezuelanos foram incendiadas em Boa Vista, deixando ao menos cinco pessoas feridas. Antes dos alvos dos xenófobos brasileiros serem os vizinhos sul-americanos, as principais vítimas eram outras: os bolivianos, muitos dos quais trabalhadores da indústria da confecção informal, ou os haitianos, que chegaram ao país fugindo das consequências de terremotos devastadores na ilha caribenha.

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