É difícil atribuir o avanço no número de queimadas a um único fator. Cristiane Mazzetti, especialista do Greenpeace do programa Desmatamento Zero, lista algumas das explicações: "Algumas regiões da Amazônia estão com uma quantidade de chuva abaixo do normal. Além disso, diria que está associado a processos de desmatamento e primeiro a retirada de madeira de maior valor, que são madeiras mais densas, e depois, para se concretizar o processo de limpeza da área, são feitas as queimadas".
Ela conta que o desmatamento contribuiu decisivamente para esse aumento no Pará. Em especial, em São Félix do Xingu.
São Felix tem uma grande desmatada, usa muito o fogo para pastagem, e parte desses focos pode se relacionar a reforma delas."
Cristiane Mazzetti, do Greenpeace
Segundo Gabriel Constantino Zacharias, chefe do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, o Prevfogo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis), os incêndios florestais em época de estiagem têm motivação humana em pelo menos 90% dos casos.
Para ele, o aumento da temperatura e as mudanças climáticas têm impactado a Amazônia diretamente. Um exemplo é a possibilidade do bioma em extinguir a queimada de forma própria.
"O incêndio na Amazônia poderia ser extinto naturalmente pela chuva, ou pelas águas, ou pela umidade da floresta; mas com a redução da umidade isso não ocorre", diz.
Mazzetti faz ainda um alerta preocupante. "A Amazônia, com as mudanças climáticas, tende a ficar mais seca, e o solo fica mais seco. Esse fator faz a floresta se tornar mais inflamável. Os períodos de queimadas tendem a ficar mais frequentes e intensos", diz.