Sim, eles podem!

Croácia e Inglaterra aproveitam o "verão perfeito" e chegam à semifinal diante de um sonho possível

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Quando menos se espera, tudo dá certo. Acumulando fracassos a cada competição nos últimos anos, não havia otimismo que indicasse Croácia e Inglaterra como concorrentes ao título mundial. Na Rússia, porém, as duas seleções desfrutam de um verão europeu dos sonhos e, contrariando previsões, estão a uma vitória da final da Copa. 

Artilheiro do torneio com seis gols, metade deles em cobranças de pênalti, Harry Kane lidera o renovado e eficaz time inglês, que tenta conquistar o Mundial depois de 52 anos. Os croatas vieram aos trancos e barrancos, passaram por duas decisões por pênaltis nesta fase final e já igualaram a melhor campanha do país em Copas (a semifinal na França-1998), mas a geração de ouro do país, que tem em Luka Modric o seu principal astro, almeja mais. Muito mais.

O confronto desta quarta-feira (11), às 15h (de Brasília), em Moscou, não deixa de ser um resumo da Copa até aqui: não basta ser favorito, ter supercraques ou prestígio. Ser eficiente significa conquistar um lugar ao sol. As campanhas de croatas e ingleses até a semifinal falam por si. Como diria Barack Obama, sim, eles podem!

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Na Rússia, tudo deu certo para Inglaterra e Croácia em campo

Quando contratou o técnico Gareth Southgate, o presidente da federação inglesa, Greg Dyke, afirmou que não se poderia esperar bons resultados até 2022. Quando estava na preparação para a Copa, o croata Modric era indiciado em seu país por conta de um caso de corrupção. Nada indicava que o verão das seleções no Mundial da Rússia seria tão divertido.

Para a Inglaterra, a primeira fase serviu para amadurecer um time que ainda havia sido pouco testado. A vitória suada contra a Tunísia e a goleada no Panamá deram boas vindas a Harry Kane e companhia, que puderam "descansar" contra a Bélgica. A Croácia passou sem sustos pela Nigéria, fez uma exibição de gala contra a Argentina e conseguiu um inesperado lugar no grupo. E foi aí que o acaso se fez presente. 

Com Copas fracas de Alemanha, Argentina e Espanha, os dois times pegaram o lado mais "fraco" da chave. Chegam à semifinal sem terem enfrentado nenhum campeão mundial no mata-mata. Modric superou os problemas extra-campo para liderar o time em suas eliminatórias tensas, contra Dinamarca e Rússia. Kane, por outro lado, foi o esteio do time que suou muito para bater a Colômbia nos pênaltis e furou a retranca sueca.

Após cinco jogos na Rússia, Croácia e Inglaterra estão vivas como nunca. E acreditando no sonho... 

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Fracassos recentes abalaram estruturas nas duas seleções

As frustrações recentes ajudaram a moldar as ambições de Croácia e Inglaterra neste Mundial. Há quatro anos, no Brasil, as duas seleções nem sequer passaram da fase de grupos. Dois anos atrás, na última Eurocopa, na França, ambas foram despachadas nas oitavas de final, para Portugal e Islândia, respectivamente. Esperar muito delas na Rússia era tarefa difícil. 

A trilha cheia de percalços enfrentada pela Inglaterra ajudou a forjar o caráter dessa equipe. Além da desconfiança inicial, ele viu seu time ser vaiado pela própria torcida em jogo decepcionante em Malta, há menos de um ano. "Esse time tem que passar por momentos de dificuldades e falhas para melhorar", analisou o treinador, que forjou uma identidade no esquema 3-4-3, com velocidade na ligação entre a defesa e o ataque e muita força na bola parada. 

A Croácia foi por um caminho contrário. Em vez de apostar na juventude, jogou suas fechas nos veteranos que surgiram promissores há quase uma década. Chegaram à Rússia com quatro derrotas em seus 11 partidas anteriores, mas Modric e Rakitic sustentaram a seleção de uma forma até hoje inédita para eles. "Os resultados estavam abaixo do nível dos jogadores. Algor precisava mudar. Não deveríamos sentir surpresa de estar nas semifinais pela qualidade. Essa geração foi subestimada por causa de resultados, disse o técnico Zlatko Dalic.

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David Ramos - FIFA/FIFA via Getty Images David Ramos - FIFA/FIFA via Getty Images

Kane e Modric são astros, mas miram brilho próprio

Não são apenas as faixas de capitão que fazem de Harry Kane e Luka Modric os símbolos das campanhas de Croácia e Inglaterra nesta Copa. Artilheiros de suas seleções no Mundial, eles têm a chance de trazer mais brilho próprio às carreiras internacionalmente, mesmo já sendo reconhecidos como jogadores de ponta na Europa.

Aos 24 anos, Kane é um fenômeno recente. Desandou a fazer gols nas últimas quatro temporadas (foram 135 no período), mas não conseguiu levar o Tottenham a títulos. Colocar a Inglaterra em uma final e terminar uma Copa como goleador máximo definitivamente o colocará em outro patamar, e ainda mais visado por gigantes do futebol como o Real Madrid, que tem como camisa 10... 

...Modric. O meia croata, de 32 anos, compôs a seleção dos melhores jogadores do mundo nas últimas três eleições da Fifa e é titular incontestável do Real, pelo qual já conquistou 14 títulos desde 2012. Embora seja essencial ao time, o protagonismo no time espanhol sempre passa por Cristiano Ronaldo. Em "carreira solo" na Copa, passa pelos pés do jogador a oportunidade de consagrar uma geração dada como perdida no país.

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Falha histórica de goleiro marca duelo entre as seleções

A partida desta quarta-feira, em Moscou, será a primeira entre os países em Copas do Mundo, e também a mais importante envolvendo as duas seleções. Antes da semifinal, o jogo mais marcante havia sido em 11 de outubro de 2006, em Zagreb, durante jogo válido pelas eliminatórias da Eurocopa de 2008. 

A Croácia vencia por 1 a 0 até que, aos 24 minutos do segundo tempo, o lateral Gary Neville recuou a jogada para Paul Robinson. A bola vinha rasteira, mas pegou um morrinho do gramado bem na hora que o goleiro da Inglaterra tentou chutar para frente. A furada histórica sacramentou a vitória dos donos da casa por 2 a 0 e tirou da Inglaterra a chance de se classificar para a Euro daquele ano. 

Música de 1996 vira hit do verão e anima ingleses na Copa do Mundo

No último sábado, quando a Inglaterra bateu a Suécia por 2 a 0 e se garantiu na semifinal da Copa, um dos mais populares serviços de streaming do planeta, o Spotify, detectou um movimento incomum entre os seus usuários do Reino Unido. A música "Three Lions (Football's Coming Home)" foi executada mais de 1 milhão de vezes só naquele dia.

Composta como música oficial para a Eurocopa de 1996, a canção virou a trilha sonora que embala os sonhos de verão dos ingleses nesta Copa e tornou-se tão popular que a Fifa passou a tocá-la nos estádios da Rússia antes dos jogos. O refrão ("O futebol está vindo para casa") foi imediatamente relacionado à campanha dos "inventores do futebol", que não ficavam no top 4 de um Mundial desde a edição de 1990, na Itália.

A música passou também a figurar entre as mais pedidas nas rádios britânicas, 22 anos depois de seu lançamento oficial. No Youtube, o clipe de "Three Lions" tem quase 15 milhões de visualizações. Até a banda da Guarda Real executou o hit em uma de suas apresentações no Castelo de Windsor, durante a troca do regimento.

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