Copa da Inglaterra?

Censo dos jogadores que vão à Rússia-2018 mostra que Eurocentrismo é pouco: futebol, hoje, vem da Inglaterra

Giancarlo Giampietro, Emanuel Colombari e José Edgar de Matos Do UOL, em São Paulo
UOL

Eurocentrismo é pouco

Sim, falar em “eurocentrismo” na Copa do Mundo é até eufemismo, considerando que 547 dos 737 jogadores presentes na lista final são do Velho Continente. Ou, se preferir, 74%. Sim, pouco mais de um quarto dos convocados jogava em outra federação que não a Uefa. O volume impressiona, mas talvez seja ainda mais notável olhar a relação dos outros continentes.

Olhe o futebol sul-americano. Com Argentina, Brasil e Uruguai, o continente soma nove títulos mundiais. Ainda assim, seu futebol manda para a Rússia apenas 35 atletas. São 21 a menos do que os clubes da Concacaf - e olha que os EUA, segundo país em poderio econômico futebolístico do continente, nem mesmo vai para a Copa. Na letra fria dos números, estamos mais próximos da África...

Brasileiro e Argentino na frente. Com pouco de Brasil e Argentina

Falta representatividade aos clubes da América do Sul. Mesmo assim, é possível analisar o que acontece por aqui no aspecto clubístico. O Brasileirão, por exemplo, divide com o Campeonato Argentino o posto de liga que mais nomes emplacou no Mundial. São nove para cada torneio. A diferença fica por conta de quem fez a convocação.

São apenas três brasileiros que atuam no Brasileirão na seleção de Tite. Os outros seis "verde-amarelos" são de Uruguai (Martin Silva e De Arrascaeta), Peru (Trauco, Cueva e Guerrero) e Colômbia (Borja).

O caso é parecido com o da Argentina: Armani (River Plate), Meza (Independiente) e Pavón (Boca Juniors) são os únicos locais na lista de Jorge Sampaoli. Mas técnicos de Colômbia e Uruguai apostaram em talentos que atuam em seu vizinho continental para ir ao Mundial,

Andrew Yates/Reuters Andrew Yates/Reuters

No futebol, não há "Brexit"

Não que houvesse alguma dúvida sobre qual é o melhor futebol nacional de clubes, mas aí está um número para confirmar a supremacia da “Premier League”. Ou melhor: não só dela, já que outras divisões contribuíram com boa parte dos 130 jogadores "ingleses" que vão para a Rússia. Com 25 representantes, as demais divisões do futebol da terra da rainha representariam o oitavo campeonato que mais contribuiu para a lista.

Entre as demais grandes ligas do continente, os resultados são "normais" até surgir a Rússia. Muito por causa sua própria lista (apenas dois jogadores atuam fora), o país da Copa emplacou 37 atletas no Mundial. Mais do que ligas mais fortes, como Portugal.

Outra surpresa é a presença da Arábia Saudita no top 10: com 30 representantes, porém, a explicação é a seleção composta majoritariamente por talento que atua localmente e times que investem em talentos de seleções periféricas e de adaptação mais fácil - como Egito e Tunísia.

JOHN SIBLEY/REUTERS JOHN SIBLEY/REUTERS

Made in England

Só um time tem todos os jogadores atuando em seu futebol local. Como você deve imaginar, é a Inglaterra. Mais do que 23 jogadores, toda a lista de 32 atletas jogava por lá.

Reprodução/Facebook Reprodução/Facebook

Outsiders

Enquanto isso, Senegal e Suécia estão no lado oposto. Todos os 23 atletas relacionados por estas duas seleções para a Copa atuam fora do país-natal.

Nariman El-Mofty/AP Nariman El-Mofty/AP

Recorde à vista

O goleiro egípcio El Hadary tem 45 anos e é o atleta mais velho inscrito. Caso dispute uma partida, ele baterá o recorde do colombiano Mondragón, que atuou aos 43 em 2014.

Christophe Ena/AP Christophe Ena/AP

Os caçulinhas

O mais novo dos inscritos é o meia-atacante australiano Arzani, nascido em 4 de janeiro de 1999. O atacante francês Mbappé está logo atrás (nasceu em 20 de dezembro de 1998).

A seleção de Guardiola

Temos aqui um dado que só vai deixar ainda mais inflamados os críticos de Pep Guardiola – aquela turma que questiona resultados de suas equipes, não importando o nível de desempenho, dizendo algo como: "Também, com aquele time, até eu”. Pois o City é o clube que mais jogadores inseriu nas listas da Copa. Mais sete listados e o time realmente teria uma seleção inteira, com 23 nomes. Aliás, a Inglaterra mostra mais uma vez sua força, com oito dos 20 times com mais jogadores de Copa do Mundo em 2018. Até o Leicester, que também pode ser conhecido como “Zebra do Século”, dá prova de fartura: são oito jogadores do clube em gramados russos!

E o que mais? No Superclássico espanhol, o Real Madrid vence por pouco, com 15 x 14. Vice-campeão da Champions, o Liverpool tem menos da metade dos convocados de seu algoz, o Real. A Juventus mostra que ter a família dona da Fiat por trás ajuda bastante; com investimento acima da média regional e 11 convocados - mesmo com a Itália desclassificada.

Alex Livesey/Getty Images Alex Livesey/Getty Images

Guardiola se mostra vitorioso, um dos melhores do mundo. Agora, trabalhar na Europa é mais tranquilo. Lá, eles trabalham com os melhores jogadores, têm dinheiro e tempo. No Brasil, o cara pode ser líder do campeonato. Se não ganhar no fim de semana, é ameaçado de demissão

Muricy Ramalho, em 2011, antes de seu Santos enfrentar o Barcelona pela final do Mundial de clubes

Revolução chinesa?

Vocês lembram, há alguns anos, de ouvir como a liga chinesa iria subverter a ordem do mercado da bola, certo? Com dinheiro de estatais e metas ambiciosas, tudo estava no lugar para desenvolver de vez o futebol por lá. Bom, talvez ainda seja cedo para avaliar o projeto megalômano, mas por ora seu campeonato tem pequena participação na Copa.

São apenas oito jogadores lembrados pelas seleções. É um número menor do que o do Brasil, de onde os chineses levaram muito talento. E muito menos do outra liga emergente, a Major League Soccer, dos Estados Unidos - que mandou 21 nomes para a Rússia mesmo sem sua seleção local classificada. Das duas, uma: ou os clubes chineses erraram em seus alvos de mercado ou a competitividade da liga chinesa não agrada aos técnicos do Mundial.

Como é o jogador médio da Copa

O jogador “médio” que disputará a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, tinha 27 anos e 159 dias de idade em 4 de junho, data de divulgação de todos os inscritos para o torneio. Pesa ainda 77,211 kg e tem 1,82m de altura.

As seleções mais altas são europeias: Sérvia (1m86,69) e Dinamarca (1m86,60). Já as equipes com médias de altura mais baixas são Arábia Saudita (1m77,68) e Peru (1m77,60). Já em relação ao peso, o topo da lista fica com a Dinamarca (82,60 kg), enquanto os japoneses são os mais leves (71,52 kg).

Na média de idade, a seleção “veterana” é a Costa Rica, com 29 anos e 190 dias. A Nigéria, por outro lado, tem a média mais baixa, com exatos quatro anos a menos: 25 anos e 190 dias. A seleção brasileira tem média de idade de exatos 28 anos – mesma estatística da Espanha, por sinal.

Stefan Wermuth/Reuters Stefan Wermuth/Reuters

Berço dos convocados

Se você nasceu na Cidade do Panamá e joga futebol, são grandes as chances de ser convocado – afinal, a capital panamenha forneceu 18 jogadores para a Copa do Mundo de 2018. A concorrência com outras capitais, porém, é acirrada: Lima (Peru) é a cidade-natal de 17 jogadores, enquanto Reykjakiv (Islândia) é o “lar” de 13 jogadores. Em Montevidéu (Uruguai) nasceram dez atletas.

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