Embora visualmente tenha mudado pouco na linha 2016, a XRE 300 recebeu alterações para se adequar à segunda fase do Promot 4 (o programa de eficiência energética do setor). Isso acarretou redução de 26,1 para 25,4 cv (gasolina) cv na potência gerada pelo propulsor monocilíndrico flex.
Também houve tentativa de acabar com a má fama em relação a vazamentos de óleo, trincas no cabeçote e problemas na corrente de comando, entre outras queixas de consumidores. Cabeçote e diagrama da válvulas foram redesenhados. Há nova aleta para redirecionar ar para o motor e melhorar a refrigeração.
Outra novidade foi a tampa de combustível articulada, aumentando da capacidade do tanque de 13,6 para 13,8 litros. Comandos nos punhos foram modernizados (até que enfim!), e o painel digital é do tipo blackout, como as telas dos smartphones.
Reputação em jogo
A aventura, portanto, serviu para ver como a nova XRE 300 se sairia andando por 2.200 km, ininterruptamente, em condições extremas de uso -- trilhas cheias de obstáculos e temperatura ambiente acima de 30ºC. Aqui é preciso dizer: a moto terminou a prova sem trincos, vazamentos ou qualquer sinalização de falha.
Outra diferença positiva é que em quinta marcha o motor parece estar mais cheio em médios giros, dispensando tantas reduções.
O único porém foi o alto consumo de 23 km/l registrado nos trechos mais complicados (sempre com gasolina, porque o etanol nem sempre está disponível em regiões mais remotas). Na estrada asfaltada a autonomia melhorou para cerca de 28 km/l.
Ciclística
Suspensões têm curso longo -- 24,5 cm no garfo telecópico dianteiro e 22,5 cm na balança monoamortecida de alumínio traseira -- e são projetadas para uso misto. Encaram bem a buraqueira, mas não servem para off-road profissional. Ou seja, o trajeto foi sofrido.
Freios possuem auxílio do C-ABS, que combina frenagem combinada e ABS (antitravamento). A Honda jura que ele foi projetado para o uso no fora-de-estrada, mas na prática a configuração atrapalhou: simplesmente não é possível utilizar o freio traseiro para corrigir trajetórias, pois o disco dianteiro é automaticamente acionado.
Moto e pneus (de uso misto) sofreram mais na areia do Jalapão. Ali sentimos muita falta de protetores de mão, para evitar trombar em troncos e galhos à beira da estrada, e protetor de motor, que evita danos em caso de queda. O guidão, posicionado um pouco baixo demais, também atrapalhou.
Na soma, o desempenho foi satisfatório. A XRE 300 não tem a potência das bigtrails, mas compensa com agilidade e boa autonomia (cerca de 300 quilômetros). Falta conforto, em função da pouca proteção aerodinâmica, o que muitos proprietários resolvem comprando o para-brisa vendido como acessório.
Única manutenção necessária foi a troca do filtro de ar e o ajuste da transmissão final. A ver se, no uso comum do dia a dia, os problemas que tanto afetaram a vida dos consumidores e a reputação da XRE 300 terão sido realmente resolvidos.