Vício, internação: o que é o novo Phelps
É tênue a linha entre “aproveitar a vida” e “se perder”. Phelps já tinha ido e voltado de uma aposentadoria quando o mundo ruiu. Em setembro de 2014, ele foi detido por dirigir em alta velocidade e sob efeito de álcool em Baltimore, sua cidade natal. A irresponsabilidade que colocou a vida de outros em risco disparou um alarme. O nadador estava viciado em apostas e álcool, apresentava sintomas de depressão e começou a entender que seus problemas iam além da falta de vontade de treinar.
A relação conturbada com o pai, Fred, era o combustível de um espiral de autodestruição na vida de Phelps, que passou cinco dias recluso em seu quarto depois da prisão. O maior nadador do mundo foi parar em uma clínica de reabilitação onde passou 45 dias quase sem contato com o mundo exterior. Foi ao lado de outros pacientes, vendo TV, que ele soube da punição que o tiraria do Mundial de 2015, cortesia da federação americana de natação pela detenção de semanas antes. Deu certo. "Ele escondeu tudo que fazia dele um ser humano por 12 anos. Foi a clínica que o fez se abrir", disse o técnico Bowman ao New York Times.
Nas cordas, Phelps de novo recusou o caminho das estrelas intocáveis. Ao sair da clínica, nada de reclusão ou entrevistas protocolares. O atleta olímpico mais vitorioso da história se abriu como nunca, admitiu velhas mentiras e expôs todas as fraquezas para, enfim, ser forte de novo.
Se não for para falar a verdade, qual o sentido de voltar?
Foi o que disse Phelps em um evento do USOC (Comitê Olímpico Norte-Americano) meses depois de sair da clínica. Sim, "voltar". Porque reagir significava estar de novo na piscina para provar quem é o melhor de todos os tempos dentro da água.