A casa do casal também vive nesse limbo de quem tem um objetivo definido. O casal passa quatro meses por ano viajando pelo mundo, atrás de campeonatos. Mais meio ano no Rio de Janeiro, treinando com a seleção. Em casa mesmo, os dois têm um mês de férias e poucas semanas entre as viagens. O apartamento novo, comprado no início de 2015, quase não foi usado. “O casamento foi em dezembro de 2014. E só conseguimos aproveitar um ano depois. Antes disso, não paramos em casa. É até engraçado”, admite Aline.
No primeiro semestre de 2016 vai ser ainda pior: Aline e Flávio praticamente se mudaram para o Rio de Janeiro, onde a seleção de luta treina. A casa dos dois, em São Paulo, que já ficou meses fechada em 2015, seguirá sem ser aberta nesse ano. “A casa em que moramos no Rio é na Tijuca. Ela é boa e atende às necessidades dos atletas. Mas não é a nossa casa. Você abre mão do seu cantinho, da sua família, da sua distração, da sua diversão”, fala a lutadora.
Se Quem sofre, com isso, são irmãos, sobrinhos e afilhados. A virada de ano para 2016 foi sui-generis: pela primeira vez, Aline não passou com a família. Só sua mãe, dona Lídia, estava com ela e Flávio. “Natal e ano novo eu não fui para São Paulo. Não fui para casa, não passei com a família e não fiz festa. A gente ficou aqui treinando dia 25, 26, 27. A gente treinou tudo quanto é dia”, lembra Aline. “Minha mãe entende, porque ela está sempre do meu lado. Mas nem todo mundo aceita. A família cobra, sente falta. Meus afilhados falam: 'Você esqueceu da gente. Não liga mais, não visita mais'. O problema é que não sou eu. É o esporte. Tenho de ter concentração”.