"Quase não reconheço nada"

Após expulsão do Estado Islâmico, iraquianos deixam campo de refugiados e tentam refazer a vida em Mossul

Khalid Al-Mousily Da Reuters
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Para Mohammed Saleh Ahmad e sua família, voltar a Mossul (Iraque) após mais de um ano fora foi doce e amargo ao mesmo tempo. Ele estava feliz por retornar a algo parecido com sua vida antiga, mas deixar para trás os amigos que fez no campo de refugiados onde ele viveu por um ano pesou.

Desde que Mohammed saiu de Mossul, em março de 2017, essa comunidade de amigos e familiares --um grupo de sobreviventes da batalha de Mossul, que pensam parecido-- tornou a vida suportável.

"É tão difícil dizer adeus", diz Mohammed, enquanto termina de embalar seus pertences em sua tenda no campo de refugiados Hamman al-Alil, ao sul de Mossul.

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Mohammed chegou quando a coalizão liderada pelos Estados Unidos começou a avançar pelo oeste de Mossul, o trecho que faltava para derrotar o Estado Islâmico. Os militantes invadiram Mossul em 2014 e submeteram pessoas como Mohammed a sua lei draconiana.

Carregando o que conseguia, ele fugiu de sua casa na cidade, junto com sua mulher e os cinco filhos. Seus pais e irmãos vieram logo depois.

Há um ano, a família Ahmed não imaginava que retornaria a Mossul tão cedo. Mas quando tiveram a oportunidade, aproveitaram.

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Poucos dias depois de decidirem partir, vizinhos e parentes vieram para ajudá-los a carregar seus pertences no pequeno caminhão que começaria o próximo capítulo de suas vidas.

O pai e a mãe de Mohammed foram, também. Refletindo o clima pesado enquanto eles diziam adeus, seu pai, Saleh, trouxe um MP3 player e tocou velhas músicas folk iraquianas, em meio a despedidas tristes e promessas de que eles voltariam para visitar, em breve.

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Em Mossul, eles foram recebidos pelo irmão mais velho de Mohammed, Ahmed, que os persuadiu a voltar quando encontrou para eles uma casa modesta de dois quartos para alugar.

Enquanto os homens carregavam tudo para dentro da casa, a esposa de Mohammed, Iman, imediatamente começou a preparar a primeira refeição da família em sua nova casa. Seus pais, que se mudaram com a família de Mohammed, celebraram seu retorno tomando chá.

Mesmo rudimentar, a nova casa representou um degrau acima da vida no campo de refugiados, com uma cozinha separada e um banheiro improvisado, e a família Ahmed logo se ajustou à nova rotina.

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Antes de encontrar um trabalho na empresa de construção de seu tio, Mohammed foi ao mercado, cortou o cabelo e levou seus filhos a um parque de diversões reaberto há pouco tempo. E levou Iman para comprar roupas novas.

"Roupas novas para nossa vida nova", diz ele, enquanto o casal caminhou pelo mercado escolhendo vestidos.

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Durante o período que a família Ahmed ficou fora de Mossul, a operação de nove meses para derrotar os militantes culminou em uma batalha brutal na Cidade Antiga, o distrito histórico que é o coração pulsante de Mossul.

Apesar de o Estado Islâmico ter sido derrotado, a metade ocidental da cidade, onde Mohammed cresceu, foi amplamente destruída. Vendo pela primeira vez, Mohammed ficou chocado ao ver o que o local se tornou.

"Eu quase não consigo reconhecer nada", diz Mohammed enquanto caminha junto com seu irmão mais velho, Ahmed.

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