Um up! na cidade do Fusca

Expedição de UOL Carros rodou 670 quilômetros, ida e volta até Cunha (SP), sem abastecer

Texto: Leonardo Felix
Fotos: Murilo Góes
Do UOL, em Cunha (SP)

Lenda ou realidade?

Muita gente conhece Cunha como a cidade paulista mais próxima de Paraty, histórico point fluminense. Quem se liga no universo automotivo, porém, sabe que o município de 22 mil habitantes leva também a fama de ser a capital brasileira do Fusca.

O motivo? Nem a Volkswagen sabe, mas UOL Carros foi averiguar in loco: levamos um carro que deveria ter sido o "Fusca do século 21", o up!, para tirar a questão a limpo. 

Os preços

Como anda o up! Connect? Assista e descubra

O que muda no up!

A reestilização promovida pela Volkswagen à linha 2018 do up! teve como objetivo deixá-lo com aspecto um pouco mais robusto e, assim, fazê-lo subir de nível na linha de produtos da marca, relegando ao Gol (de novo) o papel de carro de entrada. Clique para conhecer em detalhes as mudanças. 

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670 km: foi, voltou e nem abasteceu

Pegar a estrada com o move up! TSI Connect foi o exercício mais fácil desta expedição. Equipado com o conceituadíssimo motor 1.0 turboflex de 105 cv e 16,8 kgfm (etanol), forte o suficiente para empurrar os 987 kg (em ordem de marcha) sem dificuldades, o pequeno hatch tirou de letra as retas das rodovias e as curvas do trecho Guaratinguetá-Cunha.

Nas ladeiras com paralelepípedos da região urbana de Cunha ele também se saiu muito bem, obrigado. Só sentiu a pressão em pequenos trechos de terra desbravados pela reportagem. Positivo é que o up! foi e voltou, pegou o trânsito carregadíssimo de São Paulo e ainda passou por todas as alterações de relevo e pavimento de Cunha sem precisar parar no posto: 670 quilômetros rodados e ainda sobrou gasolina -- autonomia de 14 km/litro. Clique abaixo para o teste integral.

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Arte/UOL

Mais prós e contras do up?

Clique abaixo e veja mais motivos que podem levar ao sucesso ou ao fracasso

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Por que nunca "bombou"?

UOL Carros conversou com moradores de Cunha e também com o especialista Fernando Calmon para entender por que, mesmo com três anos de mercado, o citycar ainda não empolgou o consumidor brasileiro. Veja o que eles dizem.

Sidney Rangel, dono de Fusca "Itamar"

"Rapaz, que máquina. Parece que estou num avião". Pedreiro e dono de um Fusca 1995 -- que passa por uma troca de correia dentada --, elogia as novidades: "Acelerador, freio, volante... É tudo diferente. Olha a visibilidade... minha esposa vive reclamando que no Fusca não consegue enxergar direito". Mas reclama do preço: "Aqui em Cunha pouca gente tem R$ 50 mil para gastar num carro desses. Prefere comprar um carro maior".

Teodoro Cassinha, mecânico

O "Zito", mecânico em Cunha, aponta outro fator: o jeito de "carro frágil". "Eu já fiz curso sobre esses novos motores da Volkswagen, e sei que são muito bons e modernos. Só que um carro desses não tem cara de que consegue andar aqui. Ele é bom numa cidade bem asfaltada ou para pegar rodovia". Fora, de novo, os custos. "A manutenção é muito mais cara. Por isso que todo mundo gosta do Fusca".

O que diz o especialista

A Volkswagen teve um certo azar, pois logo que o up! foi lançado o mercado caiu e afetou especialmente os segmentos de entrada. Outro fator é que ele passa a sensação de que é menor do que realmente é. Tanto que agora a fabricante aumentou artificialmente seu comprimento. A campanha de lançamento também não ajudou, não vendia os atributos".

Fernando Calmon, colunista do UOL

Por que tanto Fusca?

Encravada aos pés das Serras do Mar e da Bocaina, Cunha é formada por fortes alterações de relevo, com muitos morros e ladeiras de difícil acesso. Para complicar ainda mais, são poucas a vias asfaltas ali, mesmo no coração da zona urbana. Enquanto na cidade se usa basicamente paralelepípedos, na área rural reinam as estradas de terra batida. Ou seja: não é qualquer veículo que "aguenta o tranco".

Por algum motivo até hoje não estudado, o Fusca ganhou fama de ser o único carro de baixo custo capaz de romper tais obstáculos sem deixar os moradores na mão. Clique abaixo e conheça a história completa por trás desta que até parece ser uma "lenda urbana".

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Arte/UOL

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