Um mês de saudade

Após 30 dias da tragédia, a investigação está avançada, o time em reconstrução e os sobreviventes em casa

Nelson Almeida/AFP

Chape 30 dias depois

Danilo Lavieri/UOL Danilo Lavieri/UOL

Time em reconstrução

A Chapecoense escolheu Wagner Mancini para comandar a reformulação do time. O treinador disse que sofreu com insônia e declarou que planeja ter 99% do elenco até 10 de janeiro. Começar um time do zero e estar em campo depois de duas semanas de preparação é um dos desafios apontados pelo técnico.
 
Mancini ressaltou que a reconstrução da Chapecoense tem um componente emocional muito forte por causa do momento doloroso em que assume a equipe. O técnico adiantou que estará atento para qualquer desequilíbrio emocional que possa acontecer. Ele pretende canalizar a tragédia para construir uma força mental positiva desde o começo do trabalho.
 
Nesta quarta, a Chape fechou com o meia Nadson, que estava no Paraná Clube. Antes, o clube havia anunciado as seguintes contratações: o goleiro Elias, que estava no Juventude, o  zagueiro Douglas Grolli, do Cruzeiro, o meia Dodô, emprestado pelo Atlético-MG, e o atacante Rossi, que defendeu o Goiás na Série B do Campeonato Brasileiro.
 
Reprodução/Globo Reprodução/Globo

Desafios esportivos

A Chape não busca reforços pontuais para um elenco entrosado, a diretoria trabalha para contratar um time inteiro. O calendário do clube é cheio e inclui a Taça Libertadores, competição mais cobiçada do continente. A primeira partida da equipe depois da tragédia será em 25 de janeiro.
 
O time joga em casa contra o Joinville pela Primeira Liga. A diretoria do adversário afirmou que haverá forte carga emocional na partida e que planeja uma homenagem. O jogo seguinte é pelo Catarinense diante do Inter de Lages em 29 de janeiro.
 
A Chape também foi convidada para torneios internacionais. O time deve disputar a Copa Suruga (Japão), Troféu Juam Gamper (Espanha) e Troféu Teresa Hererra (Espanha). A equipe catarinense também terá um reencontro com o Atlético Nacional na disputa da Recopa.
 
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Reerguendo a cidade

O desastre aéreo que vitimou 71 pessoas (19 atletas) vai causar mudanças na arquitetura de Chapecó. A cidade ganhará uma espaço de agradecimento à solidariedade e o local terá o nome de Praça Medellín, afirmou o prefeito Luciano Buligon. Mas ele também está preocupado com o futuro do município porque outras cidades que enfrentaram grandes traumas apresentaram queda no desempenho nas escola e indústrias.
 
A prefeitura planeja atividades comunitárias como bandas, futebol e basquete nos finais de semana em áreas centrais de Chapecó. A ideia é contar com a presença de jogadores do time. Os sobreviventes da queda do avião devem ser convidados para serem protagonistas da reconstrução da cidade.
 
Outra área afetada são as rádios chapecoenses. Muitos profissionais da região estavam no avião e somente Rafael Henzel sobreviveu entre os membros da mídia presentes no voo. O município não tem grande oferta de jornalistas para a reposição. 
 
Divulgação/Chapecoense Divulgação/Chapecoense

Os sobreviventes

Apenas seis pessoas sobreviveram à queda do avião da Chapecoense, incluindo três atletas da equipe. Alan Ruschel e Neto planejam voltar aos gramados e ajudar a reerguer o time. O goleiro Jackson Follmann não pode jogar futebol profissionalmente porque perdeu parte da perna direita. Ainda no hospital na Colômbia, ele disse que “tira isso de letra” e a vida vem em primeiro lugar.
 
Rafael Henzel é o único jornalista presente no voo que sobreviveu ao acidente. Ele avisou que retorna ao trabalho em 9 de janeiro e que tem uma obrigação na vida, narrar o primeiro jogo da Chape após o acidente. “Não sei como eu vou subir naquelas cadeiras lá, se eu estiver com alguma dificuldade para caminhar, por causa das lesões. Mas não quero saber, dia 25, Joinville x Chapecoense, eu vou estar lá.”
 
Além dos brasileiros, dois tripulantes bolivianos sobreviveram: Ximena Suárez e Edwin Tumiri.
 
Luis Benavides/AP Luis Benavides/AP

Investigação

Principal suspeita desde o primeiro momento, a falta de combustível foi a causa da queda do avião da Chapecoense que matou os 71 pessoas, apontaram os investigadores colombianos. A autonomia do avião não era adequada para voar até Medellín. A investigação responsabilizou a AASANA, o órgão de aeronáutica da Bolívia, por ter aprovado o plano de voo da Lamia.
 
A aeronave tinha sobrecarga e transportava 1 tonelada a mais do que o informado. A tripulação tinha consciência da falta de combustível e a gravação na cabine mostra que o piloto, Miguel Quiroga, chegou a discutir uma parada para abastecimento em Bogotá. Mesmo com dinheiro, optou por prosseguir viagem.
 
Ele não avisou a torre de comando sobre a situação do voo nem quando os motores pararam de funcionar por falta de combustível. O piloto estava com dois motores parados quando acionou a controladora de voo e iniciou a descida sem receber a autorização. Ele manteve o ar tranquilo até o último motor parar, quando finalmente anunciou a torre “falha elétrica total".

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