Quem matou Diana?

Há 20 anos, uma perseguição por paparazzi terminou em tragédia e mudou a cobertura de celebridades no mundo

Eric Feferberg / AFP

Perseguição e morte

Na madrugada de 31 de agosto de 1997, Diana e seu namorado, Dodi Al Fayed, morreram ao bater o carro no túnel da ponte de l'Alma, junto ao rio Sena, em Paris. O motorista, Henri Paul, também não resistiu. O único sobrevivente foi o guarda-costas, protegido pelo cinto de segurança e o airbag do veículo.

A Princesa de Gales, então com 36 anos, chegou a ser encontrada semiconsciente, mas foi declarada morta três horas após o acidente, quando seu coração parou de bater por causa de uma hemorragia interna provocada pelo rompimento da veia pulmonar.

A polícia investigou nove fotógrafos e um motociclista que supostamente estariam perseguindo Diana, mas depois de exames realizados no corpo do motorista da princesa, foi constatado que ele estava dirigindo alcoolizado e em alta velocidade. De acordo com informações divulgadas em um inquérito judicial londrino, Paul foi visto bebendo em um bar duas horas antes do acidente. Para a polícia, foi ele o responsável pela tragédia.

Mas, para os filhos de Diana, não há dúvida de que os paparazzi são culpados pela morte da mãe.

"Cachorros"

Reprodução/ TV Globo Reprodução/ TV Globo

"As pessoas que perseguiram a minha mãe naquele túnel foram as mesmas que tiraram fotos dela morrendo no banco de trás do carro. Eu sei disso, William sabe disso. Ela tinha um machucado muito grave na cabeça, mas estava viva. Só que essas pessoas que causaram o acidente, ao invés de ajudá-la, continuaram a fotografar."

Príncipe Harry, em entrevista à BBC

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"Uma matilha de cachorros que a seguiu, perseguiu, assediou, chamou, cuspiu e tratou de conseguir uma reação enraivecida para conseguir uma fotografia."

Príncipe William, em entrevista à BBC

Reprodução Reprodução

Fotógrafo do primeiro beijo chorou com morte

Diana era assediada pela imprensa britânica desde o casamento com o príncipe Charles, em 1981, mas a perseguição se intensificou com o fim da união, em 1992, e a formalização do divórcio, em 1996.

Três semanas antes do acidente, o novo relacionamento de Lady Di foi exposto pela primeira vez, após vários rumores. O fotógrafo italiano Mario Brenna clicou o beijo entre a princesa e Dodi Al Fayed, durante um passeio de iate em Córsega, na França. O flagra estampou a capa do tabloide "Sunday Mirror" em 10 de agosto de 1997, rodou o mundo e rendeu ao profissional 4 milhões de libras, contando as republicações.

Duas décadas depois do acidente, Brenna falou pela primeira vez sobre a imagem exclusiva no livro "O Beijo de Lady Diana", que teve trechos publicados com exclusividade pela revista italiana "Oggi": "Quando soube da morte de Lady Di, desatei a chorar e decidi que nunca contaria o que tinha visto até que os filhos da princesa fossem grandes e maduros. Por respeito à sua memória, à de Dodi e das suas famílias".

Montagem/France-2 Television/AP Montagem/France-2 Television/AP

Acusados de homicídio

A Justiça francesa denunciou seis fotógrafos e um motociclista por homicídio culposo, sem intenção de matar, pela perseguição ao veículo com Diana e o namorado que provocou o acidente fatal.

Romuald Rat (na foto, à esq.), um dos profissionais detidos, disse em interrogatório que abriu a porta do carro da princesa e tentou ajudá-la, mas não tirou fotos porque “não era o momento”. A polícia apreendeu os equipamentos de Rat e de outro fotógrafo, Christian Martínez.

Jacques Langevin (na foto, à dir.), que também foi detido pela polícia, negou que estava entre os fotógrafos que perseguiram Lady Di: “Eu não sou paparazzi”.

France Presse France Presse

Condenação e multa de 1 euro

A Justiça de Paris absolveu Martínez, Langevin e Fabrice Chassery em 2003 e 2004, mas os profissionais foram condenados em 2006 por descumprir as leis sobre privacidade. Cada um pagou uma multa simbólica de 1 euro.

Já o Tribunal Superior de Londres considerou os fotógrafos culpados, mas as penas não puderam ser aplicadas devido ao caso ter sido julgado em outro país. O tribunal britânico também responsabilizou o casal, não ter usado cinto de segurança, e o motorista, Henri Paul, por estar dirigindo alcoolizado e sob efeito de medicamentos. Na foto, pichação feita no muro do túnel onde a princesa morreu, à época do acidente.

 

Chris Jelf/AFP Chris Jelf/AFP

Popularidade e assédio

Filho de Diana, William também é alvo dos paparazzi desde seu casamento com Kate Middleton, em 2011. O casal ajudou a recuperar a popularidade da família real e aparece em fotos oficiais com os filhos, George e Charlotte, divulgadas pelo próprio Palácio de Burkingham em suas redes sociais. Mas o esforço de aproximação mais direta com os súditos não consegue evitar o assédio dos fotógrafos.

William e Kate já foram alertados que estavam sendo seguidos por paparazzi que desejavam clicar o filho. Em 2012, os dois processaram a revista "Closer" por ter publicado fotos da duquesa de Cambridge seminua durante férias na Provença francesa.

A família real, por meio de seu porta-voz, comparou o assédio ao casal com os “piores excessos cometidos pela imprensa e pelos paparazzi durante a vida de Diana”.

Uma princesa do povo

O que mudou?

Após a morte de Diana, havia a expectativa de o governo britânico endurecer leis contra invasão de privacidade para conter os tabloides sensacionalistas. Duas décadas depois, pouco mudou no assédio da imprensa, mas as celebridades passaram a exigir mais seus direitos na Justiça.

Thibault Camus/AP Thibault Camus/AP

2008

A atriz Sienna Miller ganhou o processo contra uma agência fotográfica por ter transformado a sua vida em "um inferno". Ela reivindicou danos e exigiu o fim da "campanha de perseguição" de paparazzi.

AP/Carl Court/PA AP/Carl Court/PA

2009

Amy Winehouse conseguiu uma ordem judicial que proibiu paparazzi de chegarem a menos de 100 metros da casa dela. Uma pessoa próxima disse que o assédio colocava em risco a vida da cantora, que morreu em 2011, vítima de overdose.

Ian Nicholson/AFP Ian Nicholson/AFP

2011

O tabloide "News of the World", com 168 anos de existência, foi extinto após envolvimento em um escândalo de escutas ilegais para obter notícias em primeira-mão. A publicação era conhecida por manchetes sensacionalistas expondo a Família Real britânica.

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