A chegada de um partido ultranacionalista, o AfD (Alternativa para a Alemanha), ao Parlamento alemão pela primeira vez desde o final da Segunda Guerra Mundial é mais demonstração de que a extrema-direita, embora ainda não tenha chegado ao poder, se faz cada vez mais presente nos parlamentos das potências europeias --o partido pode ocupar até 95 cadeiras no Bundestag, entre as 630 disponíveis.
A ascensão do partido, que tem a política anti-imigração como uma das principais bandeiras, ocorre após a abertura das fronteiras alemãs aos imigrantes em 2015 pela chanceler Angela Merkel, que fez com que mais de 1 milhão de refugiados entrassem no país desde então.
Em maio deste ano, outro partido da ultradireita já havia balançado as estruturas democráticas de outro gigante europeu, a França. Na ocasião, Marine Le Pen, candidata do partido nacionalista Frente Nacional, chegou ao segundo turno na eleição presidencial francesa, sendo derrotada por Emmanuel Macron. O partido, no entanto, conseguiu apenas oito assentos, entre as 577 cadeiras da Assembleia Nacional.
Após o resultado da AfD, Le Pen parabenizou o partido aliado e afirmou que a onda de resultados à direita seria mostra do "despertar das pessoas".
Pouco antes, em março, a ascensão ao poder do candidato eurocético e anti-imigração holandês Geert Wilders na Holanda também foi freada nas eleições parlamentares do país, ainda que o Partido para a Liberdade tenha conquistado 20 cadeiras holandesas, uma a mais que os democratas cristãos e os liberais de esquerda.
A possibilidade da chegada ao poder de partidos xenófobos faz com que muitas vezes adversários tradicionais se unam para barrá-los.
No entanto, a presença destes políticos em parlamentos nacionais, como forças de oposição com influência nas agendas nacionais, é um fenômeno com o qual os partidos tradicionais terão cada vez mais que aprender a lidar.