Oficializado como regra do futebol em março, após aprovação da International Board, o árbitro de vídeo já vinha sendo utilizado de forma regular por dez países, como Alemanha, Estados Unidos, Itália e Holanda. Para a maior parte dos convocados para a Copa do Mundo, porém, a tecnologia só virou uma realidade na Rússia.
Dos 736 jogadores inscritos neste Mundial, 219 disputam torneios com uso regular do VAR (toda a temporada), ou quase 30% do total - para ser exato, 29,7%. Com números arredondados, significa dizer que, de cada dez atletas, sete nunca disputaram uma partida com possibilidade de revisão de jogadas ou tiveram contato mínimo com a tecnologia. Isso equivale a 70% da “mão de obra” da Copa de 2018. Entre os 23 convocados por Tite, por exemplo, apenas quatro atuam nas ligas em que o VAR é realidade: o goleiro Alisson, o zagueiro Miranda, o meia-atacante Douglas Costa (todos na Itália) e o meia Renato Augusto (na China).
Os dois campeonatos que mais cederam jogadores para este Mundial, o Espanhol (81) e Inglês (124), ainda não instituíram o VAR. Na Inglaterra, a revisão por vídeo foi testada no jogo entre Brighton e Crystal Palace, no dia 8 de janeiro, pela terceira fase da Copa da Inglaterra, e a experiência foi repetida no decorrer do torneio, mas de forma pontual, como as semifinais e a final. A França adotou procedimento semelhante, com uso esporádico na Copa da Liga Francesa. Na final da competição, um dos gols do Paris Saint-Germain só foi possível após a revisão por vídeo, em que o árbitro checou o replay para assinalar um pênalti sobre Mbappé, convertido por Cavani na vitória por 3 a 0 sobre o Monaco.
Em 2017, a Fifa também usou alguns de seus torneios, como a Copa das Confederações, o Mundial Sub-20 e o Mundial de Clubes, como laboratórios para o VAR. O mesmo fez a Conmebol, nas semifinais e na final da Libertadores e na Recopa Sul-Americana. No Brasil, os 20 clubes da Série A rejeitaram o árbitro de vídeo no Campeonato Brasileiro deste ano porque a CBF não quis pagar os custos da tecnologia, que será implantada apenas na Copa do Brasil, a partir das quartas de final.