Acordo sem paz

Com fim das Farc, gangues travam disputa na Colômbia por controle de atividades ilegais

Helen Murphy e Luis Jaime Acosta Da Reuters, em Tumaco (Colômbia)
Federico Rios/Reuters

Apesar dos esforços do governo para trazer ordem à Colômbia, a polícia e as forças armadas agora enfrentam vários grupos armados que competem por terras e desempenham atividades ilegais antes controladas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A guerrilha deixou para trás iniciativas criminosas lucrativas como narcotráfico, extorsão e mineração ilegal.

Diante desse vácuo, facções dissidentes das Farc, novas gangues e rebeldes veteranos rivais, como o Exército de Libertação Nacional (ELN), tentam assumir seu lugar. A Reuters acompanhou soldados, policiais, guerrilheiros e cidadãos comuns para entender as dificuldades ainda enfrentadas pela Colômbia.

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A paz ainda é um sonho

Quando o presidente Juan Manuel Santos e os líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) apertaram as mãos para colocar um fim a uma guerra de meio século, os moradores de cidades como Tumaco deveriam ficar aliviados.

Mas, dezenove meses mais tarde, essa ainda não é a realidade nessa cidade portuária no Pacífico.

É verdade que a maioria dos militantes das Farc, como previsto pelo acordo de paz, se desmobilizaram aqui e por toda a Colômbia, um país do tamanho da França e da Espanha juntas. Por décadas, o terreno montanhoso e um governo ausente permitiram que os rebeldes se tornassem a autoridade de fato em muitas áreas.

Agora, Santos, enfrentando uma economia ruim ao final de seu segundo mandato, tem dificuldades em manter a ordem que os rebeldes, apesar de assassinos, antes impunham em partes da nação andina.

Apesar da grande repercussão do acordo, incluindo um Nobel da Paz para Santos, a paz ainda é imprecisa neste país de 50 milhões de habitantes, ainda o maior produtor de cocaína do mundo.

Com as Farc desarmadas, outros militantes, grupos criminosos e grupos paramilitares estão disputando seu lugar. Eles hasteiam bandeiras, alistam membros e exigem taxas e lealdade em antigos redutos da guerrilha. Também se apropriam dos esquemas mais lucrativos das Farc, do narcotráfico até extorsão e mineração ilegal.

"É como um caldeirão do diabo, no qual estão fervendo ingredientes criminosos", disse Juan Camilo Restrepo, até recentemente o chefe das negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), atualmente o maior grupo guerrilheiro da Colômbia. "Todos eles querem entrar nos negócios e territórios deixados pelas Farc."

Nos últimos nove meses, a Reuters visitou Tumaco e outras seis cidades na Colômbia para entender o avanço de grupos armados. Entre estes estão facções dissidentes das Farc, novas gangues e rebeldes veteranos rivais como o ELN.

No sudoeste colombiano, Tumaco conta com uma rede de rios que possibilita escoar para o Pacífico a produção de coca da região.

Aqui, novos grupos guerrilheiros disputam rotas com as gangues criminosas. Há um mês, um pequeno grupo de ex-combatentes das Farc matou um jornalista e um fotógrafo equatorianos, assim como o motorista deles, porque o país vizinho não atendeu as exigências dos guerrilheiros de soltar os camaradas na cadeia do outro lado da fronteira.

Ao leste de Tumaco, os rebeldes do ELN tomaram uma área onde as Farc abandonaram uma mina ilegal de ouro. No Chocó, um departamento (equivalente aos nossos estados) no noroeste, o ELN está recrutando e expandindo seu controle da selva.

Para obter apoio ao acordo, Santos prometeu levar tropas e investimento às áreas controladas pelas Farc.

Com um orçamento de até R$ 46 bilhões por ano, o governo pretende melhorar saúde, educação, infraestrutura e agricultura nas regiões atingidas pela guerra. Um pilar do plano é dar alternativa aos produtores rurais que dependem da renda da coca.

Mas a economia enfraquecida dificulta o financiamento.

Além disso, a burocracia adia o início das obras de estradas, aquedutos, escolas, linhas de transmissão de energia e clínicas prometidas aos milhões de colombianos que vivem sem infraestrutura. O programa de substituição de culturas agrícolas em 2017 cumpriu apenas 30% de sua meta, enfurecendo os produtores rurais, que dizem que o governo está deixando seus campos ociosos. A revolta explodiu perto de Tumaco em outubro, quando sete agricultores morreram em um confronto armado com a polícia e soldados que destruíam plantações de coca.

"É como um caldeirão do diabo, no qual estão fervendo ingredientes criminosos."

Juan Camilo Restrepo, ex-negociador do governo com os rebeldes do ELN

Juan Camilo Restrepo, ex-negociador do governo com os rebeldes do ELN

Os problemas crescentes incomodam os colombianos, às vésperas da eleição do sucessor de Santos, em 27 de maio. A paz falha está desconcertando um eleitorado também frustrado pelo crescimento econômico lento, serviços públicos insuficientes e desigualdade ainda enorme.

O governo diz fazer tudo o que pode: já destacou 80 mil policiais e soldados e, em janeiro, enviou 9.000 tropas para Nariño, o problemático departamento onde está Tumaco, e outros pontos críticos ao longo da costa do Pacífico e da fronteira equatoriana. É o maior envio de tropas em duas décadas.

Mas não é o bastante.

Grupos como o novo e pouco conhecido Guerrilhas Unidas do Pacífico (GUP) estão se estabelecendo. "Isso está acontecendo por toda a Colômbia", disse Joan, o líder de um esquadrão de oito guerrilheiros fortemente armados no final do ano passado, enquanto patrulhava a selva ao sul de Tumaco.

Liderado por ex-combatentes das Farc que rejeitaram a paz, o grupo já está coagindo famílias locais em busca de apoio. Ele não está associado aos rebeldes que mataram os equatorianos no início deste mês, segundo autoridades do governo.

Joan, que forneceu apenas seu nome de guerra, disse que a luta continua porque "existe a mesma pobreza e existem as mesmas drogas" que historicamente alimentaram os conflitos na Colômbia.

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Sangue derramado

Luis Carlos Villegas, o ministro da Defesa da Colômbia, disse que os problemas com outras gangues, guerrilheiros e criminosos não são novos, nem estão piorando. Segundo ele, apenas se destacam no vácuo deixado pelas Farc.

"Há problemas de microtráfico? Há problemas de crime organizado? Há problemas de gangues tentando ingressar nos territórios das Farc?" perguntou Villegas. "Sim."

"Mas estão crescendo?" ele prosseguiu. "Não, apenas estão mais visíveis pois não há mais um conflito."

Até 70 grupos armados e criminosos operam em toda a Colômbia, segundo Ariel Ávila, um pesquisador da Fundación Paz y Reconciliación, um centro de estudos de segurança em Bogotá, a capital. Isso representa cerca de 5.000 guerrilheiros, membros de gangues, combatentes paramilitares e outros criminosos, incluindo os dissidentes das Farc que renunciaram a paz.

No fim de março, o general Alberto José Mejía, o mais alto comandante militar da Colômbia, disse que até 1.200 dissidentes das Farc permanecem ativos, um quinto da força rebelde quando a paz foi acertada. Apesar de ser um quantitativo muito menor do que os 17 mil rebeldes no auge das Farc no final dos anos 90, o número é quatro vezes maior do que o governo anteriormente reconhecia.

Alguns dissidentes formaram seus próprios grupos, como os guerrilheiros do Pacífico, que já cobram taxas dos traficantes locais e extorquem mercearias e outros pequenos negócios. A polícia acredita que a extorsão é responsável por até 20% da renda de alguns grupos.

Outros dissidentes se juntaram a gangues com pouca ideologia, a não ser o crime.

As Farc se originaram nos anos 60, como uma insurreição de esquerda contra o governo e contra uma elite que até hoje controla grande parte dos recursos da Colômbia. Inicialmente inspiradas pelo comunismo, as Farc se diversificaram e passaram a praticar sequestro, extorsão, narcotráfico e outros crimes, à medida que a Guerra Fria esfriava.

As guerras territoriais e a violência resultante perpetuam um problema, acentuado pelo desalojamento de comunidades inteiras, totalizando mais de 67 mil pessoas no ano passado, segundo o governo da Colômbia.

Perto de Tumaco, onde barracos de madeira e zinco se erguem sobre palafitas nos rios que serpenteiam pela região, a disputa por poder derrama sangue. Muitos de seus 200 mil habitantes, a maioria de descendência africana e indígena, sentem saudades da época anterior ao acordo.

Antes, as Farc controlavam as rotas de drogas. Apesar dos confrontos frequentes com as tropas do governo, os rebeldes asseguravam que a maioria dos moradores pobres e não combatentes vivia em paz. Hoje, todos estão vulneráveis.

Hoje, há muitos motivos para um morador local se tornar alvo: desde conhecer "gente errada", não pagar as extorsões ou apoiar a erradicação da coca.

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Em nível nacional, os assassinatos diminuíram nos últimos anos. Mas em Tumaco e em outros antigos redutos das Farc, eles aumentam.

Pelo menos 211 pessoas foram mortas em Tumaco no ano passado, segundo a polícia. Foram 147 em 2016. Isso dá a Tumaco uma taxa de homicídio de cerca de 102 assassinatos por 100 mil habitantes, quatro vezes mais do que a média nacional.

Em outubro, José Jair Cortés, ativista da comunidade negra, foi morto a tiros perto de Tumaco. Ninguém foi indiciado, mas os investigadores dizem que ele era ameaçado por denunciar crimes de vários grupos.

Cortés foi um dos 121 ativistas mortos em todo o país no ano passado, em comparação a 59 no ano anterior, segundo a ONU.

Para completar, os cartéis mexicanos estão cada vez mais presentes em Tumaco e em outros lugares de onde as Farc se retiraram. O procurador-geral da Colômbia disse recentemente que gangues mexicanas, incluindo os cartéis Zetas, Sinaloa e Nova Geração de Jalisco, estão presentes em pelo menos 10 regiões diferentes, assegurando seu fornecimento de cocaína por meio de parcerias com gangues locais.

"Eles estão em toda a cadeia de produção", disse o defensor público Carlos Alfonso Negret. Neste mês, a polícia colombiana prendeu um ex-comandante das Farc, que também atuou na negociação do processo de paz, por supostamente conspirar para o envio de dez toneladas de cocaína para o cartel de Sinaloa.

Os problemas estão mais visíveis, pois não há mais um conflito"

Luis Carlos Villegas, Ministro da Defesa da Colômbia

Para os moradores de Tumaco, a pobreza pode tornar atraente a vida fora da lei. O desemprego ronda os 70%. Há pouco trabalho fora da pesca sazonal de camarão ou além do cultivo de coca, arroz e palma de óleo.

Assim, o dinheiro mais fácil é o da cocaína, seja pelo cultivo da coca ou qualquer uma das atividades químicas ou logísticas para exportá-la. Em toda a Colômbia, essas atividades geram cerca de R$ 46 bilhões por ano, segundo estimativas do governo, o que equivale a mais de 4% da economia oficial do país.

Nas favelas de Tumaco, os jovens passam os dias ociosos nas esquinas, bebendo cerveja e ouvindo reggaeton. Alguns esperam o recrutamento de gangues locais para alguma atividade lucrativa, como traficar cocaína em lanchas para a América Central.

As gangues são donas ou alugam os barcos, com motores poderosos o bastante para transportar até três toneladas aos pontos de entrega no Panamá, Costa Rica ou outros países. Por cada viagem, pagam-se cerca de 100 milhões de pesos, ou cerca de R$ 90 mil para cada membro da tripulação de três ou quatro pessoas.

Às vezes, as viagens envolvem vários atores, com investimento de pequenas empresas e outros. Até mesmo aqueles que deveriam impedir o narcotráfico, como marinheiros em postos de controle, às vezes recebem uma parte em troca de fazer a vista grossa. 

Subornos são um desafio constante, particularmente porque o lucro das drogas permite aos criminosos pagar mais que o Estado.

"Eles usam seu capital abundante para corromper as instituições", disse Orlando Romero, o almirante encarregado das operações no Pacífico. A Marinha, ele acrescentou, prendeu 12 marinheiros nos últimos três anos por colaborarem com os narcotraficantes.

As viagens que partem de Tumaco estão longe de ser novidade. Mas a pressa em participar acelerou.

"Eles vêm à igreja para bênção antes de partirem", disse Daniel Zarantonello, um padre italiano em Tumaco. "Está fora de controle."

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Dinheiro fácil

Os produtores rurais também estão cultivando mais coca.

A região de Tumaco é agora a maior fonte da folha na Colômbia.

O cultivo já ocupa cerca de 23 mil hectares, mais de três vezes a área de Manhattan, segundo a DEA, a agência de combate às drogas dos Estados Unidos. O cultivo em todo o país chegou a 188 mil hectares em 2016, o dobro em comparação com três anos antes.

Há várias causas para o aumento, incluindo a decisão da Colômbia em 2015, por questões de saúde e ambientais, de suspender a pulverização aérea de herbicidas nas plantações de coca. As Farc também buscaram maximizar a receita de cocaína antes da desmobilização.

O resultado: a capacidade de produção de cocaína chegou a 910 toneladas em 2016, a maior em mais de uma década, segundo números da DEA.

Em Peña de los Santos, um vilarejo a quatro horas de barco ao sul de Tumaco, pelo rio Rosário, os produtores rurais cultivam coca e a transformam em pasta. Durante um período após o acordo de paz, os compradores deixaram de aparecer. Muitos na comunidade afro-colombiana tiveram virar pedintes de frutas e peixes.

"Não tínhamos dinheiro", disse Giovanni Narvaez, 36 anos, um pai magro de três filhos, chutando as folhas de coca em botas de borracha para arejá-las. Agora que os compradores voltaram, ele voltou a ganhar o suficiente para se virar por conta própria.

Um hectare de coca, planta que cresce rápido e pode ser colhida em três meses, pode render 44 milhões de pesos por ano, cerca de R$ 40 mil, segundo a polícia nacional na área. Um hectare de cacau, a fonte de lento crescimento do chocolate, gera um décimo desse valor.

"Precisamos de algo viável para substituir a coca", disse Carlos Leonardo Estacio, um agricultor de 50 anos, ressaltando a conveniência de os compradores da coca virem até eles.

Assim como outros na área, ele notou a falta de ordem desde a partida das Farc. "Os guerrilheiros tinham a versão deles de justiça", ele disse.

É aí onde entram grupos como o GUP. A bandeira vermelha, verde e branca deles agora está hasteada em Penã de los Santos.

O GUP, segundo vários membros, cobra dos compradores 100 mil pesos, cerca de US$ 90, por quilo de pasta base de coca que levam. Eles recrutam reforços para os 400 combatentes que já reivindicam o território que se estende do Cauca, um departamento ao norte de Nariño, até o Equador.

Enquanto isso, o bando se prepara para se defender de rivais, disse Joan, o líder da patrulha.

O que o grupo mais teme são os paramilitares de direita que surgiram nas últimas décadas para combater as Farc e outros guerrilheiros. Com frequência tão impiedosos quanto os rebeldes que combatem, muitos paramilitares se transformaram em gangues do narcotráfico e esquadrões da morte conhecidos por chacinas particularmente horríveis, às vezes com motosserras e facões de mato.

"O governo não nos protegerá e nem nossa comunidade", disse Joan, com cabelo com corte moicano e uma pistola na cintura de sua calça de moletom. "Nós protegeremos."

"Precisamos de algo viável para substituir a coca."

Carlos Leonardo Estacio, um agricultor próximo de Peña de los Santos

Após seu primeiro encontro com os rebeldes, a Reuters voltou para se encontrar com outros comandantes do GUP. Um membro sênior, conhecido como Arbey, disse que o líder do grupo é Victor David Segura, conhecido simplesmente como David.

Após o confronto em outubro entre agricultores e a polícia, Santos apontou David como instigador do levante e ofereceu 150 milhões de pesos, ou cerca de US$ 52 mil, por sua captura.

Mas mesmos se o GUP desaparecesse, outros estão posicionados para ocupar seu lugar, disseram policiais e autoridades do governo. Quando não outros rebeldes, gangues criminosos também preenchem o vácuo das Farc.

Um punhado de grandes gangues surgiu depois que Álvaro Uribe, o antecessor de Santos, fechou em 2006 um acordo com os grupos paramilitares. Em vez de se desarmarem, muitos formaram sindicatos do crime.

Uma gangue proeminente, conhecida como Clã do Golfo, passou a rivalizar as Farc em extorsões. Após o acordo com as Farc, ela também se ofereceu para desarmar.

Mas não o fez, tomando em vez disso o território das Farc de modo oportunista.

Em um recente relatório sobre os esforços de paz, a Organização dos Estados Americanos aconselhou a Colômbia a "empregar a capacidade plena do Estado para controlar a expansão do Clã do Golfo". O governo, por sua vez, disse que não pode negociar com o clã como fez com as Farc, que ele caracterizou como uma força política, não simplesmente criminosos.

Essas negociações fracassam com a mesma frequência que são bem-sucedidas.

As conversações com as Farc ocorreram de modo difícil por quatro anos antes do acordo. Santos retomou recentemente as negociações com o ELN após suspende-las quando o grupo, em atentados a bomba em janeiro, matou oito policiais.

O ELN, antigos rivais esquerdistas que alegavam superioridade ideológica às Farc, por cinco décadas realizaram ataques com bombas a oleodutos e outros alvos que considerava infraestrutura capitalista. Mas também gosta de ganhar dinheiro, especialmente agora que saiu da sombra das Farc.

A cerca de 70 km a leste de Tumaco, o ELN controla uma mina ilegal de ouro, segundo a polícia nacional. A instalação, uma das muitas minas ilícitas por toda a Colômbia, já foi território das Farc.

Durante uma missão em dezembro testemunhada pela Reuters, a polícia buscou interditar a mina, em um pântano ao longo do rio Patía. A polícia disse que ela vazava mercúrio nos solos da área além de gerar outros crimes, como prostituição e trabalho infantil.

Mas os moradores locais estavam preparados.

Dezenas de policiais, usando armaduras e empunhando metralhadora, chegaram de helicóptero. Em solo, até 200 mineiros aguardavam, armados com pedras e facões.

A polícia lançou gás lacrimogêneo, mas alguns mineiros usavam máscaras de gás. Temendo uma escalada, a polícia se retirou. "Essas missões estão nas mãos dos deuses", disse o coronel Alvaro Cardozo, um dos policiais.

Cerca de 1.000 km ao norte, no Estado de Chocó, no noroeste, combatentes do ELN disseram que darão continuidade às suas atividades, independente das conversações de paz.

"Iremos a qualquer lugar que pudermos", disse Yerson, comandante de uma unidade móvel no rio San Juan, em meio a uma das florestas tropicais mais úmidas do planeta. Yerson só se identificou por seu nome de guerra.

A unidade, ele disse, com frequência entre em choque com os inimigos em antigos territórios das Farc usados pelo ELN como rota para escoamento de cocaína e ouro e madeira ilegais. "Os paras tentaram tomar esse território", disse Yerson, referindo-se aos paramilitares. "Nós lutamos e tomamos de volta."

Atualmente com supostos cerca de 1.500 combatentes, em comparação a até 5.000 nos anos 90, o ELN disse que está crescendo de novo. Não há escassez de jovens pobres e rurais que historicamente alimentam as fileiras dos guerrilheiros, sem contar a abundância de ex-combatentes das Farc insatisfeitos.

"As Farc já estão se juntando a nós", disse Yerson.

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