Militares de prontidão

Exército brasileiro já prepara tropa para mais operações de policiamento ostensivo nas cidades

Guilherme Azevedo Do UOL, em Campinas (SP) e Resende (RJ)
Marcelo Justo/UOL

O Exército do Brasil entende que será convocado cada vez mais a participar do dia a dia de ações de segurança pública no Brasil, policiando ostensivamente e patrulhando cidades.

Até 2030, vislumbram os comandantes da força terrestre, essas operações com emprego de militares no interior das mais diferentes comunidades, denominadas de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), vão se multiplicar.

Impulsionadas pela crise dos recursos tradicionais da segurança pública do Brasil nos estados e municípios; pela crise econômica e seu impacto sobre o desemprego e a criminalidade; e pela transformação da própria natureza dos conflitos armados.

A guerra, hoje, conforme a doutrina militar atualizada, é menos travada em batalhas campais e mais em ambientes humanizados e fluidos, em centros urbanos.

Esse contexto novo vem introduzindo modificações no modo como se formam e se treinam, nas academias militares, os futuros oficiais do Exército brasileiro.

A graduação universitária de oficiais de carreira da linha de ensino militar bélico do Exército, isto é, dos oficiais que vão organizar e lutar a guerra nos fronts mais diversos, no combate armado efetivo, acontece no Brasil em duas escolas.

O ingresso do candidato, por meio de vestibular anual, se dá pela Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP). Ali os alunos estudam por um ano. A partir do segundo ano, migram para a Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende (RJ), onde estudam por mais quatro anos, totalizando cinco anos para a graduação em ciências militares.

Tudo em regime de internato.

O UOL visitou as duas escolas, conversou com alunos e alunas (que serão as primeiras oficiais brasileiras da linha de combate na história, isto é, poderão participar de combates numa guerra), professores, coordenadores e conta o que aprendem e como se formam os futuros dirigentes da mais antiga e maior arma da nação, uma força com efetivo de mais de 200 mil homens e mulheres.

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O ingresso e a transição

A primeira etapa obrigatória na formação do futuro oficial é a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, a EsPCEx, em Campinas, a cerca de 100 km de São Paulo. Aqui o aluno ou a aluna entre 17 e 22 anos, com o ensino médio completo, ingressou após ter sido aprovado em vestibular concorrido, em duas etapas. Primeira, o teste intelectual, que incluiu conteúdos do ensino médio; segunda, inspeção de saúde, teste físico e avaliação psicológica.

No concurso de 2017, foram 80 candidatos a cada uma das 400 vagas disponíveis para os homens. Pela segunda vez na história do Brasil, as mulheres puderam concorrer também a oficiais da linha combatente. Para cada uma das 40 vagas ofertadas havia cerca de 270 garotas concorrendo. No vestibular de 2018, o número de vagas para mulheres subiu para 45.

Os homens e mulheres que ingressaram na escola preparatória vão ficar estudando e morando ali por um ano, em alojamentos divididos por gênero. Em tudo o mais ficarão juntos, executando as mesmas tarefas na sala de aula e nos campos de treinos, baseados no princípio que na escola todos, direção, professores e alunos, defendem como justo: o de isonomia e de meritocracia.

Tem de ser igual para todos, homens e mulheres, e aquele ou aquela que se sair melhor é quem vence ou pontua melhor. A propósito, são a todo momento observados e avaliados pelos professores e instrutores, quer no desempenho, quer na atitude.

Essas avaliações se somarão e gerarão um ranqueamento entre os alunos ao longo dos cinco anos, que vão garantir prerrogativas ao fim do curso, com os primeiros colocados podendo escolher primeiro as vagas disponíveis para os oficiais do Exército.

Estudam de segunda a sexta-feira, em período integral, com ajuda de custo de pouco menos de R$ 1.000 (o soldo sobe um pouquinho quando chegam à Aman). Estão de pé logo no início da manhã, arrumam suas próprias camas e cuidam de suas fardas, que só tiram para atividades físicas. A primeira formação do dia é às 6h40, e as aulas (com duração de 45 minutos cada uma) vão das 7h30 às 17h30.

O currículo se divide em disciplinas universitárias, como língua portuguesa, inglesa e espanhola, história do Brasil, física e química aplicadas, e disciplinas técnico-profissionais, como técnicas militares e treinamento físico militar.

Na escola de Campinas, os mais de 400 alunos são divididos em três companhias com cerca de 150 alunos. E cada companhia é dividida em quatro pelotões. Um capitão coordena cada companhia, e um tenente cuida de cada pelotão.

Depois da admissão de mulheres na escola, um novo posto foi criado: o de tenente adjunta ao capitão. Essa tenente, sempre mulher, fará a interlocução com as alunas para questões, digamos, mais femininas, como no caso de cólicas menstruais.

Da vida civil para a carreira militar

"A formação do oficial do Exército está planejada para cinco anos. Essa formação começa aqui. No primeiro momento, vamos receber o candidato, fazendo a transição dele da vida civil para a vida militar. Adaptá-lo à vida militar. Tudo dentro de uma progressividade, para que não tenha impacto tão grande e venha a absorver os valores que procuramos passar, os conhecimentos, os meios necessários para ser bom aluno. Entender como funciona a nossa carreira e que depois prossiga para a academia militar como uma continuidade, sem uma mudança muito brusca", contextualiza o comandante-geral da escola, o coronel Marcus Araujo.

A transição do mundo civil para o militar é sujeita a arestas, segundo o coronel. "Porque temos jovens de vários locais do país, com várias formações, às vezes alguns regionalismos, hábitos e culturas diferentes, e aqui temos certo rigor de cumprimento de horários, de atividades que terão de realizar. Tudo é muito medido e coordenado. E muitas vezes em casa o aluno não tem essa gama de compromissos. Então essa transição tem certa dificuldade, mas é vencida de maneira muito rápida. Os alunos se adaptam muito rápido."

A passagem para a carreira militar inclui a formação desde o nível mais básico, dos elementos mais rudimentares da profissão, explica o tenente-coronel Fabricio Gonçalves Volcov, chefe da seção de coordenação pedagógica da escola.

"É como numa empresa. Existe o nível operacional, tático e estratégico. O oficial vai ter de passar por todos esses níveis. Então começa no nível operacional, que é o mesmo nível do soldado. Ele é um fazedor de coisas, vai ter que aprender a se virar no combate. Por enquanto, não precisa comandar ninguém, mas a gente também faz uma preparação do líder e já o põe em algumas funções em que pode exercer liderança e comandar, mas não é o foco. O foco é a formação do combatente individual básico. Ou seja, tem que saber rastejar, se proteger, se camuflar, atirar em proveito dele mesmo."

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Que arma escolherei?

Após o primeiro ano em Campinas (SP), o estudante que for aprovado (com nota mínima igual a 5,0 em cada uma das disciplinas) se transfere para a Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende (RJ), a cerca de 160 km do Rio de Janeiro, onde mora e estuda em tempo integral, de segunda a sexta-feira e em fins de semana em que há atividades programadas.

O aluno passa a ser chamado ali de cadete, um termo que retoma o passado: durante o Império e os primeiros anos da República, cadete foi a palavra utilizada para nomear os aspirantes a oficial de origem nobre, como lembra o pesquisador Celso Castro, especialista em Forças Armadas, no estudo "Inventando Tradições no Exército Brasileiro: José Pessoa e a Reforma da Escola Militar".

Do conjunto numeroso de símbolos que integram a vida do cadete e procuram dar-lhe um sentido maior, destaca-se a entrega, a cada um dos estudantes, de réplica em miniatura da espada de campanha do duque de Caxias, o patrono do Exército (veja foto mais abaixo). Ofertada no primeiro ano, precisará ser devolvida no último. É considerada símbolo da honra militar.

Todo esse corpo simbólico da vida do cadete é parte da reforma geral da escola militar proposta e inicialmente realizada por José Pessoa (1885-1959), militar que foi sobrinho do ex-presidente Epitácio Pessoa e irmão de João Pessoa, assassinado quando governador da Paraíba.

Foi ele o defensor da transferência da Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, onde se formavam então os oficiais, para a região de Resende. Um dos objetivos era apartar o militar da agitação política e dos movimentos sociais que vicejavam na capital federal da época.

O conjunto principal de edificações que forma a Aman, suntuoso (com mármore de Carrara no revestimento de grande parte da construção, doação do empresário Henrique Lage), seria inaugurado em 1944 e, em 2019, completará 75 anos.

"Ser cadete é cultuar a verdade, a lealdade, a probidade e a responsabilidade", lê-se e ouve-se aqui e ali durante nossa visita.

"Se pudesse resumir, a academia é uma casa de valores, uma escola de líderes. Hoje, num horizonte temporal bem definido, estamos formando aqueles que vão dirigir o Exército em 2050, o alto comando", sublinha o coronel João Augusto Vargas Ávila, chefe da divisão de ensino da Aman. "Se você olhar para esse pátio aí fora [ele aponta para a janela ampla], nos quatro anos que temos de academia, estão nele os 15 generais de quatro estrelas que em 2050 estarão comandando os destinos do Exército e, quiçá, um comandante do Exército."

O atual comandante da força terrestre, o general Eduardo Villas Bôas, cursou a escola de Campinas e em seguida a academia de Resende, onde se formou em 1973. Na Aman, Villas Bôas foi também instrutor e comandante do curso de infantaria.

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Por um militar ético e humanista

O dia a dia na Academia Militar das Agulhas Negras, a exemplo do que foi na escola, é lotado. A primeira atividade é de formatura, às 6h40, seguida das aulas, das 7h30 às 17h30.

O cronograma combina aulas de 50 minutos de disciplinas universitárias e disciplinas técnico-profissionais, com treinamento militar propriamente dito, como tiro com armas coletivas (tipo canhão) e com armas individuais (por exemplo, fuzil). Há ainda muito treino físico, aulas de técnicas militares e equitação com função pedagógico, para, dizem, dar coragem, iniciativa ao cadete.

No campo universitário, matérias de cunho mais humanista ganharam espaço, conforme novo entendimento de que o oficial combatente contemporâneo precisa entender também muito de gente e não só muito de guerra, para liderar, saber comandar coletivamente e trabalhar nos ambientes urbanos e humanizados.

Filosofia, com estudo de autores clássicos, como Platão e Aristóteles, já é discutida no primeiro ano. No segundo ano da academia, sociologia e psicologia entram na grade. Além de língua portuguesa, inglesa e espanhola, há, no currículo dos cinco anos de estudo, também geopolítica, relações internacionais e disciplinas de direito, como direito penal, direito administrativo e ética profissional militar com ênfase em direitos humanos.

"Por que ética? Porque envolve profundamente qualquer das atuações do militar. Sejam os conflitos, nas guerras formais, que praticamente acabaram, sejam outros conflitos ou ações internas, esses limites estarão estabelecidos pela estrutura legal. São instrumentos de controle e orientação e as leis têm uma coerção. São esses limites que a gente ensina, sempre dentro do marco maior do instrumento legal normativo, que é a Constituição Federal", descreve o coronel Linhares, que leciona as disciplinas do direito.

Segundo o professor Linhares, discutem-se em sala de aula, por exemplo, os tratados internacionais voltados para a proteção da dignidade da pessoa humana, assim como a legislação nacional que trata do tema e o direito internacional dos conflitos armados.

"Mas como conduzimos isso? Sempre procurando ministrar o conteúdo doutrinário e depois buscando contextualizar o emprego. De que maneira? Criando casos esquemáticos, em que o cadete estará comandando um pelotão, assessorando um comandante, dentro de uma missão da ONU [Organização das Nações Unidas], dentro de uma ação de GLO [Garantia da Lei e da Ordem]. Criando casos em abstrato para que ele possa decidir."

Quando chegam, os cadetes do primeiro ano são divididos em quatro companhias, com três pelotões cada uma. A exemplo da escola de Campinas, há um capitão responsável para cada companhia, com um tenente encarregado de cada pelotão. Uma tenente adjunta ao capitão atende diretamente as 32 cadetes pioneiras na linha combatente (ingressaram 37 em Campinas e cinco meninas desistiram). Entre os homens, são 380 cadetes no primeiro ano.

Chegou a hora de decidir

Nas primeiras semanas do segundo ano de Aman, o cadete precisará escolher entre as especializações do Exército brasileiro, que se chamam armas. Se for homem, terá sete armas à escolha: infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia, comunicações, material bélico e intendência. Se for mulher, apenas duas, as duas últimas da relação anterior, mais relacionadas à administração, manutenção e suprimento para os locais de conflito.

O número disponível de vagas para o curso de cada arma é indicado pelo comando do Exército, conforme estudo de necessidades do efetivo atual. Os alunos mais bem colocados entre todos do seu ano têm preferência.

É uma decisão que o cadete tomará baseado no seu histórico na escola, perfil e vontade. Uma vez escolhida a arma, ele ou ela nunca mais poderão mudar para outra. É para a vida toda.

Gosta da ação? Da linha de frente? Do combate imediato? Então você é um infante. É meticuloso? Paciente? Detalhista? Nasceu para artilheiro.

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"Missões de GLO vão aumentar"

A operação ou missão de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) é, segundo o manual de GLO desenvolvido pelo Ministério da Defesa e pelas Forças Armadas, uma operação militar determinada pelo presidente da República e conduzida pelas Forças Armadas de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado. Ocorre nos casos em que há esgotamento das forças tradicionais de segurança, em situações de grave desordem, para a preservação da ordem e a proteção às pessoas.

Está contemplada na legislação brasileira, incluindo a Constituição de 1988. No período pós-ditadura militar, a partir de 1985, foi lançada pela primeira vez em 1992, por ocasião da realização da reunião de cúpula Eco-92, com a presença de dezenas de chefes de Estado, no Rio. As Forças Armadas garantiram então que o Rio, já enfrentando graves problemas sociais e de segurança, sediasse o encontro sem contratempos.

De lá para cá, a convocação dos militares para atividades de policiamento ostensivo, assumindo a linha de frente do combate ao crime organizado no interior das cidades, às vezes substituindo as próprias forças de segurança locais, tem se tornado mais frequente.

E, na visão dos comandantes do Exército, as operações de GLO vieram mesmo para ficar e por isso suas academias de formação do militar de hoje têm revisado currículos, ensinando novas doutrinas e práticas.

"Temos um órgão de direção geral, que se chama Estado-Maior do Exército, que trabalha com construção de cenários. Hoje o Exército está trabalhando com construção de cenário em 2030. E hoje o cenário vislumbrado por esses camaradas é que as missões de GLO vão aumentar", afirma o coronel Ávila, chefe de ensino da Aman.

"Em todas as áreas de formação do Exército, quer seja no ensino profissional, quer seja na instrução do soldado, ou na formação do oficial, não pode deixar de observar isso, porque é um cenário que foi vislumbrado e normalmente vai se confirmar. Isso, baseado no que está acontecendo hoje."

O Exército atuou recentemente no controle de rebeliões nos presídios brasileiros, como no Rio Grande do Norte, e na garantia da lei e da ordem nas paralisações das polícias militares e civis, como no Espírito Santo. A GLO de caráter mais profundo é no Rio de Janeiro, decretada via intervenção federal, a primeira desde a democratização, em fevereiro deste ano.

Os futuros oficiais, hoje cadetes da Aman, já estudam a nova doutrina dos conflitos, de forma "a estarem aptos a conduzir operações no amplo espectro (operações ofensivas, defensivas, de operações de cooperação e coordenação com agências)”, conforme comunicado do comando da academia.

É que as operações de GLO com que o futuro combatente vai lidar normalmente são conduzidas por múltiplos atores, como as polícias Federal e Militar, e comandadas também multilateralmente.

O militar do Exército, portanto, precisará estar apto a trabalhar em grupo com outras forças e dividir comandos.

Como os conflitos hoje são de caráter urbano, situados dentro de áreas com populações civis, a exemplo dos morros do Rio, e de inimigos não muito bem definidos e declarados, isto é, são forças irregulares, no jargão militar, os futuros oficiais do Exército precisam saber falar a língua e respeitar a peculiaridade dos civis.

Daí o currículo contemplar aulas de filosofia, sociologia e direito com foco em ética e direitos humanos. Precisa ser tudo dentro da normalidade da lei e da dignidade humana.

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Aprendendo na prática

O cadete do último ano, o quarto na academia e o quinto na formação geral, tem a oportunidade de vivenciar, testar e aprimorar na prática o conteúdo e as técnicas para lidar com conflitos nos ambientes humanizados e ambíguos. O nome técnico da atividade é estágio de corpo de tropa.

O cadete Thales Felipe de Alcântara, 24 (na foto), participou desse treinamento para operações de GLO, que é conduzido em Quatis (RJ), pequeno município de pouco mais de 13 mil habitantes. A prefeitura local sedia instalações em troca de apoio do Exército na área de saúde.

Ali, com outros cadetes, revezando-se em duas turmas, cada uma durante uma semana, montou postos de segurança, patrulhou a pé, de carro e com apoio aéreo de helicóptero. E não raro, no cotidiano do treinamento militar, rajadas de tiros de festim.

"Fizemos uma imitação do combate real. Foi a oportunidade de praticar em rua o que se aprendeu em sala de aula."

O cadete Alcântara é filho de pai militar, que diz ser "um exemplo dentro de casa", e "tinha o sonho de vir para cá".

A Yasmim, a irmã mais nova, depois que abriu concurso para mulheres, também pretende tentar a carreira, segundo o cadete.

Alcântara escolheu a arma da artilharia e sabe como é um bom artilheiro: "É disciplinado, aguerrido, meticuloso e preza muito o profissionalismo".

Para o futuro, ao se formar tenente ali, quer "ser um bom oficial e ajudar de alguma forma para o desenvolvimento nacional".

Primeiro vai ter de finalizar seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), obrigatório para a formatura de todo cadete, que tem o seguinte tema: "A visão da imprensa mineira sobre a Guerra do Paraguai: um estudo de caso do jornal 'O Jequitinhonha', de Diamantina".

O cadete Vinicius Couto, 24, colega do mesmo ano do cadete Alcântara e que também participou do treinamento para operações com forças irregulares nas ruas de Quatis, destaca o valor da prática como fundamental e também o conteúdo teórico aprendido em sala sobre direito, direitos humanos e ética.

"Abriu bem a nossa visão para a formação do pensamento crítico e a valorização do ser humano", elogia.

O cadete, nascido numa família de militares (o capitão Couto, primos e tio), está agora preparando seu TCC sobre persuasão e liderança, aplicadas ao comando da arma de artilharia, que escolheu.

Diz agora ter "um sentimento de cumprimento de missão", após ter vencido "muita adversidade". Assim que deixar a academia como tenente e assumir o seu primeiro posto, projeta dar o "máximo".

"Saber que o meu trabalho não está sendo em vão. Da menor missão interna até a missão no exterior."

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Treinamento físico militar na Aman, em Resende (RJ)

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Multiplicação de GLOs esvazia poder civil, diz FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que governou o Brasil entre 1995 e 2002, acredita que o possível crescimento do número de operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) possa ser nocivo ao país em termos de equilíbrio de forças.

"Quando um governo começa a ter falta de força política, ele apela aos militares. É perigoso. A multiplicação das GLOs é complicada. Você começa, começa e aí? Você esvazia o poder político civil. Então, não é bom."

Para FHC, a recorrência ao poder militar mostra que os outros recursos de controle e segurança da sociedade estão se esgotando. "Vamos tentar segurar os outros recursos para evitar que isso se transforme numa tendência. Aqui, por enquanto, os quadros institucionais e constitucionais estão funcionando. Tomara fiquem. Tem que haver eleição."

O ex-presidente lembra de que, na época da redação da nova Constituição Brasileira, em 1988, o artigo que estabeleceu a condição básica das Forças Armadas, bem como suas atribuições fundamentais (artigo 142), entre elas, a garantia da lei e da ordem, teve sua contribuição direta.

"Havia uma proposta do [deputado federal José] Genoino [PT-SP] de que os militares nunca poderiam interferir [na vida civil]. É meio irrealista, porque vem a eleição e nós pedimos as tropas para garantir a eleição. Sempre", pontua FHC. "Então é melhor você disciplinar. Pode o chefe de cada um dos Poderes [do Supremo Tribunal Federal, da Câmara dos Deputados e do Senado] pedir garantia da lei e da ordem, mas a decisão é só do presidente [da República]."

O tucano frisa que "os civis têm que aprender a conviver com os militares", que "uma parte do poder é coercitiva" e, quando presidente, foi obrigado a recorrer aos militares em situações específicas. "No meu tempo, as polícias começaram a se revoltar. O que a gente fazia? Chamava o Exército. Só [controla uma força com] outra força."

"A gente tem de ser realista nessas coisas e ao mesmo tempo democrático. Qual é a regra? GLO é uma regra."

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Preparação para prova de avaliação física na escola de Campinas (SP)

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Mulher não chora

A cadete Kimberly Galdino Afonso Ferreira, 22 (na foto), se emociona ao falar da missão, da carreira que escolheu para si.

Os olhos marejam, uma lágrima ameaça pular do olho direito. Mulher não chora, Kimberly?

Ela retém o pranto, a voz embarga. Outra lágrima se insinua, cresce, mas não cai. Mulher não chora, Kimberly?

Ela olha para os oficiais presentes, os braços cruzados atrás das costas, a boina parcialmente encobrindo a fronte, os olhos rutilantes por baixo da aba.

Não, ela não chora.

A cadete Kimberly faz parte de uma turma com responsabilidade enorme pesando sobre os ombros: a das mulheres que se tornarão as primeiras oficiais da linha combatente da história do Exército brasileiro, podendo chegar até a generais. São pioneiras. Hoje, no Exército, mulheres atuam mais no suporte, em áreas administrativas, de ensino e de saúde.

Ingressaram pelo primeiro concurso aberto também a elas, em 2016, seguindo a lei 12.705, de 2012, que determinou o ingresso feminino nas academias da linha bélica das três Forças Armadas em até cinco anos.

Em 2017, cursaram a escola preparatória de Campinas e estão hoje no primeiro da Aman. No ano que vem terão de escolher entre o serviço de intendência e o quadro de material bélico, as duas das sete armas do Exército nas quais podem ingressar, pelo menos por enquanto.

A cadete Kimberly, que é natural do Rio de Janeiro, tem pai militar. "Ele sempre me incentivou. De ele ser um exemplo de vida para você."

Ela estudou em colégio militar no Rio, do 5º ano ao ensino médio, e ia fazer medicina, quando mudou de ideia.

Na academia, não quer ser menos do que perfeita, consciente de sua posição histórica.

"A gente vive se cobrando um pouco para fazer o certo. Para ser uma boa profissional sempre."

A cadete Kimberly não acredita é em guerra dos sexos: "Homens e mulheres se complementam e estão aqui para somar".

Para a garota, "o Exército é um caminho pelo Brasil". "Para construir, ser patriota. Poder ajudar o próximo daqui ou de fora. São poucas as profissões que conseguem fazer isso e aqui consigo."

Kimberly vai levar consigo no mínimo uma lição que ali aprendeu, quando for tenente lá adiante dos muros da Aman, no horizonte longo em que se vê ao fundo o conjunto de montanhas onde está o pico que dá nome à escola: o ensino para a tolerância.

"Uma lição de vida para que eu possa passar para as pessoas lá fora. Quero lidar com a população, o ser humano. Ter ética com o cidadão. Lidar com a população de forma correta", confia.

Foi durante essa última fala que a cadete se emocionou e quase chorou. Mulher não chora, Kimberly?

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O sarrafo e o machismo

Diferentemente da colega Kimberly, a cadete Vitória Bezerra Costa, 19 (na foto), de Fortaleza, alta e esguia, não tinha nenhum militar na família, mas estudou desde o 5º ano em colégio militar. Diz que sempre prezou os valores do patriotismo e do civismo.

Ela se diz sistemática e que vai melhor na parte administrativa. "A nossa é uma responsabilidade maior, porque o sarrafo vai ser colocado por nós."

Vitória se refere ao fato de ela e as outras 31 meninas cadetes estarem estabelecendo marcos e índices inaugurais de avaliação e desempenho.

A cadete diz gostar muito das disciplinas de línguas estrangeiras e aguarda ansiosamente pelas aulas de geopolítica. São conteúdos que vão ajudá-la na realização do sonho: "Uma missão no exterior é uma grande oportunidade".

Mas sua estratégia é um passo depois do outro: "Tento manter o foco, com faróis curtos, primeiro o que está à minha frente".

Uma dificuldade presente no dia a dia de quem estuda nas academias é a saudade. As meninas, sim, e os meninos também, sentem falta de casa, da convivência com a família, uma vez que passam a morar na escola. Quem vem de longe nem sempre consegue aproveitar o fim de semana de folga para viajar de volta para casa. Pesa também a grade curricular lotada, que pode incluir atividades até nos fins de semana.

"A distância para mim pesou bastante", admite a cadete Valquíria Letícia Gomes de Mesquita, 19, de Brasília, que morava com os pais e as irmãs. O pai é militar e ela mesma estudou a maior parte da vida em colégio militar.

"Falar só por celular é dureza."

Entre as alunas, e também alunos, que ingressaram neste ano na escola de Campinas, futuros cadetes, a saudade estimulou vínculos. "Sinto bastante falta de casa, mas você cria uma outra família aqui", aponta Larissa Goulart, 19, de Taubaté (SP).

Daí um bordão que ela compartilha, sempre repetido pelos alunos como forma de incentivo mútuo: "Vibra que não dói".

Manoela Albert, 21, do Recife, optou pela carreira militar de combate baseada numa inquietação que é compartilhada por outros alunos: não queria ficar presa dentro de uma sala de aula e depois em um escritório. Chegou a cursar cinco períodos da graduação em direito, mas desistiu.

De família militar, decidiu fazer cursinho específico para concursos da área e entrou na EsPCEx na segunda tentativa.

Com o soldo que passou a receber na escola, de pouco menos de R$ 1.000, começou a sentir o sabor da independência, de bastar-se a si mesma, de saber se virar, enfim. "Desde que estou aqui, nunca mais pedi dinheiro para o meu pai. Monto o meu kit de higiene, pago meu passeio no fim de semana, cinema. O dinheiro é mais do que suficiente."

Muito bem avaliadas

Pelas avaliações dos dois primeiros anos na escola de Campinas e do primeiro ano em Resende, o sarrafo está sendo colocado por elas muito lá em cima, até com relação aos homens.

"Apesar de a idade ser igual, elas são mais maduras, mais concentradas e focadas. Detestam quando erram. Com isso, suas notas [altas] acabam refletindo. Querem aproveitar a oportunidade de serem as primeiras mulheres da linha combatente", confirma a tenente Thaynan Miranda Amorim, 31, que é instrutora, com a responsabilidade específica, como mulher, de fazer a interlocução direta com as alunas.

O coronel Ávila, chefe de ensino da academia de Resende, acredita que "a mulher chegou para humanizar um ambiente que era totalmente masculino" e vai ajudar muito. "A segunda colocada da Aman no primeiro ano é mulher. Do efetivo de mulheres que temos aqui, metade está entre os 50 melhores da turma, do efetivo de 400", detalha.

"Já, já, vamos ter mulheres primeiras colocadas de turma. Pode ser até nessa primeira turma agora, já que temos uma segunda colocada que está a centésimos de diferença do primeiro, que é homem. E aqui nós primamos a meritocracia. Se tiver de ser mulher, vai ser mulher", assume Ávila, que é pai também de uma dessas meninas que têm enchido os olhos de professores e instrutores.

A tenente Thaynan não esconde que um outro tipo de sarrafo, colocado de forma pouco sutil e clara, ainda atrapalha o itinerário das mulheres nas academias: o machismo. "Aqui a gente enfrenta ainda o machismo fortemente. Se a sociedade lá fora é machista, é normal que aqui seja também. Estamos o tempo inteiro tendo de mostrar que esse espaço é nosso também."

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Chegada da prova de avaliação física em Campinas (SP)

"Não somos apolíticos"

Nós não somos apolíticos. Nossa formação, nossa carreira é de Estado. Acompanhamos os interesses do Estado brasileiro. Os governos dos mais variados vieses se sucedem, o país fica. Então, a formação do oficial se dá, em linhas gerais, nessa direção, a direção dos interesses do Estado brasileiro.

Coronel João Augusto Vargas Ávila

Coronel João Augusto Vargas Ávila, chefe da divisão de ensino da Aman

Não devemos trabalhar em assuntos políticos aqui na escola. Nossa preocupação é totalmente focada com a formação militar do nosso aluno.

Coronel Marcus Araujo

Coronel Marcus Araujo, comandante da Escola Preparatória de Cadetes do Exército

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Peço licença para discordar, senhor!

Espera-se hoje, do oficial do Exército brasileiro, muito mais do que a observação rigorosa da hierarquia e da disciplina, princípios de base da carreira militar, e do que o culto a valores morais considerados modelares e imutáveis, como verdade, lealdade, honestidade e responsabilidade.

Os oficiais da força terrestre precisam ser hoje capazes de pensar por si mesmos, de inovar, de analisar cenários complexos e decidir com assertividade e velocidade muitas vezes sem consultar seus superiores.

Do combatente do século 21, as seguintes capacidades são esperadas e são trabalhadas por meio das disciplinas de formação no dia a dia da academia: proatividade, liderança, pensamento crítico, capacidade de aprender e desaprender, inovação, resiliência, inteligência emocional e comunicabilidade.

"À primeira vista parece que a hierarquia e a disciplina vão comprometer o pensamento crítico, mas não vão. As próprias metodologias ativas da aprendizagem nos ajudam nesse sentido, de estimular o pensamento crítico dos nossos cadetes. Até porque faz parte da geração deles, não é uma geração que você fala e o camarada aceita tudo", analisa o chefe da divisão de ensino da Aman, o coronel Ávila, um gaúcho natural de São Borja que é pai de uma cadete e de um cadete que hoje estudam ali.

"E pensamento crítico não é simplesmente a negação de tudo: 'Não, com isso eu não concordo'. É você ter um mínimo de embasamento para acreditar naquilo que julga ser conveniente para você", posiciona com voz firme o coronel Ávila, sentado junto à sua mesa de trabalho, na sala ampla da divisão de ensino, com madeira envernizada revestindo as paredes altas, ladeado pelos retratos daqueles que ocuparam o mesmo cargo dele.

As metodologias ativas da aprendizagem são aquelas que colocam o aluno no centro do processo, como protagonista do próprio desenvolvimento intelectual e afetivo, e o professor mais como um orientador e estimulador de caminhos.

Atividades em sala de aula, como debates e pesquisas, são dois dos processos ativos com base nessa abordagem de "pôr a mão na massa", de aprender experimentando e fazendo.

"Não é porque tenho chefe que não posso ter visão crítica. O respeito à hierarquia não quer dizer que não tenha inovação. Isso não tem lógica. Pode e deve. De forma adequada, feito com disciplina, o militar pode expor seu assessoramento. Na verdade, espera-se o assessoramento dele", confirma o coronel Clóvis Elisio Gomes da Silva, hoje chefe na área de comunicação e relações públicas da Aman.

O coronel Anvalgleber Souza Linhares, um dos militares da velha guarda que lecionam na Aman (ele é professor de direito), detalha como é e o que se espera do novo militar.

"Seja em missão de paz, seja em missão de paz com um pouco mais de emprego de força, como foi no Haiti [onde o Brasil comandou a missão multinacional de paz por 13 anos, entre 2004 e 2017], hoje o que se quer desse militar, especialmente no escalão subordinado, são valores, senso crítico, capacidade de reflexão e operacionalidade [habilidade de agir]. Você não fica a todo instante perguntando para quem é hierarquicamente supervisor: 'O que faço? O que deixo de fazer?'", sublinha.

"Hoje, o ambiente de combate já não permite mais isso. O ambiente de combate fluido, de terceira geração [com guerra mecanizada como forma dominante], quarta geração [guerra mecanizada no meio da sociedade da informação/eletrônica], já falam até em quinta geração [guerra por causas, não mais por nações, disseminada em redes e conduzida por entidades menores, explorando biotecnologia], faz com que o escalão adequado muitas das vezes, dentro da missão recebida, tenha que tomar decisões e não há tempo de perguntar para o escalão superior. Esse é o homem de que a nação precisa hoje."

Marcelo Justo/UOL Marcelo Justo/UOL

Forma de ensinar renovada

As escolas preparatórias dos oficiais do Exército brasileiro dizem estar evoluindo suas metodologias pedagógicas conforme as transformações da educação e da sociedade em geral.

Uma das novidades foi a incorporação, a partir de 2012, da formação por competências. Quer dizer que importa uma educação integral, que fuja da mera assimilação de conteúdos isolados e antes contribua para o desenvolvimento das dimensões intelectual, física, emocional, social e cultural simultaneamente.

Agora, visa-se o aprendizado por meio do conteúdo interdisciplinar aplicado a situações contextualizadas no dia a dia do futuro oficial, mediante as chamadas metodologias ativas de aprendizagem, que é a educação de "mão na massa".

Outro passo adiante em termos de atualização da dinâmica em sala de aula e fora dela é o uso da tecnologia. Um sistema informatizado desenvolvido internamente, disponível pela internet mediante login e senha, permite que o aluno estude e faça exercícios remotamente, com a supervisão do professor.

Os notebooks e telefones celulares também são de livre uso nas dependências das escolas e, em alguns casos, instrumentos de interação e pesquisa dentro de sala.

"A gente usa o que ele gosta ao nosso favor, isso aqui, ó [e mostra o celular]. Usamos o ambiente virtual de aprendizagem. Tem algumas disciplinas que são gravadas. Inglês, por exemplo: eles fazem a disciplina oral, gravam e encaminham para o professor", conta Maria Salute, professora e coordenadora pedagógica da Escola Preparatória de Cadetes, em Campinas.

"A média de idade dos nossos cadetes é de 21 anos. São nativos digitais, já nasceram com a presença do computador, do tablet e do smartphone. Então, uma coisa que era antes praticamente proibida dentro da sala de aula hoje é obrigatória", confirma o coronel Ávila, chefe de ensino da Aman.

"É uma geração com interação com o mundo virtual muito grande, pensamento crítico, são inovadores, uma capacidade de gerenciar vários meios ao mesmo tempo, então você não pode manter uma sala de aula da era industrial para passar alguma coisa para esse camarada. Hoje o grande desafio nosso é de formar um oficial da era do conhecimento."

Na parte do treinamento militar do combatente (as disciplinas técnico-profissionais, a cargo do chamado Corpo de Cadetes), uma série de inovações tecnológicas foi introduzida, como simuladores de combates e drones.

Outra mudança da formação militar vem da própria atitude, digamos, agora mais arejada. Não interessa se isolar nas academias, em manter diálogos apenas com outros militares, entre pares, mas buscar o intercâmbio com o meio acadêmico civil.

"A gente não se fecha para o que está acontecendo aí fora. É totalmente ao contrário", frisa o coronel Ávila.

Marcelo Justo/UOL Marcelo Justo/UOL

O mestre

Nós somos gente, somos humanos. Trabalhamos dentro dos limites da Constituição, buscamos cumprir o que nos estabelece e isso nos satisfaz. Agora, o Exército nos exige muito. Não existe profissão em que você tenha que fazer um juramento que vai dar a sua vida pela nação. Qual é a profissão que faz isso? Não tem. Isso me encanta, dá um sentido maior à vida. Porque trabalhar por mim é fácil, mas se você não dividir... Eu tenho um dizer, que chamo de matemática da vida: quem divide soma ou multiplica. E isso é o que se faz aqui, nesta atividade militar e docente.

Coronel Linhares

Coronel Linhares, professor de direito na Aman

Marcelo Justo/UOL Marcelo Justo/UOL

As disciplinas que o futuro oficial tem de estudar

1º ano

Local: Escola de Formação de Cadetes do Exército, em Campinas (SP)
Regime: Internato
Aulas: Das 7h30 às 17h40, de segunda a sexta-feira. Formação diária às 6h45
Duração da aula: 45 minutos
Nota mínima para aprovação em cada disciplina: 5,0

Disciplinas universitárias:

Cálculo
Cibernética
Física Aplicada
História do Brasil
Língua Espanhola
Língua Inglesa
Língua Portuguesa
Química Aplicada

Disciplinas técnico-profissionais (do Corpo de Alunos):

Introdução às Técnicas Militares
Técnicas Militares 1 e 2
Treinamento Físico-Militar 1, 2 e 3

Ao fim do primeiro ano básico, em Campinas, o aluno se torna cadete e se transfere para a academia militar, em Resende, onde concluirá a formação de oficial como tenente. Se for homem, poderá escolher entre as sete armas do Exército (infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia, comunicações, material bélico e intendência). Se for mulher, as opções se restringem às duas últimas armas, a de material bélico e intendência, que atuam mais no apoio ao front.

2º ao 5º anos

Local: Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende (RJ)
Regime: Internato
Aulas: Das 7h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira. Formação diária às 6h40
Duração da aula: 50 minutos
Nota mínima para aprovação em cada disciplina: 5,0

Disciplinas universitárias:

História
Psicologia
Sociologia
Geopolítica
Filosofia
Relações Internacionais
Ética Profissional Militar com Ênfase em Direitos Humanos
Iniciação ao Estudo do Direito
Direito Penal
Direito Processual Penal Militar
Direito Administrativo
Economia
Administração
Língua Inglesa
Língua Espanhola
Língua Portuguesa
Estatística
Cibernética
Metodologia do Ensino Superior
Iniciação à Pesquisa Científica

Disciplinas técnico-profissionais (do Corpo de Cadetes):

Treinamento Físico Militar*
Tiro* (das armas coletivas, como obuseiro, canhão, míssil e morteiro; e das armas portáteis, como pistola e fuzil)
Técnicas Militares*
Equitação*
+ 6 matérias distintas dependendo de cada curso

* Matérias comuns a todas os cursos (armas)

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