Os camarotes espalhados pelo Dodô atendem a diversos públicos. Enquanto o Expresso 2222 aborda a cultura baiana mais tradicional, o Camarote Salvador -o mais caro entre todos, com ingressos que chegam a R$ 1890 por dia-- é a balada mais "top" que você poderá ir na cidade.
Ao entrar pela primeira vez em uma dessas áreas vips, o que impressiona é o tamanho e a quantidade de gente que cabe dentro do espaço. Escadas e mais escadas levam o folião a um labirinto onde o que é sempre visível é um bar oferecendo cerveja, vodca, uísque, energético, refrigerante e água.
O público vem pronto para arranjar um pretendente ou apenas pegar geral, especialmente nos camarotes-baladinhas. Enquanto as mulheres optam pelos saltos altos (e conseguem passar por um trecho do Circuito Dodô desse jeito), saia justa e abadás personalizados bem cavados para mostrar a marquinha de sol que pegou horas antes de curtir a balada, os homens vão de sapatênis, camiseta com gola em "V" e uma barba rala no estilo "acordei e vim".
Cada música é acompanhada de gritos e copos para o alto. O grupo mais desanimado, por incrível que pareça, é que o fica observando a folia no Circuito Barra-Ondina, que está mais preocupado em conversar com o amigo ou pegar uma bebida e beliscar algo do que observar o Carnaval de rua. Na parte superior dos camarotes fica o palco principal, onde passaram Wesley Safadão, Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Psirico, Harmonia do Samba, Léo Santana e outros nomes da música brasileira entre quinta (08) e terça (13).
O clima de balada e as batidas do funk fazem você nem lembrar que está na cidade do axé. E diversos famosos rodam pelo espaço especial, o que é um atrativo para você que quer dar um gás no seu Instagram.
Junior Martins saiu de Brasília com destino a Salvador. Para curtir os seis dias do Carnaval ao lado da esposa, o servidor público desembolsou quase R$ 15 mil entre passagens, hotel e camarotes. Apesar do custo elevado, Junior garante que o investimento vale a pena. "O atendimento [do camarote] é diferenciado, você tem tudo ao seu dispor, é um conforto muito bom".
Além de trazer shows exclusivos, os camarotes espalhados pela Barra-Ondina também trabalham com as duas palavrinhas mágicas do momento: "open bar". É só chegar e pegar o que quiser. Tudo isso por uma média de R$ 900 por noite. Já lá embaixo, quem está acompanhando os trios sem cordas colado com a multidão não tem o menor conforto. É um empurra-empurra daqui, uma sujeirada no chão, um desentendimento que rola ao seu lado direito e aquele calorão da Bahia.
Mas é ruim? Nem pensar. "Isso aqui é uma festa, assim que é bom", garante uma foliona enquanto se apertava entre as amigas para passar. Uma opção que não fica nem lá nem cá são os blocos pagos, que comercializam abadás. Variando entre R$ 100 e R$ 700, o bloco garante um conforto maior perto do trio rodeado por cordas, e ainda tem suas vantagens.
"Parece que no camarote ninguém se diverte, só fica vendo os outros se divertirem. Por isso eu prefiro o bloco", diz Manuel Andrade, que sai de Pernambuco com destino ao Carnaval de Salvador há 12 anos. Já Claudio Moura sempre garantiu seu lugarzinho entre os vips do Circuito Dodô, mas desta vez teve que se render ao bloco pelo preço dos camarotes. "Um camarote está saindo mais de R$ 1000, aí já fica muito caro".