E a internet do Brasil?
No Brasil, a neutralidade é protegida pelo Marco Civil da Internet, que diz que o “responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação”. Mas não se engane: as operadoras estão bem interessadas em mudanças.
O Sinditelebrasil (sindicato patronal dos grandes provedores) já afirmou que defende uma neutralidade de rede praticada de forma “inteligente”, na qual conteúdos não são diferenciados, mas aspectos técnicos, sim – por exemplo, podem diminuir velocidade de alguém vendo um filme e deixar normal a de uma pessoa que só checa emails.
Por aqui já existem polêmicas como o oferecimento de WhatsApp ilimitado por algumas operadoras ou pelo “traffic shaping” (quando a sua conexão é remodelada a depender do uso que você está fazendo), prática acusada por muitos usuários. Para especialistas, a decisão norte-americana pode sim trazer mudanças no país.
“Você pega um lugar do tamanho dos Estados Unidos. Com certeza vai refletir no Brasil. Nós temos sempre um grande desafio que é a política acima de tudo. No primeiro momento, temos um impedimento legal, que é o Marco Civil, mas nada impede que grupos de pressão defendam que o fim da neutralidade da rede seja um bom negócio e forcem a criação de um projeto de lei que altere o Marco Civil”, opina Leandro Bissoli, especialista em direito digital da Peck Advogados.
E o caminho para alterar qualquer regra na rede por aqui tem que ser exatamente esse: para mudar o Marco Civil da Internet, teria que ser criado um projeto de lei. Isso pode partir tanto dos congressistas brasileiros (deputados ou senadores) como do presidente Michel Temer (MDB).
É aguardar para ver. Mas que a sua internet está mais ameaçada a partir de hoje, está.