Como funciona a doação
No Brasil, a doação de coração depende exclusivamente da autorização dos familiares de uma pessoa com morte encefálica.
"Não adianta deixar registrado no RG, no testamento ou em qualquer outro documento. Nada disso tem validade legal. A palavra final é da mulher ou do marido, dos filhos ou dos pais", ressalta Paulo Pêgo, cirurgião cardíaco do HCor.
A recomendação para aqueles que querem doar seus órgãos em morte é deixar os familiares avisados.
A regra brasileira é diferente da de outros países, onde a doação é compulsória. É assim na Espanha, por exemplo, país campeão do mundo em doação de órgãos.
Segundo a ONT (Organização Nacional de Transplantes), foram realizados 43,4 transplantes a cada um milhão de habitantes em 2016. O índice no Brasil é de 14,6, como aponta a ABTO.
Outra diferença do Brasil em relação a outros países, como acrescenta Pêgo, está no processo para a declaração de uma morte cerebral. "Não basta um médico decretar a morte cerebral. Seis horas depois desse primeiro diagnóstico, um outro médico precisa atestá-lo. Uma confirmação que também depende da realização de exames para atestar a inexistência de fluxo cerebral."
Uma burocracia que, segundo o especialista, se faz necessária para dar garantias à família de que aquele parente não vai ter chances de acordar.