Realidade virtual já é real

No mundo dos games, cresce o número de jogos e adeptos do VR

Pablo Raphael Do UOL Jogos, em São Paulo
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A realidade virtual já é "real" nos games

Realidade virtual parece coisa de ficção científica: obras como "Matrix", "Neuromancer" e "Jogagor Nº 1" popularizaram os mundos digitais, mas ao menos entre os jogadores de videogame, a ficção tem cada vez mais cara de realidade.

Já existem mais de 500 games para jogar na realidade virtual, desde experiências simples e curiosas como um simulador de cortar pão (é sério!) até versões robustas de grandes sucessos como "Skyrim" e "Resident Evil 7". Os jogadores podem escolher entre mais de 30 óculos diferentes, compatíveis com computadores, consoles e celulares.

O ingresso da festa não é barato: um bom aparelho VR custa em média US$ 500. Isso não impediu o mercado de jogos VR de gerar cerca de US$ 5,2 bilhões em vendas em 2016. A previsão da firma de pesquisa IDC é que em 2020, esse mercado fature US$ 162 bilhões. Nada mal para uma tecnologia que ainda dá os primeiros passos.

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Você pode encontrar jogos VR para plataformas que vão de celulares até computadores e PlayStation 4. Nos últimos anos, a realidade virtual se tornou o novo "point" dos mais criativos produtores independentes.

Brincar com o conceito de imersão permite explorar ideias que não funcionam tão bem num videogame tradicional: um dos jogos mais divertidos dessa primeira safra, "Job Simulator", coloca você para realizar tarefas cotidianas como preparar um sanduíche na cozinha de casa.

Em "Star Trek: Bridge Crew", você e seus amigos se tornam tripulantes na ponte de comando da Enterprise. O custo é alto: cada jogador precisa de seus próprios óculos e videogame para entrar na brincadeira.

Aos poucos, games famosos ganham suporte para essa nova mídia: "Resident Evil 7" é muito mais sinistro visto de dentro do PlayStation VR do que na tela da TV. Jogos como "Skyrim", "Doom" e "Elite Dangerous" levam o jogador para aventuras povoadas por dragões, demônios cibernéticos ou em viagens para planetas distantes.

Quero entrar na realidade virtual! Quais óculos escolher?

  • Oculus VR (PC)

    O Oculus VR chegou com a proposta de ser um aparelho de realidade virtual com preço acessível para o consumidor - atualmente custa US$ 399. Financiado através do Kickstarter em 2012, o aparelho é o pioneiro da atual safra de visores e seu potencial levou o Facebook a comprar a empresa em 2014. O Oculus VR tem um display OLED com resolução 1080x1200 para cada olho, taxa de atualização de 90 Hz e campo de visão de 110º. O aparelho conta com headset integrado, áudio 3D e monitoramento rotacional e posicional para criar um espaço virtual tridimensional ao redor do usuário.

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  • HTC Vive (PC)

    O HTC VIVE é o melhor visor de realidade virtual disponível atualmente, mas isso tem um preço - e não é barato. Custando US$ 800 em seu kit mais básico, esses são os óculos mais caros do mercado e exigem computadores poderosos para rodar jogos e outros aplicativos. Ele conta com duas telas OLED 1200x1080, taxa de atualização de 90 Hz e campo de visão 110º. O VIVE utiliza diversos controles diferentes para mapear as mãos e gestos do usuário, além de sensores que criam um espaço virtual 3D de até 4,5 m² ao redor do usuário.

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  • PlayStation VR (PS4)

    O PlayStation VR é a aposta da Sony na realidade virtual. O aparelho funciona junto com o PS4 e é relativamente barato, ao menos quando comparado aos outros visores VR domésticos. O preço? US$ 400 (ou R$ 3 mil aqui no Brasil). Também é o mais básico dos aparelhos, com display OLED de 5,7 polegadas e resolução 960x1080 em cada olho. O maior apelo do PSVR é depender apenas de um PlayStation 4 para funcionar, sem a necessidade de investir em um computador de ponta. A base instalada de potenciais usuários do PSVR é considerável: são mais de 70 milhões de consoles vendidos em todo o mundo.

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  • Gear VR (celular)

    A Samsung entrou na briga da realidade virtual em 2015 com o Gear VR, feito em parceria com a Oculus, e compatível com celulares da linha Galaxy, desde o Note 5 até os recentes S9 e S9+. Ao ser acoplado na parte dianteira do Gear VR, o smartphone funciona como processador e tela do aparelho, que serve como controle e monitor de movimento. Como ele utiliza o smartphone para funcionar, a capacidade de processamento e a resolução da tela depende do modelo de Samsung Galaxy adotado pelo usuário. Sua versão mais antiga sai por R$ 200, enquanto a mais recente custa R$ 800.

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  • Oculus Go

    O Oculus Go é uma versão mobile do Oculus VR, que dispensa o uso de um computador. O aparelho foi feito em parceria com a chinesa Xiaomi e tem três níveis de mapeamento de movimento e um controle, duas opções de memória interna (32 e 64 GB). O Oculus Go é bem mais barato do que o Oculus original - o modelo mais caro sai por US$ 256. Para chegar a esse preço, o visor usa componentes mais simples, como o display LCD de resolução 1280x1440 para cada olho, com taxa de atualiação de 60 a 72 Hz. Para não depender de um PC, o aparelho conta com um processador Snapdragon 821.

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Você não está olhando para uma tela onde algo é exibido; tudo o que você vê é a tela - você está nela.

Pete Hines

Pete Hines, VP de marketing da Bethesda Softworks

Junto e misturado

Muitos dos primeiros games em VR foram projetos experimentais. Mas essa etapa da nova tecnologia está ficando para trás, os produtores de jogos buscam agora incorporar outras tecnologias à realidade virtual: reconhecimento de voz, inteligência artificial e "co-presença" são as principais apostas.

"Co-presença" é uma experiência onde duas ou mais pessoas conseguem jogar juntas na realidade virtual, compartilhando a mesma simulação e mantendo contato uns com os outros. Algo normal num game multiplayer, mas bem diferente quando você está imerso num mundo virtual.

Esse tipo de experiência pode ser vista em jogos como "Starblood Arena" (PS4) ou em espaços dedicados para jogos VR, inclusive aqui no Brasil.

Conheça uma casa de jogos em realidade virtual

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Missão: popularizar a realidade virtual

Com 2 milhões de unidades vendidas, o PlayStation VR é o óculos com as melhores chances de popularizar o novo jeito de jogar videogame, mesmo não sendo um produto barato: no Brasil, o visor da Sony sai por R$ 3 mil. Mas ele tem uma vantagem: não precisa de um computador top de linha, apenas de um PlayStation 4, o console mais popular dos últimos anos.

A Sony pretende lançar 130 games que usem o periférico em 2018. Será um aumento de 86% da oferta atual, que está na casa dos 150 jogos para PSVR. Mais de 220 desenvolvedores trabalham em games que usam os óculos de realidade virtual do PlayStation.

O PS4 está nas mãos de mais de 70 milhões de jogadores em todo o mundo, e todos esses consoles aceitam o Playtation VR.

Jaime Casis

Jaime Casis, Gerente de marketing de PlayStation Latin America

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A próxima geração vem aí

O HTC Vive Pro foi apresentado na CES deste ano e representa a próxima geração do melhor visor de realidade virtual, com um display de alta resolução (1440x1600 para cada olho) capaz de exibir muito mais detalhes do que o Vive atual.

O headset inclui também um fone de ouvido e sensores de movimento bem mais avançados. O Vive Pro vai permitir que os usuários se movam por áreas maiores, usando um adaptador sem fio para se conectar ao PC, e conta com duas câmeras na parte da frente. O motivo? Detectar objetos no caminho do usuário e acompanhar melhor os movimentos das mãos, tudo para aumentar a imersão na realidade virtual.

Os outros óculos se beneficiam da evolução dos aparelhos em que são ligados: o PSVR tira proveito do poder de processamento do PS4 Pro da mesma forma que o Gear VR sai ganhando a cada nova geração do Samsung Galaxy que chega ao mercado.

A realidade virtual de filmes como "Jogador Nº 1" e "Matrix" podem ainda estar longe, mas os games estão na linha de frente dessa corrida. É o que diz o  hacker e inventor Mitch Altman.

Games são o motor do desenvolvimento da realidade virtual desde os primórdios da tecnologia. Não acho que isso vá diminuir agora, todo mundo gosta de jogar.

Mitch Altman

Mitch Altman, Hacker e inventor

Quando a TV surgiu, os primeiro programas de TV eram programas de rádio televisionados, e não feitos usando tudo o que a TV podia proporcionar. Vejo o momento de hoje para jogos em VR no mesmo processo.

Rafael Ferrari

Rafael Ferrari, Skullfish Studio

Num futuro próximo, os jogos VR vão deixar de ser sobre a realidade virtual. Muitos games só existem pelos controles e o campo de visão que a VR permite, mas quero ver jogos onde isso seja apenas um complemento de algo mais legal.

Ronaldo Nonato

Ronaldo Nonato, Black River Studios

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