Buenos Aires foi tomada por uma avalanche verde nos dias que precederam a votação da lei do aborto na Câmara de Deputados, em 14 de junho. "Se não fosse essa pressão popular, não teria passado", disse ao UOL Celeste Mc Dougall, ativista da Campanha Nacional pelo Direito de Abortar --organização que redigiu o projeto de lei em pauta agora.
A cor virou símbolo da luta feminista na Argentina, que viu grupos de mulheres, muitas delas ainda estudantes de ensino médio, acampar nas ruas próximas ao Congresso durante a votação que se estendeu por 20 horas.
Após a aprovação apertada (129 a favor, 125 contra e uma abstenção), grupos contrários também passaram a organizar protestos, com o objetivo de pressionar os senadores para barrar a aprovação. Eles adotaram o azul-celeste, da bandeira argentina, para representar a posição que chamaram de "pró-vida".
"É preciso salvar as duas vidas", diz o lema dos manifestantes contrários à lei.
Diante da polarização, ganharam força nos últimos dias propostas alternativas. Uma delas prevê deixar de tratar o aborto como crime, mas não oferecê-lo na rede pública. Outra propõe diminuir de 14 semanas, como prevê o texto aprovado pelos deputados, para 12 semanas de gestação o prazo máximo do aborto, além de retirar a punição a médicos ou hospitais que se negarem a realizar o procedimento.
A menos de duas semanas da votação, é difícil prever o que será decidido no Senado argentino.