A curiosidade precisa ser acolhida e estimulada constantemente, o que nem sempre acontece. Primeiro, por causa dos riscos inerentes – como nos alerta a sabedoria popular, foi ela quem matou o gato. Segundo, porque é preciso um papel ativo de pais e educadores para que a sede de saber seja cultivada, o que demanda tempo e atenção – artigos raros no mundo hoje.
De maneira geral, contrariando as expectativas, as escolas não costumam estimular esse ponto. Um levantamento feito por Susan Engel mostra que, em sala de aula, as crianças fazem menos perguntas do que em casa e tendem a fazer menos ainda à medida em que vão avançando nos estudos. Para a psicóloga americana, boa parte das instituições de ensino está mais empenhada em passar aos alunos um conteúdo preestabelecido do que em atender aos questionamentos.
Claro, há exceções, mas elas se devem a iniciativas individuais, de escolas e professores.
Um bom professor, que aguça a curiosidade dos alunos, é capaz de transformá-los. Eles serão pessoas mais dispostas a aprender, a se aprofundar nos assuntos que lhe interessem
diz Dineia Hypolitto, professora do curso de pedagogia da Universidade São Judas, de São Paulo. "Apenas memorizar e repetir não ajuda na construção do pensamento reflexivo", completa.
O ensino engessado, especialmente a partir da primeira série, também é uma preocupação da professora Roseli de Deus Lopes, da Escola Politécnica da USP. Há 15 anos ela idealizou e fundou a Febrace, Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, para evidenciar justamente as iniciativas contrárias ao modelo que privilegia a decoreba.
A feira, que é anual, reúne em uma mostra e premia projetos com fundamentos científicos desenvolvidos por estudantes e professores de todo país.