Neste domingo (27), a Colômbia, país de quase 50 milhões de habitantes, só menos populoso do que o Brasil no continente, escolherá seu novo presidente em um ambiente de polarização: há um candidato favorito à direita, representada pelo "uribista" Iván Duque, e outro à esquerda, com a figura do ex-guerrilheiro e ex-prefeito da capital Bogotá, Gustavo Petro.
As opções de centro, Sergio Fajardo e Humberto de La Calle, não agradam o eleitorado. O ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras, também da direita, continua sem encontrar o seu lugar.
Duque, candidato do partido Centro Democrático, está há mais de dois meses à frente das pesquisas de intenções de voto - segundo as três últimas, oscila entre 35% e 41,5%, números insuficientes para resolver a disputa no primeiro turno, algo que, no país, só foi conseguido por seu mentor, Álvaro Uribe, em 2002 e 2006.
O discurso de Duque agrada a parte do eleitorado porque fala de uma revisão do acordo de paz com as Farc para "garantir que sejam feitas todas as reformas necessárias para defender as vítimas com verdade, justiça e reparação", e de impedir que a Colômbia se transforme em "uma segunda Venezuela".
Para os uribistas, o chamado "castrochavismo" é representado por Petro, do movimento Colombia Humana, devido a sua proximidade com o governo da Venezuela, o qual até pouco tempo defendia publicamente, negando a existência de uma crise no país vizinho, e pela sua admiração ao falecido presidente Hugo Chávez.
As últimas pesquisas mostram Petro, ex-membro da guerrilha dissolvida M19, ex-senador e ex-prefeito de Bogotá, em segundo lugar, com entre 24% e 29,5% das intenções de voto.
Inspirado em caudilhos do século 20, Petro tem propostas que incomodam parte dos colombianos, como expropriações de latifúndios, substituição da receita do petróleo pela da exportação de abacates e a eliminação das EPS (Empresas Prestadoras de Saúde). A saúde é a maior preocupação do eleitorado colombiano.
Santiago Fajardo, da Coalizão Colômbia, de centro-esquerda, se apresenta como a opção moderada e aparece em terceiro lugar nas pesquisas, com cerca de 15% dos votos. Vende-se como o candidato "da esperança", com uma proposta de governo baseada na educação e na experiência como professor universitário, além de ter sido ex-prefeito de Medellín e ex-governador de Antioquia.
No entanto, a "ambiguidade" atribuída a ele lhe tira simpatizantes, porque setores da esquerda o veem como de direita, e a centro-direita, que poderia apoiá-lo, o vê como de esquerda, por ter se aliado ao Polo Democrático Alternativo (PDA), partido do qual Petro fez parte.
Na disputa está também Lleras, cujas intenções de voto estão entre 6% e 14,3%, apesar de ter começado a campanha como favorito.
A campanha de Lleras teve mudanças bruscas. Primeiro tentou ficar longe de Santos, de quem foi vice-presidente (2014-2017), mas depois passou a defender seu trabalho de governo, o que também não o ajuda, tendo em vista a baixa popularidade do atual governante, que é de cerca de 25%.
O quinto colocado nas pesquisas é o liberal De la Calle, com uma proposta baseada na defesa do acordo de paz com as Farc, do qual foi chefe negociador do governo. A mensagem, porém, não ganha apoio do eleitorado, tanto que suas intenções de voto estão entre 1,9% e 3,5%.
Como ninguém parece ter força suficiente para ganhar no primeiro turno, os dois mais votados devem se rever no segundo, no dia 17 de junho"