Em 2014, teve início um outro processo na Justiça para garantir a instalação de energia elétrica no sítio, por meio do programa Luz para Todos.
Em março, após uma audiência na Justiça, a ação de Maria Francisca teve um primeiro ganho de causa. A juíza Alideleide Paes Miranda determinou que a Celpe (Companhia Energética de Pernambuco) fizesse todo o levantamento necessário para instalar a energia, "inclusive autorizando adentrar a área da Usina Petribu quando da vistoria caso se faça necessário".
Depois da posição favorável, e para receber a energia, o casal gastou em torno de R$ 1.500 com instalação de fiação, tomadas e a caixa do medidor. Para isso, Severino usou seu 13° salário. "Até empréstimo fizemos para adiantar tudo", lembra ele.
Severino é aposentado desde 1997, quando exames apontaram um problema irreversível na coluna. Recebe um salário mínimo. Já Francisca espera dar entrada no pedido do benefício daqui a três anos.
A fé da família aumentou após a Celpe entregar a eles a planta de toda a instalação, da rodovia até o sítio. No dia 9 de setembro, a equipe começou a colocar postes, mas acabou sendo expulsa da área por funcionários da usina.
"No dia em que o pessoal da Celpe veio e disse que ia começar a instalar foi uma gritaria aqui em casa. Estava com minha filha e minhas netas, que disseram: 'Que bom, vovó, agora a gente vai poder tomar suquinho gelado'; meu marido disse que ia poder ver um jogo", lembra Maria Francisca.
Sobre o fornecimento de energia, a Celpe confirmou ao UOL que houve um "impedimento de acesso à propriedade para realizar a ligação" e informou que "aguarda autorização judicial para ligar a unidade consumidora".
O episódio não só frustrou o antigo sonho da família, como deixou sequela. Três dias após a expulsão da equipe, Severino teve um pequeno AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Desde então passou a tomar remédio controlado e tem dificuldade de locomoção. "Foi a raiva que eu tive, não tenho dúvida, porque nunca tive isso na vida", afirma.