Quatro anos passam rápido...

Costa Rica foi a sensação da Copa passada. Mas próximo rival do Brasil está longe daquele que assustou em 2014

Thiago Rocha Do UOL, em São Paulo

Mais velhos

Quatro anos passam rápido. Para a Costa Rica, pelo menos, passaram voando. Sensação da Copa do Mundo anterior, no Brasil, quando chegou às quartas de final e foi eliminada invicta e nos pênaltis pela Holanda, o país da América Central levou à Russia praticamente a mesma base de 2014.

É o elenco mais velho do torneio, com 29,5 anos. E isso é parte do problema costa-riquenho. A idade pesou na estreia na Copa, em que foi derrotada pela Sérvia por 1 a 0. A intensidade de quatro anos atrás, com defesa bem posicionada e contra-ataque insinuante, não foi notada. O único a manter o alto nível foi o goleiro Keylor Navas, que nada pôde fazer na cobrança de falta de Kolarov e ainda evitou um placar mais elástico contra os europeus.

Freguês histórico da seleção brasileira – são nove derrotas em dez partidas –, a Costa Rica reencontra o algoz nesta sexta-feira (22), às 9h (de Brasília), em São Petersburgo, lutando para sobreviver na Copa da Rússia. Ou para, no mínimo, dar uma despedida digna a uma geração que já fez gente grande suar em campo.

Navas: um ícone contestado (fora da Costa Rica)

Ter status de herói nacional em Copas e ser titular do clube mais vitorioso da Europa são motivos de sobra para consagrar um jogador na elite do futebol, mas não para Navas. Foi na Copa de 2014, no Brasil, que o goleiro exibiu todo o seu potencial aos olhos do mundo. Em um grupo com Inglaterra, Itália e Uruguai, ele conduziu a Costa Rica pela primeira vez até as quartas de final de um Mundial, parando nos pênaltis diante da Holanda.

Na Costa Rica, virou ícone. O estádio municipal da cidade natal, Pérez Zeledón, com pouco mais de 130 mil habitantes, foi rebatizado com o nome do goleiro, que também viu a sua trajetória de vida virar filme, chamado "Homem de Fé", lançado em 2017. Um mês depois de brilhar na Copa, foi contratado pelo Real Madrid. 

Começou na reserva de Casillas, mas logo virou o camisa 1 – no sentido mais amplo da palavra. Foi "campeão de tudo": nove títulos em quatro temporadas, incluindo o tricampeonato da Liga dos Campeões e do Mundial de Clubes da Fifa. Em 2015, ficou nove partidas consecutivas sem levar gol, marca única no Real em 116 anos de história. Retrospecto que, por incrível que pareça, não o coloca como uma unanimidade.

A cada janela de transferências na Europa, Keylor Navas convive com o assombro da concorrência. Nomes como o belga Courtois, o espanhol De Gea e o italiano Donnarumma, mais badalados no mercado da bola, já surgiram como potenciais reforços do Real. Nesta sexta-feira (22), quando entrar em campo para enfrentar o Brasil, em São Petersburgo, pela Copa da Rússia, o costa-riquenho ficará frente a frente como outro potencial rival: Alisson.

Após se destacar pela Roma, da Itália, o goleiro da seleção brasileira é a bola da vez do mercado para defender o clube na próxima temporada europeia. Especula-se que o Real Madrid esteja disposto a pagar mais de 50 milhões de euros (cerca de R$ 225 milhões) pelo jogador. Os espanhóis também finalizam os detalhes para anunciar outro reforço para a posição: o ucraniano Andriy Lunin, de 19 anos, do Zorya Luhansk.

Bryan Ruiz: nervos à flor da pele

Se o capitão é o reflexo de uma equipe, o meio-campista Bryan Ruiz, de 32 anos, espelha a estreia da Costa Rica na Copa da Rússia: sem inspiração e com nervos à flor da pele.

Além da derrota para a Sérvia, a seleção tenta se desvencilhar da imagem de grupo rachado, que deixou evidências nesta semana quando dois jogadores, Johan Venegas e Giancarlo Gonzalez, discutiram durante um treinamento, em São Petersburgo. Coube a Ruiz tentar pôr panos frios. “Não há problema. É algo sem pé nem cabeça”, decretou.

Vital para a histórica campanha costa-riquenha em 2014, o jogador não repetiu o brilhantismo por clubes. Na última temporada, foi figurante no Sporting, de Portugal, e ainda passou pelo susto de ver o CT do clube ser invadido por torcedores encapuzados, que agrediram jogadores e funcionários. Está sem contrato, à procura de uma camisa para defender, que pode ser a do Santos – pelo menos esse é o desejo da diretoria alvinegra.

Antes, porém, Ruiz espera fechar sua trajetória na Copa do Mundo em grande estilo: batendo os pentacampeões mundiais. “É um sonho ganhar do Brasil. É a terceira vez que vamos enfrentá-los em uma Copa e creio que podemos vencer”, assegura o capitão, que tanta esbanjar otimismo diante de cenário pouco favorável.

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