Absoluto

Hamilton conquista seu quinto título da Fórmula 1 e fica a dois de igualar recorde de Schumacher

Julianne Cerasoli Do UOL, na Cidade do México (MEX)
Will Taylor-Medhurst/Getty Images

Ele tem apenas 33 anos, disposição e a mesma quantidade de títulos do histórico argentino Juan Manuel Fangio. Pela quinta vez, Lewis Hamilton é campeão mundial de Fórmula 1. O britânico, que precisava de apenas um sétimo lugar para garantir a ponta da tabela com duas etapas de antecipação sem depender da posição de Sebastian Vettel, da Ferrari, foi o quarto colocado no Grande Prêmio do México, realizado no domingo e vencido pelo holandês Max Verstappen, da Red Bull. Chegou aos 346 pontos, contra 276 do alemão. Neste ritmo, não será difícil para Hamilton alcançar os sete títulos conquistados pelo alemão Michael Schumacher.

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Hamilton tem tudo para se tornar o maior de todos

O título da temporada de 2018 reforça o caminho de Hamilton para se tornar o piloto mais vitorioso da história do esporte.

São os dois recordes mais absolutos da F1: os sete títulos e as 91 vitórias de Michael Schumacher. O britânico tem chances reais de pelo menos igualar ambos. Afinal, ele chega ao quinto título mundial com os mesmos 33 anos de idade que o alemão tinha ao atingir a marca. E Hamilton corre por uma equipe que parece orquestrada à perfeição. Mesmo que nos últimos dois anos a Ferrari tenha crescido a ponto de superar a Mercedes em boa parte desta temporada, a organização alemã baseada na Inglaterra se mostrou muito mais forte, tomando decisões corretas e reassumindo o controle com a melhora do carro na parte final do ano.

Isso leva a crer que a mudança de regulamento do ano que vem não vai tirar de Hamilton a chance de continuar chegando cada vez mais perto dos números impressionantes de Schumacher. Até porque o atual campeão é parte fundamental dessa engrenagem perfeita que a Mercedes se tornou nos últimos anos, com performances consistentemente fortes e poucos erros.

A matemática está a seu favor: Hamilton tem pelo menos mais dois anos de contrato, ou seja, mantém chance real de também conquistar os títulos das próximas temporadas. Para completar, ele tem 72 vitórias, pelo menos mais de 40 provas pela frente e, desde que a Mercedes começou a dominar a F1, em 2014, tem vencido cerca de 50% das corridas que disputa.

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Villeneuve: Lewis é maior que Michael "por milhas"

"Eu colocaria Lewis acima de Michael [Schumacher], por milhas", disse o canadense Jacques Villeneuve, campeão em 1997. Villeneuve questiona os feitos do antigo rival alemão, que não é visto em público desde 2013, quando sofreu um acidente de esqui.

"Existem muitas histórias negativas, muitas interrogações sobre como algumas corridas foram vencidas. E ser um grande campeão é mais do que vencer corridas. [Sobre Hamilton] há pouca negatividade. Você pode gostar ou não do modo como ele é na vida, mas não é nada de ruim ou negativo. Seus oponentes o respeitam. Não se questiona "se trapaceia ou não?" Essa é uma grande diferença."

Hamilton se consolida no panteão dos maiores campeões

  • 7 títulos

    Michael Schumacher (Alemanha)

    Imagem: AFP PHOTO RABIH MOGHRABI
  • 5 títulos

    Lewis Hamilton (Reino Unido) e Juan Manuel Fangio (Argentina)

    Imagem: Kim Hong-Ji /Reuters
  • 4 títulos

    Alain Prost (França) e Sebastian Vettel (Alemanha)

    Imagem: Reprodução/Roger Gould/Getty Images
  • 3 títulos

    Ayrton Senna e Nelson Piquet (Brasil); Niki Lauda (Áustria), Jack Brabham (Austrália) e Jackie Stewart (Reino Unido)

    Imagem: Pascal Rondeau/Getty Images
  • 2 títulos

    Fernando Alonso (Espanha), Mika Häkkinen (Finlândia), Emerson Fittipaldi (Brasil), Alberto Ascari (Itália), Graham Hill e Jim Clark (Reino Unido)

    Imagem: Clive Rose/Getty Images
  • 1 título

    Nico Rosberg (Alemanha), Kimi Räikkönen e Keke Rosberg (Finlândia); Nino Farina (Itália), Jochen Rindt (Áustria), Jody Scheckter (África do Sul), Jacques Villeneuve (Canadá), Alan Jones e Denny Hulme (Austrália); Mario Andretti e Phil Hill (EUA); Jenson Button, Damon Hill, Nigel Mansell, James Hunt, Mike Hawthorn e John Surtees (Reino Unido)

    Imagem: Reprodução/thejudge13
Reuters Reuters

Britânico supera Vettel e se torna o melhor de sua geração

Era um tira-teima esperado há anos: mesmo tendo apenas dois anos de diferença, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel nunca tinham lutado diretamente pelo título até duas temporadas. Mas, especialmente nesta temporada, eles nunca estiveram tão distantes. A cada erro de Vettel - e foram sete graves que lhe custaram muito ao longo do ano - a qualidade de Hamilton, há tanto tempo pilotando em altíssimo nível, ficava mais aflorada.

Tanto, que ele hoje conseguiu algo raro: é unanimidade até mesmo entre os rivais.

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Alonso: "Ele é um dos melhores e não vai parar por aí"

Bicampeão em 2005 e 06 e apontado como um dos mais talentosos da história, Fernando Alonso elogia o ex-companheiro de McLaren, com quem teve um relacionamento turbulento em 2007.

"Acho que ele é um dos melhores. Não tenho dúvidas de que quando você ganha um campeonato cinco vezes não é por acaso. O que eu respeito mais em relação ao Lewis é o fato de ele ter vencido em todos os anos e dominado o campeonato quando tinha de fazer isso. E, quando o carro não era bom o suficiente - e me lembro de 2009 - ele ainda assim venceu corridas. Acho que ele mostrou comprometimento e talento nos bons momentos e também nos ruins.

É difícil comparar pilotos de eras diferentes, e às vezes você tem lutas até o final, outras você só luta com seu companheiro - e Lewis perdeu uma vez para o Nico. Mas ele é um dos melhores e não vai parar por aí: ano que vem ele deve ter um bom carro novamente. Você precisa estar no lugar e na hora certos para vencer tantos campeonatos."

Ele é diferente de todos os outros. É legal ver que ele curte a música e a indústria da moda. Isso traz algo diferente para a F1. Ele tem tido o melhor carro nos últimos anos, mas obviamente tem feito um grande trabalho com isso, já que tem batido seus companheiros. Cinco títulos é muita coisa, isso é impressionante.

Romain Grosjean

Romain Grosjean

Lewis foi consistente, rápido e confiável por toda a temporada. Como sempre foi. Quando está sob pressão, isso não parece afetá-lo, enquanto Seb cometeu erros. Mesmo nas corridas em que não teve o melhor carro, ele seguiu marcando pontos e isso fez a diferença.

Esteban Ocon

Esteban Ocon

Ele é definitivamente muito rápido e isso é uma questão de detalhes. Ele tem muita experiência e ainda está faminto por sucesso. Claro que todos os pilotos têm seus pontos fracos, mas alguns têm menos. Ele trabalha duro - muito mais do que as pessoas muitas vezes imaginam.

Valtteri Bottas

Valtteri Bottas

Hamilton aproveitou erros de rivais para chegar ao penta

O próprio Lewis Hamilton supervalorizou a Ferrari ao longo da temporada, mas não dá para negar que o time italiano teve, sim, equipamento superior por parte do ano. Afinal, em circuitos que testam a aerodinâmica e a potência ao máximo, como Silverstone e Spa, a Mercedes foi completamente dominada.

No começo da temporada, o time de Hamilton sofria muito com o superaquecimento dos pneus mais macios, problema que foi resolvido ao longo do ano. E especialmente depois que a Ferrari introduziu a primeira atualização de seu motor, no Canadá, na sétima etapa, passou a perder também em termos de potência, algo que só foi recuperar três meses e nove etapas depois, em Singapura, com a postura mais dura da FIA em relação ao motor ferrarista.

E foi justamente neste período que Lewis Hamilton fez diferença. Ele aproveitou todas as oportunidades dadas pela Ferrari, parte pelos erros de Vettel, parte pela má execução da própria equipe, especialmente em termos de estratégia. Entre o GP do Canadá e da Itália, último em que a Ferrari teve vantagem, Hamilton marcou 146 pontos contra 129 de Vettel, e transformou um campeonato que tinha tudo para ser equilibrado até o final em lavada.

“Acho que todos os títulos são especiais e únicos por causa da jornada até chegar lá", disse ele. "Não é algo que você conquista em apenas um fim de semana. Desde a preparação de janeiro e como você chega para os testes, se está ou não em forma, a forma como você lida com os altos e baixos que tem no começo da temporada, como você lida com os erros. Tudo é importante. E, para mim, a sensação é de que este é o meu melhor ano. Houve momentos em que a Ferrari foi melhor, mas, de alguma forma, conseguimos ter resultados melhores. E isso foi muito recompensador para a equipe.”

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