Esqueceram de mim

Como o Liverpool se despediu de Coutinho e agora está na final da Liga dos Campeões

Gustavo Setti Colaboração para o UOL
Paul ELLIS/AFP

Foi para Barcelona

(e não irá para a final)

Depois de uma enorme novela, Philippe Coutinho finalmente foi anunciado como jogador do Barcelona em janeiro deste ano, e a torcida do Liverpool não gostou nem um pouco da saída dele. Camisas queimadas, carro apedrejado, ódio, mas agora, quase cinco meses depois, o ex-camisa 10 virou passado de vez.

Como alguém que foi deixado de lado, Coutinho vê sua ex-equipe classificada à final da Liga dos Campeões com um trio de ataque avassalador formado por Salah, Firmino e Mané. A façanha do Liverpool mostra o que o torcedor mais queria: esquecer de vez o brasileiro.

Coutinho ainda não pôde atuar pelo Barça na atual edição da Champions justamente porque já havia vestido a camisa dos ingleses no torneio. Agora só falta o título para que a vingança da torcida esteja completa.

Coutinho é obviamente um grande jogador. Mas talvez o Liverpool tenha conseguido ficar mais forte defensivamente no meio de campo sem ele"

Julio Gomes

Julio Gomes

A existência do Coutinho, por melhor que ele fosse, era um incômodo para o jeito de jogar do Liverpool. Sem o brasileiro, o Liverpool pôde jogar como seu mestre queria e deu muito certo"

Rafael Reis

Rafael Reis

Red

Com um ataque que é um pesadelo para as defesas adversárias, o Liverpool mostrou mais uma vez o perigo que é batalhar contra seu setor ofensivo. É verdade que o time inglês sofreu a primeira derrota na competição contra os italianos, mas de novo o tridente formado por Salah, Firmino e Mané voltou a chamar atenção. 

O trio chegou a 29 gols e superou a marca do então maior tridente da história da Champions: os 28 gols de Cristiano Ronaldo, Bale e Benzema do Real Madrid de 2013-14. Para se ter ideia do poderio ofensivo dos ingleses, o Liverpool tem 40 gols na Champions.

Mané foi o único dos três que balançou a rede no segundo jogo contra a Roma. O senegalês recebeu passe de Firmino aos nove minutos do primeiro tempo, entrou na área e bateu de esquerda para inaugurar o marcador. Silêncio na cidade eterna.

Um trio low profile e que faz uma temporada inacreditável. O melhor de tudo? Não jogam na Espanha, então os jornais não inventarão sopa de letrinhas para falar do trio"

Julio Gomes

Julio Gomes

Salah é o homem gol, Firmino é o 9 que joga como 10, o rei das assistências, e Mané faz um pouco de tudo. Essa combinação perfeita é a principal responsável pelo sucesso do Liverpool"

Rafael Reis

Rafael Reis

Onze homens e um segredo

O Liverpool é um verdadeiro remake do futebol nesta temporada. A equipe fez muito sucesso no século 20 com quatro títulos de Liga dos Campeões, foi a maior vencedora do Campeonato Inglês antes da era Premier League e até conquistou a Champions de 2005 e vice dois anos depois, mas depois praticamente saiu de cena.

Agora, o time de Juergen Klopp deixa o papel de coadjuvante para trás e retorna a ser protagonista na Europa com a classificação à final desta temporada. Quem não viu a equipe brilhar antigamente agora está tendo a chance de aproveitar a nova versão do tradicional clube inglês.

O curioso é que a reaparição na final do maior torneio de clubes do futebol europeu chega com uma equipe que não tem nenhum jogador titular que já tenha disputado uma decisão de Champions. A história atual do Liverpool é de um veterano interpretado por um elenco novo e promissor.

Nenhum clube inglês tem história tão rica em competições europeias quanto o Liverpool. Uma história que ficou congelada por uma década, mas é legal lembrar que o Liverpool foi protagonista de duas das grandes decisões da Champions na década passada. Em 2005, o 3 a 0 histórico contra o Milan e dois anos depois a revanche dos italianos"

Rafael Reis

Rafael Reis

Campo dos Sonhos

Por trás de um bom filme está sempre um bom diretor, e no caso do Liverpool, ele atende pelo nome de Juergen Klopp. O alemão assumiu a equipe em 2015 e, em três anos, conseguiu a façanha de levar o time inglês à final da Liga dos Campeões. Mas tudo isso teve um começo lento.

O treinador alemão recebeu em suas mãos um elenco pouco estrelado e mais barato do que o dos outros times ingleses. Com orçamento inferior ao dos rivais, o técnico foi ajustando o time aos poucos, cultivou seu método de trabalho e agora é recompensando com uma vaga na final da Liga dos Campeões.

Chegar à decisão do torneio com times “azarões” não é novidade para ele. Afinal, Klopp fez praticamente a mesma coisa em 2013. Há cinco anos, o alemão surpreendeu e levou o Borussia Dortmund à final da Champions, mas acabou perdendo o título para o Bayern de Munique.

O cara é muito maluco, muito intenso e sabe muito de futebol. Se eu fosse escolher um técnico para meu time, seria ele"

Julio Gomes

Julio Gomes

Levar dois times diferentes à final da Champions é algo que nem Guardiola, com um orçamento praticamente infinito, conseguiu até hoje"

Rafael Reis

Rafael Reis

Whiplash

Roberto Firmino foi o “maestro” do Liverpool no segundo jogo da semifinal contra a Roma. O brasileiro não marcou, mas foi muito bem dentro de campo, teve papel importante nos dois gols e ainda ajudou na defesa.

No primeiro tempo, ele deu passe em profundidade para Mané e assistiu ao senegalês abrir o placar no Estádio Olímpico. Depois, na etapa final, o camisa 9 escorou de cabeça no começo da jogada do segundo gol e viu Wijnaldum fazer mais um gol dos ingleses.

Depois, quando a Roma se lançou mais ao ataque, Firmino conseguiu ajudar na marcação, prendeu a bola no ataque e até mesmo fez o goleiro Alisson trabalhar após chute cruzado. Ele não foi protagonista durante os 90 minutos, mas comandou o Liverpool quando necessário e saiu de campo com uma atuação fundamental para o clube.

Star Wars: O Despertar da Força

Nainggolan foi vilão para os dois lados na partida entre Roma e Liverpool no estádio Olímpico. O camisa 4 teve papel de Kylo Ren dentro de campo, o personagem que percorre tanto o bem quanto o mal em Star Wars.

No primeiro tempo, o volante falhou feio e deu passe de presente para Firmino no começo da jogada que resultou no 1 a 0 para o Liverpool. Porém, o belga se redimiu no segundo tempo da melhor forma possível: com gols.

Aos 41, Nainggolan acertou belíssimo chute de fora da área e fez o terceiro dos donos da casa. Já nos acréscimos, coube a ele a responsabilidade de cobrar pênalti marcado após mão na bola de Klavan. O camisa 4 bateu forte e fez o quarto da Roma.

Logo no reinício da partida, a arbitragem encerrou o jogo e deu adeus ao sonho dos italianos, mas de certa forma Nainggolan tirou o peso de cima das costas após a falha na primeira etapa. Desculpas mais que aceitas pelo torcedor.

Todo mundo em Pânico

Com em uma verdadeira cena de comédia pastelão, o Liverpool se viu em meio a uma falha que até agora os envolvidos devem estar tentando entender o que aconteceu. Depois de abrir o placar contra a Roma, os ingleses permitiram o empate em lance bizarro.

Aos 15 minutos do primeiro tempo, El Shaarawy escorou de cabeça para dentro da área, e Lovren encheu o pé para afastar o perigo, mas acertou em cheio a cabeça de Milner, e a bola foi para o gol de Karius. Foi uma sequência para lá de inusitada que demorou segundos e terminou com a bola na rede.

Pior para Milner, que, além do gol contra sem querer, deve ter ficado meio atordoado depois da pancada na cabeça. Só não faltou bom humor. “Alguém tem alguma dica para tirar o logotipo da Champions League da minha cara?”, publicou o jogador no Twitter.

Creed

Quem já assistiu a filmes de boxe conhece bem esse roteiro: um dos pugilistas apanha e sai do ringue derrotado, mas mostra tamanha garra durante a luta que sai como o vencedor moral do duelo. Foi assim a vida da Roma no segundo jogo contra o Liverpool.

Antes de a bola rolar, a missão já não era das mais fáceis. Afinal, a equipe precisava vencer por três gols de diferença depois de levar 5 a 2 na ida. Para piorar, Mané abriu o placar no Estádio Olímpico e deixou a situação ainda mais complicada.

Durante os 90 minutos, a Roma só chegou a ficar realmente perto da classificação no fim do jogo. A dona da casa marcou duas vezes nos minutos finais e deixou o placar em 4 a 2, só que aí já era tarde demais. Faltou tempo para a reação e o quinto gol, mas a garra no fim rendeu aplausos e gritos de “somos Roma” vindos das arquibancadas.

Mr. Magoo

Ficou claro após o término de Roma x Liverpool que o VAR fez falta no Estádio Olímpico. O árbitro esloveno Damir Skomina colecionou polêmicas durante os 90 minutos, como pênaltis não marcados, gol em posição duvidosa, entre outros episódios.

No segundo tempo, o mesmo Dzeko tentou driblar Karius e foi derrubado. Assim que o apito de Damir Skomina soou o apito, a torcida italiana começou a comemorar o pênalti sofrido, mas o barulho significava outra infração: impedimento, mas a posição dele era legal.

Mais tarde, Skomina mostrou que não estava mesmo em seus melhores dias e não marcou pênalti depois que El Shaarawy chutou, e Alexander-Arnold tirou a bola com a mão. A sequência de erros irritou os dois lados, principalmente a Roma.

“Em primeiro lugar, cumprimento o Liverpool por chegar à final. Em segundo, está claro para todos que o árbitro de vídeo é absolutamente indispensável na Liga dos Campeões. É absolutamente inaceitável o que vimos”, disse o presidente da Roma, James Pallotta.

Os árbitros deixam o jogo correr mais na Europa, ajudam o jogo. Mas, em lances capitais, erram tanto quanto aqui. As fases finais de Champions têm sido verdadeiros show de horror, é surreal que a Uefa siga resistindo ao VAR"

Julio Gomes

Julio Gomes

Pênalti não marcado para o Liverpool, pênalti escandaloso e que precisava de expulsão não marcado para a Roma e gol do Dzeko impedido. O que não falta nessa reta final de Champions são juízes cegos e erros bizarros de arbitragem"

Rafael Reis

Rafael Reis

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