A trajetória de Lula

Imagens históricas da vida de um líder popular condenado na Operação Lava Jato

Wellington Ramalhoso Do UOL, em São Paulo

Há 40 anos, os metalúrgicos do ABC paulista iniciavam um ciclo de greves que chacoalhou o país em plena ditadura e alçaria o nome de Luiz Inácio Lula da Silva, líder da categoria, à política nacional.

Com fotos marcantes, o UOL mostra o caminho que o então sindicalista percorreu até se tornar presidente e as complicações com a Justiça na Operação Lava Jato.

O caminho está dividido em quatro fases: a das greves e problemas com a ditadura, a das candidaturas antes da vitória eleitoral de 2002, a dos mandatos presidenciais encerrados com aprovação recorde e a das turbulências pós-Presidência

Operário, sindicalista e criador do PT

Torneiro mecânico formado pelo Senai, Luiz Inácio Lula da Silva ganhou projeção nacional no fim da década de 70, quando presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, e liderou greves no ABC paulista. O movimento simbolizou a renovação da atividade sindical no país e desafiou a ditadura, que proibia manifestações e greves

Lula ficou preso por 31 dias no Dops (Departamento de Ordem e Política Social), órgão de repressão, em São Paulo, em 1980. Durante o período, dona Lindu, sua mãe, morreu, e ele foi autorizado a comparecer ao velório. Dois meses antes da prisão, ele havia fundado o Partido dos Trabalhadores

Em 1981, Lula foi condenado pela Justiça Militar a três anos e meio de prisão por incitação à desordem coletiva. Recorreu da decisão e foi absolvido no ano seguinte

Campanhas consolidam posição de líder da esquerda

A primeira eleição de que Lula e o PT participaram foi a de 1982. Lula foi candidato a governador de São Paulo, com o jurista Hélio Bicudo, também fundador do partido, como vice. Lula teve 1,1 milhão de votos e ficou em quarto lugar. O eleito foi Franco Montoro (PMDB). Depois de deixar o PT, Bicudo foi um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff

Em 1983, Lula participou da articulação de criação da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Entre esse ano e o seguinte, integrou o movimento suprapartidário das Diretas Já, que reivindicava o restabelecimento da democracia. A proposta de eleição direta para presidente terminou barrada no Congresso

O petista foi o deputado federal mais votado do país nas eleições de 1986. A vitória permitiu a Lula participar da Assembleia Constituinte, responsável pela elaboração e pela aprovação da nova Constituição do país, que entrou em vigor em 1988

Em 1989, depois de 29 anos, o país voltou a realizar uma eleição direta para presidente. Na primeira vez em que concorreu à Presidência, Lula conseguiu chegar ao segundo turno, obteve 31 milhões de votos, mas perdeu a disputa para Fernando Collor de Mello (então no PRN, hoje no PTC). Apesar da derrota, consolidou-se como principal líder da esquerda no país

Lula voltou a se candidatar a presidente em 1994 e em 1998. Repetiu o segundo lugar, perdendo as duas vezes para Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e sem conseguir levar as disputas para o segundo turno

Presidente popular

Na campanha presidencial de 2002, dirigiu um discurso mais moderado ao setor empresarial, simbolizado pela Carta ao Povo Brasileiro, e iniciou a série de vitórias petistas em eleições presidenciais. Obteve 52,8 milhões de votos no segundo turno e derrotou José Serra (PSDB), o candidato governista

Sustentado pelo bom desempenho da economia e pela implantação de políticas sociais, Lula conseguiu a reeleição em 2006, com a marca de 58,3 milhões de votos, superando o tucano Geraldo Alckmin e os reflexos do escândalo do mensalão, que estourou em 2005 e depois resultou em condenações de petistas como o ex-ministro José Dirceu

Lula terminou o governo em 2010, com altos índices de popularidade no país --sua gestão foi aprovada por 83% dos brasileiros, segundo o Datafolha-- e também com forte reconhecimento no exterior por reduzir os indicadores de pobreza. Desta forma, teve força para fazer sua sucessora, a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), novata em eleições e primeira mulher a se eleger presidente do país

Turbulências pós-Presidência

O petista foi diagnosticado com câncer na laringe em 2011. Submetido a tratamento quimioterápico, conseguiu superar a doença no ano seguinte

As complicações para Lula surgem com a Operação Lava Jato, iniciada em 2014 e destinada a investigar desvios na Petrobras. Em março de 2016, ele foi alvo de uma condução coercitiva para depor à Polícia Federal, que também realizou buscas e apreensões em imóveis ligados a ele

Dilma foi reeleita em 2014, mas teve dificuldades para governar no segundo mandato. Abalada pela crise econômica e pelas investigações contra o PT, ela viu ruir sua base no Congresso. Em 2016, tentando recuperar apoio, nomeou Lula como ministro da Casa Civil, mas a posse foi barrada na Justiça. A divulgação, com autorização do juiz Sergio Moro, de uma conversa telefônica entre os petistas desencadeou protestos nas ruas. Um mês depois, Dilma foi afastada da Presidência e posteriormente sofreu o impeachment

Em fevereiro de 2017, Lula ficou viúvo de Marisa Letícia, com quem era casado desde os anos 70. Depois de várias denúncias de envolvimento com os desvios na Petrobras, Lula prestou depoimento ao juiz Moro em maio. Dois meses depois, foi condenado pelo magistrado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro sob a acusação de ter recebido um apartamento tríplex no Guarujá (SP) da construtora OAS. O petista alega inocência e reclama de perseguição política

Em janeiro de 2018, Lula foi condenado em segundo instância. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região condenou o ex-presidente a 12 anos e um mês de prisão. Os processos e condenações não impediram que o petista mantivesse a liderança nas pesquisas eleitorais para presidente. No entanto, depois de uma série de batalhas jurídicas, a Justiça determinou sua prisão 

Curtiu? Compartilhe.

Topo