Transgênero, estética plural e as novatas
A escolha de modelos também mostra uma transformação e um apoio à diversidade. Se em 2015 foi Lea T. quem arrasou nas passarelas da SPFW, na edição n41 foi a modelo transgênero Camila Ribeiro (foto) quem teve o momento para brilhar durante sua estreia no evento. A manauara de 24 anos marcou presença nos desfiles de Ronaldo Fraga, À La Garçonne e Triya.
Apesar de fazer parte de uma minoria ainda muito marginalizada na sociedade, Camila contou que não se sente diferente das modelos cisgêneros (que se identificam com gênero que foi designado no nascimento). "Hoje eu me sinto parte da passarela e representada na moda", falou sorrindo. "Não sinto preconceito e, se algum dia fui alvo de algum tipo, eu preferi esquecer", completou.
Um outro aspecto que marca uma pluralidade também estética nos desfiles é o fato de que uma das modelos que mais bombaram, Ari Westphal, foge dos padrões de beleza tradicionais. Seus fios curtinhos e cacheados foram a sensação da edição de Inverno 2016, em outubro passado, e a modelo foi uma das recordistas desta edição em abril, caminhando pelas passarelas de 20 desfiles diferentes. Embora exista uma amostra de abertura a quebra de padrões consolidados, vale destacar que número de modelos negras nas passarelas, por exemplo, ainda é bem baixo.
A edição também foi marcada pela grande quantidade de modelos iniciantes. “A gente já esperava por essa procura por new faces porque o cachê delas é mais em conta do que o de uma modelo que tem mais credibilidade no mercado”, disse Luca de Aquino, booker da Ford Models. A motivação econômica interferiu também na constituição de uma estética um pouco mais andrógina e menos sensual nas passarelas.