Argentina e França fazem o primeiro duelo de campeões mundiais na Copa do Mundo da Rússia neste sábado (30), às 11h (de Brasília). O jogo de oitavas de final tem três títulos em campo, mas o rótulo é muito mais bonito do que realidade. Os dois times que estarão em campo em Kazan são, provavelmente, os mais decepcionantes que passaram da primeira fase.
Olhe os franceses. Chegaram à Rússia como um dos principais favoritos ao título, recheados de jovens talentosos e bem-sucedidos em grandes clubes europeus. Mas nem com Antoine Griezmann, Paul Pogba e Kylian Mbappé eles conseguiram convencer. Se você olhar só para o retrospecto, duas vitórias e um empate, não vai ver a confusão em campo. Griezmann não brilhou. Pogba é criticado por não ter encontrado uma posição. Mbappé é inconstante.
A Argentina divide os problemas. Não que existisse uma expectativa enorme, afinal o time já tinha se classificado na bacia das almas nas Eliminatórias sul-americanas. Agora, o que se viu na primeira fase, com um empate ruim contra a Islândia e a vergonhosa goleada para a Croácia, não estava nas previsões de ninguém. Tanto que se revolucionou o vestiário, os jogadores ganharam mais força em relação a Jorge Sampaoli e o que se viu contra a Nigéria, em uma magra vitória por 2 a 1, foi um time mais comandado por atletas do que pelo técnico.
Com tudo isso, não podemos garantir jogo bonito. Mas é certo que você viverá muitas emoções com a partida. Nem que seja para passar um pouco de raiva...
AP Photo/David Vincent Para os franceses, o segredo da vitória, na verdade, não é nenhum segredo. Basta que suas estrelas finalmente apareçam na Copa. A zaga não vem sendo um grande problema, mas o badalado ataque não brilhou. Em três jogos, a seleção marcou apenas três gols, um deles contra, o que coloca a França com o pior ataque entre as líderes dos grupos.
AFP PHOTO / OLGA MALTSEVA Se Messi resolver no ataque, é bom que a Argentina dê atenção para a zaga. Afinal, os argentinos têm a pior defesa entre todos os classificados. Sofreram cinco gols em três partidas. A troca de goleiros (com a entrada de Armani contra a Nigéria) parece ter funcionado. Agora, a missão será segurar o rápido ataque francês, principalmente pelas pontas.
REUTERS/Sergio Perez Troque tática por coração, organização por raça e esquema tático ideal por "jogue a bola no camisa 10 que ele resolve". A Argentina talvez nunca tenha sido tão Argentina em uma Copa do Mundo como na Rússia em 2018. Um país que vive o futebol à beira da loucura, e que decidiu brigar pelo título mundial, contra qualquer lógica, com uma desorganização fora e dentro do campo e apoiada na paixão.
"O que senti como técnico da Argentina foi que os jogadores amam muito essa camisa, e que farão de tudo para vencer", disse o técnico Jorge Sampaoli na véspera da decisiva partida deste sábado contra a França, pelas oitavas de final do Mundial.
O problema, para ele, é que esse amor todo de seus atletas se transformou em rebeldia. Ninguém fala com todas as letras, mas Mascherano foi o que chegou mais perto ao admitir que dá suas opiniões, somente opiniões, ao treinador. Mas, nos bastidores, o que é dito na Argentina é que os jogadores decidiram que era hora deles mesmos definirem o esquema tático da equipe.
Chega do 3-4-3, ou 4-2-3-1, que Sampaoli tentou implementar nas primeiras rodadas. Para enfrentar a Nigéria no decisivo jogo final da fase de grupos, e que deve se repetir contra os franceses, a tática é o tradicional 4-4-2, com um detalhe importantíssimo: a prioridade é dar a bola para Messi. Jogue no 10 que ele resolve.
Clive Rose/Getty Images “N’Golo Kanté, pala palala. Ele é baixinho, ele é legal, ele vai engolir o Leo Messi”. O trecho é da música que está viralizando rapidamente na França de uma semana para cá. Que já foi cantada no estádio aqui na Rússia e que certamente será de novo neste sábado, em Kazan.
A música foi inventada por um jornalista francês, Eric Maggiori, que trabalha na revista So Foot, uma das mais respeitadas do país. O site da revista criou programetes descontraídos para o Mundial, e a música viralizou. Não só porque é bacana e de melodia fácil, mas principalmente porque conseguiu captar um sentimento.
Kanté é o jogador mais amado e admirado da seleção francesa na atualidade. Uma verdadeira maquininha no meio de campo, rápido e raçudo, ele deixa para trás no coração das pessoas os badalados Pogba e Griezmann.
Estes representam um verdadeiro contraste em relação ao estilo de Kanté, que é discreto, nunca usou um "carrão" (muito pelo contrário, costuma aparecer com modelos de “gente normal”, ao contrário do que geralmente fazem jogadores de futebol) e não fica aparecendo em mídias sociais. Já Pogba e Griezmann são adeptos do reality show que representam essas mídias e acabam sendo mais cobrados em campo.
Messi é diferente com a Argentina do que é no Barcelona. Os argentinos são duros com ele, mas ele não pode fazer tudo sozinho
É maravilhoso ganhar desta maneira. É uma alegria merecida. Sabia que Deus estava com a gente e não nos deixaria fora
O melhor momento da Argentina da Copa foi o primeiro tempo contra a Nigéria. Time mais de Sabella que de Sampaoli dando liberdade a Messi. Deve ser a referência contra uma França que também não mostrou consistência, apesar dos sete pontos. Mas pode ser forte com Kanté marcando por todos no meio e rapidez na frente com Griezmann e Mbappé diante de uma defesa frágil.
As duas seleções chegam às oitavas sob olhares duvidosos. A França possui um dos elencos mais talentosos do planeta, mas ainda não funcionou como time e passa a impressão que joga sempre o mínimo necessário. Já a Argentina precisou de um milagre para passar pela fase de grupos e é a seleção mais bagunçada da fase final da Copa.
